quarta-feira, junho 07, 2017

"A disputa entre Arábia Saudita e Qatar pode ser sobre gás, não terrorismo"

Mais uma questão da crise no Oriente Médio como parte da geopolítica da energia. Há acusações de forças de um lado e outro, mas poucos acreditam que as informações e contrainformações que cercam o caso do Qatar com Arábia Saudita tenha como justificativa o terrorismo.

Além de maior produtor de gás natural (GN) do mundo, possui um dos maiores fundos financeiros (soberanos) com influência em diversas corporações e bancos espalhados pelo mundo. Até por isso, este artigo do site "RT" (aqui) merece ser lido. Uma versão traduzida por Alex Prado foi publicada aqui pela Aepet que transcrevemos abaixo:

"A disputa entre Arábia Saudita e Qatar pode ser sobre gás, não terrorismo"

"A disputa da Arábia Saudita com o Qatar é datada de 1995 e decorre do sucesso do país na produção de gás natural liquefeito (GNL). O GNL deu maior independência ao Qatar frente a Riyadh e alinhou Doha com o Irã, arquinimigo da Arábia Saudita.

A revolução do GNL fez do Qatar uma das nações mais ricas do mundo com uma renda per capita anual de US$ 130.000. O país também se tornou o maior exportador de GNL.

O campo norte offshore do Qatar, que fornece todo o gás do país, é compartilhado com o Irã. O Qatar também hospeda o Comando Central dos EUA e comprou uma participação de US$ 2,7 bilhões na principal petrolífera russa, Rosneft.

Base portuária para exportação de LNG no Qatar
"O Qatar costumava ser uma espécie de estado vassalo da Arábia Saudita, mas usou a autonomia que a riqueza do seu gás criou para desempenhar um papel independente ", disse Jim Krane, pesquisador de energia do Instituto Baker da Rice University, Texas, segundo a agência Bloomberg.

"O resto da região tem procurado uma oportunidade para cortar as asas de Qatar", acrescentou Krane.

Na segunda-feira, a Arábia Saudita, o Egito, o Bahrein, os Emirados Árabes Unidos, o Iêmen e outros países reduziram os laços diplomáticos com o Qatar, acusando o país de apoiar o terrorismo.

A riqueza de GNL permitiu que o Qatar formasse uma política externa, independente dos sauditas.

Riyadh acusou Doha de apoiar a Irmandade Muçulmana no Egito, o Hamas na Faixa de Gaza e os grupos armados opostos entre Abu Dhabi e Riyadh nas guerras Líbia e Síria.

Além disso, a Arábia Saudita e outros países do Golfo viram um aumento na demanda de GNL para produzir eletricidade. Como o Qatar tem os menores custos de extração, os sauditas dependem de importações de GNL de custo mais alto.

"Você pode questionar porque o Qatar não esteve disposto a fornecer para seus países vizinhos, tornando-os pobres de gás, provavelmente havia uma expectativa de que o Qatar vendesse gás para eles com um bom desconto", Steven Wright, Ph.D. Professor associado da Universidade de Qatar disse à Bloomberg.

O ministro das Relações Exteriores do Qatar disse na terça-feira que Doha estava pronta para os esforços de mediação para aliviar a fissura entre os países do Golfo.

O governante do Kuwait, Sheikh Sabah Al-Sabah, anunciou que viajaria para a Arábia Saudita na terça-feira para mediar o fim da briga."

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