quinta-feira, setembro 15, 2016

Mais sobre o comparativo da produção de petróleo no pré-sal x pós-sal no Brasil explica a atual expropriação

No dia 7 de julho, o blog publicou aqui uma nota com o seguinte título: "Pré-sal caminha para ter 50% da produção nacional de óleo e gás: haja cobiça!" A nota em resumo mostrava que a evolução do volume de petróleo produzido nas reservas do pré-sal avançavam muito mais rápido do que a própria estatal previa no ano passado, onde a empresa fazia a estimativa abaixo. 



























Assim, o blog previa que em breve a produção no pré-sal seria maioria no país. Pois bem, passaram-se mais dois meses e no último domingo 11/09/2016, o jornal O Globo trouxe aqui em matéria dos jornalistas Bruno Rosa e Ramona Ordoñes a matéria com título e subtítulo: "Pré-sal está prestes a liderar a produção de petróleo no país - Volume deve superar o do pós-sal em 2017". 

A reportagem traz, dois meses depois, um infográfico similar (veja abaixo) apenas atualizado, e incluindo, a produção de petróleo já medida (do ano passado) e deste ano, apenas com estimativas para os meses que faltam para fechar o ano de 2016.

Entre a projeção do banco em 2015 e a realidade em 2016, já se pode perceber como a produção nas reservas do pré-sal surpreendeu todas as expectativas com análises de cenário. As diferenças são muito significativas e num período de tempo, relativamente pequeno, de um ano e meio, entre a previsão e a realidade.


Pois então,  observando a previsão feita pelo Departamento de Estudos Econômicos do banco Bradesco, com dados oficiais da Petrobras, no primeiro gráfico, publicada na nota do blog e a atual de 2016, no infográfico da matéria do jornal é possível observar que:

1) Primeiramente se deve registrar que estes números se referem à produção total nacional e não apenas da Petrobras, embora esta continue extremamente majoritária, na faixa dos 90% do total. Os volumes são da produção apenas de óleo, sem o gás.

2) Na previsão da empresa neste ano de 2016, o volume da produção estaria em 2,5 milhões de barris por dia (Mbpd), sendo que 1,7 Mbpd no pós-sal e apenas 0,8 Mbpd no pré-sal. Ao invés disto, a realidade em 2016, confirma a previsão de 2,5 Mbpd no geral, mas com grandes variações. O pós-sal com 1,5 Mbpd e o pré-sal com 1 Mbpd. 

3) Ou seja, o pós-sal produzindo aproximadamente menos 200 mil barris por dia, quase o mesmo valor que o pré-sal está produzindo a mais. Na verdade uma inversão. Assim, a troca entre a produção do pré-sal maior do que no pós-sal, antes prevista para 2019, deverá acontecer dois anos antes em 2017

4) Os fatos que explicam esta realidade é a extraordinária eficiência para a construção dos poços e a enorme redução de custos de produção que se imaginavam bem maiores. Isto aconteceu, de certa forma ajudado pela inversão da fase do ciclo petro-econômico, já bastante comentado aqui neste espaço.

5) Outro fator a ser destacado se deve também à grande capacidade da Petrobras, em lidar com uma nova realidade de exploração de reservas, no ambiente offshore, a altíssimas profundidades, mais distante do continente e em camadas abaixo do sal que exige intervenções diferenciadas tanto na perfuração dos poços, quanto na produção.

Assim, mais uma vez o blog que há dois meses já havia destacado esta situação mostra que ao contrário do que diz na própria matéria de O Globo, a diretora da exploração e produção da Petrobras, a expectativa da Petrobras foi superada em muito no pré-sal. Porém também há que se registrar que a produção no pós-sal estava ficando aquém daquilo que a própria empresa previa em estimativas anteriores.

Há explicações para isto entendendo as repercussões do ciclo petro-econômico. Mas fato é que os colossais resultados da Petrobras, nesta nova fronteira exploratória do pré-sal é que se tornou a joia da coroa e o grande motivo de cobiça para a sua expropriação, por parte destes que estão entregando a empresa e as nossas reservas. Nesta toada caminham para entregar o filé e deixar o osso.  

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