domingo, junho 22, 2014

Robôs nas indústrias do Brasil

O Valor Online trouxe na semana que passou, uma matéria de página inteira sobre o avanço da automação e do uso de robôs na indústria brasileira, a começar pelas montadoras de automóveis.

O avanço é tão grande no Brasil que o aumento de produtividade permitiu que as montadoras reduzissem de 80 trabalhadores para cada mil veículos produzidos há vinte anos, para apenas 35 na atualidade.

O uso dos robôs nas montadoras que antes se davam apenas na área de pintura e solda já avançou para  fechamento de carrocerias e outras com uso de redes sem-fio (wi-fi) como na produção do March na fábrica recém inaugurada Nissan, em Resende que trouxe 88 robôs do Japão.

Foto Divulgação da Nissan de sua fábrica em Resende, RJ.
A indústria automobilística que é a pioneira no uso da robótica foi responsável pela aquisição de 70 mil robôs de um total de 179 mil comercializados ano passado no mundo. Depois vem a indústria eletrônica e a seguir, a de alimentos.

Resta saber se os ganhos de produtividade gerados por este processo serão, mesmo que em menor proporção, de alguma forma, dividido com a força de trabalho que restarão nas indústrias para a produção.

Um exemplo que nos chamou a atenção é da Nissan em Resende, onde a instalação da montadora exigiu investimentos de R$ 2,6 bilhões, numa planta com capacidade de produzir 200 mil carros por ano, com apenas 1,5 mil empregos.

Isto dá uma relação de R$ 1,3 milhão por emprego gerado. (Sobre o assunto veja postagem aqui do blog em 16 de abril de 2014). Agora sabemos que parte deste total de investimentos foram para importar 88 robôs do Japão.

Evidente que a qualidade do emprego se modifica. Exige-se maiores e melhores formações. O salário cresce por se tratar de mão de obra mais qualificada e com mais anos de estudo. Porém, o volume geral de recursos destinados à força de trabalho nunca é igual à despendida anteriormente, o que permite discutir as vantagens que tudo isto pode trazer para os trabalhadores e também para o país. Os carros serão mais baratos?

A não ser que invertamos o eixo das discussões pensando aumento da produtividade para também oferecer aos trabalhadores ganhos que possa ser, por exemplo, de redução das cargas horárias de trabalho per capita.

Esta possibilidade permitiria então a contratação de maior quantidade de trabalhadores, equilibrando assim a relação entre mão de obra empregada e demanda por novos produtos, sob pena de estrangulamento das demandas por desemprego.

Enfim, um debate antigo, apenas atualizado sob uma nova realidade de ampliação exponencial do processo de informatização não apenas das áreas de serviços e comunicação, mas, também da produção industrial.

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