quarta-feira, março 30, 2016

E o que o petróleo tem a ver com isto?

Eu tenho insistido que os interesses sobre as reservas do petróleo no Brasil tem um peso importante nos imbróglios políticos da atual conjuntura.

É verdade que os preços melhoraram, mas estacionaram na faixa dos US$ 40, o barril. Porém, tenho dito que estamos em fase de trocas de ciclos, sem que se possa querer entender que os preços possam num intervalo até 2020, voltar ao patamar de entre 2010 e 2014, único na história, em que oscilou sempre acima de US$ 100, o barril.

Só um grave conflito regional poderia devolver, em curto espaço de tempo, o patamar de preço anterior, através da interrupção da produção, numa ou mais nações com grandes reservas. Assim, se pode dizer que o limiar no novo ciclo do petróleo (em 2018) deverá trazer apenas, um certo equilíbrio.

Porém, enquanto isto, mesmo com significativas reduções nas atividades exploratórias, como em todo o mundo, as petrolíferas que aqui atuam seguem se movimentando, ao contrário do que se fala, quase diariamente, na mídia comercial.

Um exemplo desta movimentação é da petroleira estatal, norueguesa, Statoil. Ela informou que vai começar nos próximos meses, as aquisições de bens e serviços, para a segunda fase de produção do campo de Peregrino, que tem início previsto para 2020, localizado na Bacia de Campos.

Revisões dos custos do projeto teriam gerado uma redução de 35% para a fase II do projeto de Peregrino, onde está prevista uma terceira plataforma. A estimativa é a de agregar mais 250 milhões de barris em reservas recuperáveis, no campo que opera (com 60%) em consórcio com a petroleira chinesa Sinochem (com 40%).

A Statoil prevê que com esta redução de custos o preço de equilíbrio (break even) do projeto caia de US$ 70, o barril, para menos de US$ 45 por barril. Como se vê, a fase de baixa do preço do barril de petróleo gera aumento de produtividade, pela redução de custos e contratos impostas pela petroleiras contratantes.

Um outro exemplo de investimentos e de preparação de petroleiras no Brasil, para além do que faz a Shell, após comprar a britânica BG, é o caso da empresa Eneva (ex-MPX do Eike Batista) do setor de geração de energia elétrica.

Com o baque das empresas X, a MPX foi adquirida, mudou de nome para Eneva e passou a ser controlada por fundos de investimentos em consórcio que envolve a alemã E.ON.

Pois bem, nesta segunda-feira, a Eneva comunicou ao mercado, o fechamento de um acordo amplo que envolve sócios da Paranaíba Gás Natural (PGN), a OGX (atual OGPar, petroleira do Eike) e o fundo de investimentos  Cambuhy, que tem entre seus sócios a família Moreira Sales. Com o acordo a Eneva amplia sua leque de atuação, exclusivo de energia elétrica, para se transformar também, numa empresa de exploração de petróleo e gás, que teria ainda, um aumento de capital de R$ 1,15 bilhão.

Em pleno período de violento debate político e disputa pelo poder no país, além da fase de crise com os baixos preços do barril de petróleo em todo o mundo, acordos bilionários e decisões relativas à exploração e produção no setor seguem sendo realizados. Isto quer dizer algo.

Assim também deve ser observado como a crise política abre espeço, por exemplo para o interesse do "impoluto" deputado Eduardo Cunha, ainda presidente da Câmara Federal, em acelerar a tramitação do projeto que pretende acabar com o regime de partilha na exploração de petróleo no país, retornando ao regime de concessão, inadequado para as nações que possuem áreas e campos com altíssimo potencial de reservas de petróleo, como é o caso do nosso pré-sal.

Há diversos outros exemplos sobre esta movimentação que podem nos fazer compreender que há algo no ar (ou no mar), além dos aviões de carreira (ou dos navios militares).

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