quarta-feira, março 17, 2010

Se quiser pague para ver!

O auditório é pequeno mas estava superlotado. Gente sentada nas laterais, mas com ouvidos atentos. Não posso chamar de palestra, e sim, um agradável debate que o blogueiro participou, na noite desta terça-feira, com alunos e alguns professores, no Campus Guarus do IFF, durante três ininterruptas horas. Como sempre ocorre nos cursos noturnos, a maioria tratava-se de esforçados trabalhadores e trabalhadoras (mais ou menos meio-a-meio) que completam o dia nos estudos na expectativa de obtenção de dias melhores. O tema definido pela professora Cláudia Oliveira, coordenadora de Pesquisa e Extensão do campus foi: "Arranjos produtivos e royalties: impactos e perspectivas regionais". Impressionou-me, não apenas o grande interesse, mas a análise que muitos fazem da situação atual por que passam nossos municípios ameaçadas com a emenda Ibsen. Uma minoria ainda insiste em ver o caso, sob a ótica de um falso dilema entre lideranças políticas e não, sob o prisma do esgotamento de um modelo de gestão. Perguntas, intervenções, questionamentos, sugestões e críticas foram sempre muito bem colocadas, o que permitiu levantar algumas análises um pouco mais aprofundadas numa tentativa de fugir ao senso comum dos debates do cotidiano. Engana-se que pensar que a população não está atenta e crítica a tudo: o mau uso do dinheiro, o processo de cooptação feito pelas gestões, os riscos, seus reponsáveis, etc. Só há uma grande e perceptível angústia, o que fazer para mudar esta realidade, além de lutar em defesa dos royalties? É inegável que a Emenda mexeu com a população de uma forma que ainda não avaliamos. Bom que o caso da Emenda seja apenas um susto. Não tenho dúvidas que o dia seguinte jamais será como antes. Quem quiser pague para ver!

3 comentários:

Prof. Isaac Esqueff disse...

Professor Roberto Moraes e amigos do blog:

Também sou professor da EJA e concordo que há grande mobilização de opiniões entre os alunos da mesma e na comunidade acadêmica em geral.

A questão do "rateio" dos royalties é talvez, a maior de todas as discussões na história política e social de nosso Estado e cidade, mas conforme sabemos, a mesma possui profunda base sustentadora, principalmente pelas correntes ideológicas que insistem em perguntar:

"Para onde vai o dinheiro disponibilizado pelos Royalties?"

Vejo que tal questionamento, não se aplica a determinados "grupos políticos", mas sim, relaciona-se com a totalidade governamental responsável em gerir tal fundo, aplicando-o aos interesses da população ao qual o mesmo está destinado.

Tal questionamento por sí somente não se sustenta, visto que abre jurisprudência para outros questionamentos, como:

"Para onde foi o dinheiro do "IOF"? O mesmo destinou-se à saúde pública? Onde?"

Penso que particularmente com relação a nossa cidade, a mesma desenvolve-se lentamente, mesmo com a astronômica cifra dos Royalties, independente das periódicas administrações municipais que sucedem-se, suscitando que ao contrário, conforme pode ser evidenciado, outros municípios desenvolvem-se a "passos largos", justamente pelo comprometimento da ótima aplicação de recursos proveniente dos mesmos.

Tal fato, pesa e muito na balança dos interesses que forçosamente, impulsionadas pela nefasta "Emenda Ibsen", tentam "redistribuir" as cifras do petróleo a todos os municípios brasileiros, como se tal medida "samaritana" fosse capaz de aplacar o desenvolvimento dos municípios que nem sequer estão próximos ao "ouro negro" tão cobiçado.

Necessário torna-se a necessidade de insurgir-se contra a suposta divisão dos royalties, indubitavelmente, não mais de forma regional, mas no cerne da questão e das discussões referentes ao mesmo: Brasília.

Entretanto, também torna-se necessário que a população insurja-se também a favor da moralidade política, das benfeitorias necessárias ao desenvolvimento regional, do saneamento básico, da educação de qualidade, da diminuição da carga tributária, do investimento industrial em nossa região, da saúde pública de qualidade e de tantos outros ganhos que parece-me que por hora, somente o jargão "o petróleo é nosso!" é dito de forma orgulhosa, mas sem o questionamento político necessário com relação aos exemplos supracitados.

Ironicamente, o petróleo, este bem natural fadado a riquezas e discórdias, capaz de alavancar a economia de qualquer país ou localização regional que o detenha, é precursor incertezas, pois o mesmo não é renovável e apesar da grande disponibilidade e orgulho em tratá-lo como um produto de cunho "autosuficiente" na produção nacional, esbarra-se em preços finais impraticáveis, questionáveis e contraditórios com a autosuficiência nacional relacionada ao mesmo.

Com certeza, a classe política engajada em "rateá-lo" esconde os reais interesses envolvidos na "Emenda Ibsen", e conforme já citei anteriormente, não leva em consideração que caberá ao próprio Governo Federal pagar pelos prejuízos decorrentes de mais um "assombro político" de nossa História como nação.

Obrigado pela atenção.

Francisco disse...

Roberto ainda não se pode considerar a maioria da população aquela q frequenta os bancos escolares do IFF, mas é bom que mais pessoas tomem consciência da necessidade da mudança de postura política em nossa região e até no país, todavia a grande maioria ainda é massa de manobra desses gestores e enqunto isso acontecer será difícil a mudança.

Roberto Moraes disse...

Caro Francisco,

Concordo com sua observação, mas é crescente a compreensão dos problemas, mesmo em camadas mais baixas da pirâmide social, mas é inegável que cresce esta compreensão da necessidade de uma alternativa, mesmo em bairros mais afastados.

Sds.