domingo, setembro 06, 2015

Triunfo Logística é excluída da lista de fornecedores e prestadores de serviço da Petrobras por desistir, após licitação, de montar base no Porto do Açu

Em setembro do ano passado, a Triunfo Logística apresentou a melhor proposta em concorrência com a Technip para a instalação da terceira base de flexíveis da Petrobras, em atendimento das operações e movimentação de cargas para o pré-sal, que seria montada no Porto do Açu.

A Triunfo teria que preparar píer, pátio e maquinário de movimentação para a operação com as linhas. No dia 17 de janeiro de 2015, este blog publicou aqui nota comentando a informação divulgada pela revista Brasil Energia.

Pois bem, há 20 dias, a Petrobras decidiu incluir a Triunfo Logística, uma empresa com experiência de 29 anos no setor, em sua lista de 91 fornecedoras impedidas de contratar com a estatal. A suspensão é válida até 18 de fevereiro de 2016. A punição ocorreu devido à não assinatura de contrato para a construção desta nova base de operações no Porto do Açu, obra como dissemos conquistada em licitação.

Segundo o diretor-geral da companhia, Rogério Caffaro, em matéria do site PetroNotícias, a negociação não pôde ser concluída devido à dificuldade na obtenção de financiamentos em meio à crise que toma o mercado brasileiro. Embora compreenda a decisão pelo bloqueio, Caffaro aponta que o atual momento deve ser encarado como uma exceção pela estatal, que também sofre com os desdobramentos da recessão econômica e de problemas internos. O cenário é hostil para a captação de subsídios, que no caso da Triunfo chegariam a totalizar R$ 320 milhões. “Vamos recorrer porque uma coisa é o manual com procedimentos da empresa, outra coisa é o momento da indústria. Ninguém pode analisar as coisas de forma administrativa como se vivêssemos em um céu de brigadeiro” disse o diretor geral da Triunfo.

O diretor da Triunfo disse que o bloqueio não afeta os contratos da Triunfo em andamento com a Petrobras. Pelas pesquisas do blog, a Petrobras atualmente tem dois contratos em vigência com a Triunfo, num total de R$ 805 milhões para a prestação de serviços de infraestrutura e operação portuária, que se dá junto a um dos terminais do Porto do Rio de Janeiro e atende especialmente à Bacia de Santos e à exploração das reservas do Pré-sal.

Pelos dados que este blogueiro dispõe, na condição de pesquisador sobre o assunto a “relação porto-petróleo e a repercussão sobre as territorialidades no ERJ”, a Triunfo opera uma base no Caju, junto ao Porto do Rio, com 3 píeres, 9 metros de profundidade, 740 metros de cais e 50 mil m² de área para movimentação e armazenagem de cargas que são utilizadas nas operações offshore como âncoras, correntes, tubos, etc.

Além da Triunfo, a Brasco opera dois outros terminais na Baía de Guanabara, um em Niterói que atende, especialmente as outras petrolíferas que operam na exploração offshore no litoral do Sudeste e outro em fase final de estruturação, também no Caju, no Porto do Rio. 

Hoje, a Petrobras usa seu (TUP) de Imbetiba e aguarda a disponibilização da base que a americana Edison Chouest está montando junto ao terminal 2 do Porto do Açu que tem previsão de início de funcionamento até o final deste ano, depois da assinatura de contrato em licitação de bases portuárias para atender movimentação de cargas para a Bacia de Campos.

Sobre a base que a Triunfo teria no Porto do Açu, se sabe que a licitação era para a movimentação de flexíveis e seria a maior do país, pelo projeto. A concorrência da Petrobras estabelecia que a base deveria ter a capacidade para movimentar bobinas de até 500 t e 14 metros de altura e armazenar cerca de 300 bobinas de linhas flexíveis com diâmetro de até 22 polegadas. 

Base logística da GE na Baía de Guanabara, Niterói
Atualmente, a Petrobras já tem contrato com duas bases para a operação com flexíveis, localizadas em Vitória (ES) operadas pela Technip e outra em Niterói (RJ) operada pela GE (da foto ao lado). Em todo o ERJ o setor de exploração de óleo e gás utiliza sete bases operacionais, aí já computado a Edison Chouest que está sendo construída no Porto do Açu.

 O diretor geral da Triunfo Logística disse ainda sobre suas dificuldades em cumprir o que havia se proposto na licitação de setembro do ano passado à Petrobras:

“No segundo semestre, participamos de uma concorrência que a Petrobrás abriu para a construção de uma base de dutos flexíveis no Porto de Açu. Nós vencemos a licitação e mostramos um projeto inovador de engenharia, que trazia mudanças na movimentação de cargas. Investimos uma fortuna para que empresas de engenharia pudessem traduzir o projeto na prática, criando um novo sistema para movimentar as bobinas dos navios. O planejamento total era de R$ 400 milhões, e já tínhamos uma área reservada no porto.

O que aconteceu é que começamos a ter, no final de 2014, toda essa crise de petróleo no mundo. Com a situação do mercado agravada ainda pelo cenário da Petrobrás, entre outubro e dezembro nós já tínhamos as portas do mercado financeiro fechadas para nós. Isso piorou também quando o BNDES divulgou seus custos mais caros. Os bancos já previam não financiar qualquer tipo de projeto, então o que aconteceu foi que não conseguimos assinar esse contrato. Estávamos em um momento anormal, e a Petrobrás resolveu aplicar essa sanção, que nos suspende de futuras licitações por um prazo de seis meses.

"A Triunfo investiria no projeto R$ 400 milhões. R$ 80 milhões seriam diretamente da empresa e R$ 320 milhões seriam do mercado financeiro, caso fosse aprovado. E hoje não existe banco privado disposto a pegar esse dinheiro e aplicar. Primeiro porque o custo do BNDES cresceu e vai crescer mais ainda, e segundo porque o risco Petrobrás também aumentou.”


Resta saber agora, qual será a decisão da Petrobras sobre esta base operacional que seria no Açu. Se ela manterá a demanda chamando a Technip que havia participado, fazer nova licitação, ou desistir da demanda diante da redução das atividades de exploração, neste momento de crise.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, em outubro seria divulgado se a Triunfo renovaria seu contrato em uma das bases do porto RJ, um contrato de 4 anos, seguindo para seu ultimo ano. Entao com esse impedimento para novos contratos também pode impedir a renovacao deste que aconteceria agora em outubro ?