domingo, janeiro 13, 2013

40% de propaganda e a redução do conteúdo informativo nos jornais impressos

Há algum tempo já parei de assinar impressos. A única exceção que faço é ao Valor pela sua densidade informativa em economia, política e cultura, minhas, preferências. Também não tenho assinaturas eletrônicas.  Uso portais informativos e blogs para informações online e leitura de opiniões e análises.

Não abandonei as assinaturas dos impressos apenas pela discordâncias com suas linhas editoriais. Se fosse assim, teria abandonado-as há muito mais tempo e não estaria ainda lendo o Valor, embora, este ligado ao capital, se mostre muitas vezes mais plural em suas colunas e artigos de opinião que todos os demais.

Muito raramente compro em banca algum exemplar. Estando no Rio, abro uma exceção, quando no sábado à tarde, já se tem acesso ao exemplar do domingo. Isto me traz boas recordações do passado e de uma época em que os jornais impressos eram, quase, que a única forma de nos atualizarmos.

Foi assim que ontem comprei O Globo de hoje. Impressionou-me a sua acelerada redução e desatualização com as informações. O jornal antes era muito mais informativo que atualmente. Cada vez é mais superficial, repetitivo e sem novidades.

Porém, chamou a minha atenção o rumo que estão dando ao conteúdo cada vez mais entremeado com propagandas, num caminho muito parecido à da maioria das revistas semanais.

O fato me fez lembrar que no final de década de 80, comecei a contar o percentual de páginas de propagandas e era quase meio a meio. Sentia-me agredido com aquela invasão exagerada.

Parece que os jornais impressos estão caminhando na mesma direção. Fiz questão de contar a quantidade de páginas (equivalentes) com propaganda tirando os suplementos e classificados, já quase que exclusivos propagandísticos e comerciais. De um total de 50 páginas, um total de 20 páginas (40%) eram de propaganda, a maioria de página inteira.

Imagino que estejam buscando receitas para além da venda dos exemplares como sempre fizeram. Evitam aumentar o preço do exemplar, evitando a já grande redução de vendas, o que implicaria no valor cobrado pelas páginas aos anunciantes.

Porém, parece, que estão trilhando um caminho ainda mais perigoso e arriscado de ver seu patrimônio, ainda mais dilapidado, por uma redução que seria acumulada à da perda da credibilidade questionada pela linha editorial e também pelas outras alternativas que dispomos para nos informar.

A redução da quantidade de informações e de análises variadas e plurais é impressionante. O mesmo acontece com a Folha de São Paulo e com o Estadão. Já não se pode comparar, por exemplo com o espanhol El País que é cada vez mais informativo, e não apenas sobre a Espanha, tanto na versão impressa como no seu portal online.

Sinceramente, que não sinto mais falta do impresso. Sei que o faturamento enquanto órgão de mídia, tanto faz no impresso, quanto na versão da internet, embora se saiba, que a a segunda remunera em padrões muitos menores, do que o impresso e de que um alimenta o prestígio (desprestígio) ou crédito (descrédito) do outro.

O receio em cobrar pelo acesso ao portal, ou pelo menos a parte do conteúdo é grande, embora, seja quase que a única alternativa que lhe restarão.

A verdade é que ao perderem a capacidade de informar seus antigos leitores também foram perdendo, paulatinamente, as suas capacidades, que gabavam de "formação de opinião", hoje, cada vez mais produzida pelas pessoas, após lerem as informações de diferentes fontes, abordagens, análises e opiniões.

Enfim, vamos ver em que tudo isto irá resultar.

Assim, divido e provoco o leitor-colaborador, a emitir suas opiniões.

Um comentário:

Anônimo disse...

Prof. eu também troquei o impresso pelo virtual. Somente em alguns dias de domingo que bate aquela nostalgia e acabo comprando o jornal globo casado com a revista época. Mas é impressionante a quantidade de propagandas! Mas compro mesmo pela nostalgia, pela sensação de retornar e cultivar algo do passado! Isso é gostoso!