terça-feira, janeiro 23, 2007

A verdade

Como Nasrudin criou a verdade - As leis não fazem com que as pessoas fiquem melhores – disse Nasrudin ao rei. – Elas precisam, antes, praticar certas coisas de maneira a entrar em sintonia com a verdade interior, que se assemelha apenas levemente à verdade aparente. O rei, no entanto, decidiu que ele poderia, sim, fazer com que as pessoas observassem a verdade, que poderia fazê-las observar a autenticidade – e assim o faria. O acesso a sua cidade dava-se através de uma ponte. Sobre ela o rei ordenou que fosse construída uma forca. Quando os portões foram abertos, na alvorada do dia seguinte, o chefe da guarda estava a postos na frente de um pelotão para testar todos os que por ali passassem. Um edital fora imediatamente publicado: “Todos serão interrogados. Aquele que falar a verdade terá seu ingresso na cidade permitido. Caso minta, será enforcado.” Nasrudin, na ponte entre alguns populares, deu um passo à frente e começou a cruzar a ponte. - Onde o senhor pensa que vai? – perguntou o chefe da guarda. - Estou a caminho da forca – respondeu Nasrudin, calmamente. - Não acredito no que está dizendo! - Muito bem, se eu estiver mentindo, pode me enforcar. - Mas se o enforcarmos por mentir, faremos com que aquilo que disse seja verdade! - Isso mesmo – respondeu Nassrudin, sentindo-se vitorioso. – Agora vocês já sabem o que é a verdade: é apenas a sua verdade. Conto turco de Khawajah Nasr Al-Din do século XIV, traduzido por Alves Moreira em, “Os Grandes Contos Populares do Mundo” organização de Flávio Moreira da Costa, Ediouro, 2005. PS.: Em homenagem ao amigo Dr. Luiz Ribeiro Gomes Júnior.

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