segunda-feira, maio 07, 2018

A disputa pela maior exportação/produção de petróleo entre a Rússia-EUA-Arábia Saudita, o papel da China como maior importador e o Brasil como nação dependente no capitalismo mundial

O petróleo segue sendo disputado no mercado mundial. Hoje (agora), o preço do barril no mercado futuro ultrapassa os US$ 76, o maior desde 2014, quando a fase de baixa do ciclo de preços se iniciou.

Observar este movimento é um esforço em compreender a geopolítica, algo que este blog busca fazer com frequência. Nesta direção, hoje, trazemos informações sobre os maiores produtores e exportadores, estimando como o Brasil se relaciona com este setor no plano global.

Rússia, EUA e Arábia Saudita continuam sendo os maiores produtores e estão entre os maiores exportadores do mundo. Destas três nações, os EUA são os únicos que também são fortes importadores de óleo cru, além de um dos maiores exportadores de derivados, mesmo que também tenha voltado a exportar petróleo bruto, depois de uma mudança em sua lei federal.

Na última semana de abril, os EUA exportaram um recorde de 8,3 milhões de barris por dia (bpd) de petróleo e derivados de petróleo. Assim ficou atrás apenas da Arábia Saudita, que em janeiro exportou 9,3 milhões de bpd de petróleo de uma produção total de 9,91 milhões de bpd. A seguir vem a Rússia que está produzindo um volume próximo dos 11 milhões de bpd, mas exportando 7,4 milhões de bpd.

Os dados são do Citigroup (Citibank) que como todos os grandes bancos do mundo monitoram de perto o mercado de petróleo e derivados. O Citigroup avalia que no ano que vem, os EUA deverá se tornar o maior exportador do mundo, quando somados os volumes de petróleo bruto e derivados.

Também na última semana de abril, dados da AIE dos EUA reforçavam esta previsão ao identificar que as exportações de petróleo dos EUA tinham aumentado de 582 mil bpd, para 2,331 milhões de bpd.

Porém, o X da questão das exportações dependem diretamente da nação que é maior importadora do mundo que é a China. A China compra de todo mundo que exporta, em especial destes maiores produtores, Arábia Saudita, Rússia e ainda dos EUA. 

Assim, parece que a previsão do Citigroup terá que se acertar com o Trump e sua disposição para a guerra fiscal com a China, porque seria pouco provável que o Xi-Jiping mantenha alguma compra de petróleo dos EUA, se a pressão contra outros produtos, especialmente os de informática e telecomunicações continuar.

Em 2017, a Rússia foi o maior exportador de petróleo para a China e a Arábia Saudita, em segundo lugar. A mudança da China nestes primeiros meses de 2018, com um aumento de compras de petróleo dos EUA, parece uma estratégia bem pensada na disputa com Trump. 

Esta disputa parece envolver o comércio em outra área que interessa o Brasil, a importação de soja (óleo e farelo), em que a China, no meio da disputa co Trump, resolveu reduzir a compra de soja dos EUA, o maior exportador do mundo, em troca da compra de maior quantidade do Brasil.

Mas retornando ao setor petróleo, se vê que no meio deste imbróglio, não se pode esquecer das intenções chinesas em buscar uma alternativa para o comércio desta commodity fora do petrodólar.

Enquanto isso, o Brasil entrega para as players-petroleiras de todo o mundo as nossas reservas do pré-sal e sobre nosso mercado de derivados, um dos maiores do mundo e desta forma o país segue no jogo como dependente dos interesses comerciais e geopolíticos destas outras nações. 

O comércio de commodities no mercado global possui enormes riscos e pressões das nações mais fortes. O Brasil, embora buscasse condições e excedentes para avançar na industrialização, avançou neste circuito das commodities minerais e agrícolas, mesmo sabendo que na economia global, o produtor cada vez se apropria menos da parcela do valor agregado do setor, já que grande parte da renda fica com o intermediário, as tradings e os fundos financeiros.

Porém, o movimento político e econômico (pós-golpe), vinculado ao mercado dos bancos, fundos financeiros e grandes corporações foi, rapidamente, tomando a direção de se submeter novamente - e de forma ainda mais forte e subserviente - à condição de nação periférica e dependente. Desta forma, o país apenas assiste aquilo que decidem sobre sua forma de participação no jogo do capitalismo mundial.

A nação não tem consciência desta dependência e submissão. O bombardeio de informações impede interpretações e dificulta as resistências. A imposição do poder do Estado através de suas instituições político-jurídicas impõe à força a dominação, tanto sobre as bases materiais, quanto simbólicas, então existentes na nação.

O avanço recente que o mundo começou a ter sobre a realidade contemporânea do Brasil, não tardará para que se chegue consiga chegar à compreensão que o Brasil, em tão curto período de tempo, se tornou o maior "case" mundial, sobre a apropriação das instituições e dos fundos públicos, por uma minoria protegida através de uma articulação político-jurídica de um Estado penal.

Na prática tem-se aqui, uma retomada radical do neoliberalismo, com a captura dos excedentes do trabalho e da inclusão social de mais de uma década em favor dos ricos. De forna simples e direta este processo pode ser explicado por um conceito que ficou conhecido em todo o mundo como: plutocracia.

Assim, o Brasil vem se tornando um caso (fenômeno) empírico e concreto, do esgarçamento dos ganhos de um sistema plutocrata, com um Estado completamente capturado, para dominar e controlar a maioria que almejava a cidadania e tinha esperanças com o início de um estado de bem-estar.

Nenhum comentário: