sexta-feira, março 17, 2017

"Carne fraca" e colonialismo forte!

O "caso do dia" que trata da operação da PF contras as grandes corporações do setor de "agronegócio-carne", suscita, ainda de forma inicial, algumas questões a serem mais observadas e debatidas.

Preliminarmente, se deve deixar claro que, independente da necessidade de investigar e punir as irregularidades na relação entre poder econômico e político, o caso que agora vem à tona (com grande atuação daquilo que os procuradores federais chamam de cooperação internacional) levantam outras questões interessantes.

O mesmo parece apontar que aquilo que foi feito com as empreiteiras e a indústria naval brasileira, deve se repetir com o forte setor exportador de carnes do Brasil. Tudo aquilo em que o Brasil se fortaleceu é agora objeto de desejos e de capturas.

Este setor é há muito tempo desejado pelas grandes corporações internacionais. Mesmo que não se perceba, ou até que seja intencional, a visão colonizada parece orgulhar a turma do MPF brasileiro, ao escancarar interesses nacionais para as autoridades estrangeiras.

Para isso, desde a manhã, em transmissão ao vivo pela Globo News, eles chamam a atenção para a cooperação internacional.

A citação repetida aos ingleses, americanos e suíços, como se em suas hostes o movimento fosse diverso.Aliás, a Suíça, a despeito do seus discursos continua a ser um grande paraíso fiscal, mesmo que agora, tenha o colonizado Panamá como uma espécie de filial.

Às vezes penso que o MPF avalia que vai "consertar" não apenas o Brasil, mas o mundo, mesmo que ao final os interesses do colonizador tenha prevalecido, em troca de orgulhosos procuradores nacionais. Tem horas que eles parecem se bastar em elogios a si próprios.

Repito punir os responsáveis por ilegalidades e crimes é necessários. Já criar as condições e permitir a captura destes setores é crime ainda muito maior. É crime de lesa pátria.


A seguir esta toada, ao final, sobrará pouco ao Brasil, além da cesta de banana na cabeça da Carmem Miranda. A república das bananas vendidas nas xepas do golpismo.

A nós brasileiros restará o direito de nos auto-açoitarmos publicamente, imaginando que a corrupção é prática apenas das empresas das nossas colônias.

De resto ainda falaremos mal da política no geral, sem enfrentar os seus problemas, como se houvesse algo diferente disto, como mediação, para o desenvolvimento de uma civilização que possa ser denominada como tal.

Este breve texto é como se eu estivesse pensando alto. Estou assim chamando a atenção para as entrelinhas da realidade contemporânea que surge diante de nós.

Muitos poderão tratar com muito mais propriedade que eu, deste assunto, que agora está sendo chamado de "colonialidade".

Nenhum comentário: