quinta-feira, novembro 29, 2018

Tráfico de influência de Guedes é também corrupção e ainda mais grave porque atua no capital financeiro. Isso interessa ao Moro?

No dia 6 de novembro eu fiz aqui no meu perfil do Facebook um texto-comentário, sobre os interesses do futuro ministro da fazenda (Paulo Guedes) sobre sua antiga relação com os fundos financeiros. 

No caso, em especial chama-se a atenção para o fundo de investimentos Bozzano que Guedes dirigiu até agora (e onde ainda possui participações) e seus movimentos, já como futuro gestor público. Refere-se aos os movimentos desse fundo financeiro Bozzano interessado em áreas que estavam sendo definidas para privatização, incluindo educação (Senai, segundo aqui matéria do Valor), saúde, energia, setor imobiliário, financeiro, etc. 
 
Pois bem, ontem, o jornalista Breno Costa, do TheIntercept.com pegou bem o espírito da investigação a que a nota anterior sugeria e mostrou de forma clara os negócios do fundo de investimentos Bozzano.

A matéria (aqui) é muito esclarecedora e mostra porque os fundos financeiros dão mobilidade ao capital. Além disso oferece opacidade (nenhuma transparência) que identifica a pouquíssima regulação sobre os mesmos a que venho me referindo. 

Tudo isso facilita a ligação dos donos dos dinheiros aos donos do poder político como no caso em si do Guedes, onde o investidor é o mesmo definidor das regras de regulação e do que será entregue pelo setor público ao privado (aos fundos) através das privatizações.
Ilustração do The Inetercept

Assim, é oportuno lembrar que tráfico de influência é também corrupção e ainda mais grave quando atua no capital financeiro que possui capilaridade sobre todas outras frações do capital.

Pela relevância da matéria e considerando ainda ainda o interesse sobre as investigações sobre as ações dos fundos financeiros na economia global e nacional, o blog vai republicar abaixo o texto da boa reportagem-investigativa. 

A matéria traz excelentes subsídios para outras pesquisas e matérias que serão cada vez mais necessárias para se compreender os movimentos dos fundos diante do Brasil imerso no "mercadismo" e na plutocracia, pós-golpe:


TANQUE CHEIO
Todos os conflitos de interesse de Paulo Guedes no superministério da Economia 
Por Breno Costa, 28 de Novembro de 2018.

ANTES DE SER o Posto Ipiranga de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, em vias de se tornar o mais poderoso ministro à frente da economia brasileira desde o fim da ditadura militar, construiu sua carreira no universo financeiro, também como um posto Ipiranga. A partir dos anos 80, pessoas físicas, empresas e, principalmente, fundos que cuidam do dinheiro de outras pessoas e empresas confiaram na propalada sabedoria de Guedes para aplicar seus recursos.

Nos últimos cinco anos, o faro de Guedes esteve à serviço da Bozano Investimentos, uma gestora de recursos sediada no coração do bairro mais nobre do Rio de Janeiro, o Leblon. Três dias depois da vitória de Bolsonaro, o economista ainda era o presidente da Bozano – depois, se afastou da empresa e disse que venderá suas ações até 1º de janeiro. E a maneira como aplicou o dinheiro gerido pela companhia indica que, para serem rentáveis, esses investimentos dependem de privatizações nas áreas de saúde, educação e energia, além de reformas liberais no setor financeiro, no varejo e na construção civil.

Há também, sob gestão da Bozano, fundos que se concentram em investimentos em títulos públicos, mas é o posicionamento das fichas de Guedes na roleta do mercado de ações que revela a força da convergência entre as intenções declaradas por ele para a economia brasileira e as apostas feitas em praticamente todas as empresas investidas pela Bozano. Antes de assumir o ministério, Guedes posicionou muito bem seus cavalos no setor privado.

Se conseguir levar à frente no governo aquilo que promete – e Bolsonaro já indicou que ele terá carta branca –, os cotistas dos fundos da Bozano, seus antigos sócios e as empresas nas quais a gestora apostou se darão muito bem.

O Intercept analisou as 23 empresas (entre as cerca de 350 que negociam ações na Bolsa brasileira) nas quais a Bozano apostava em julho deste com seu único fundo específico para investimento em ações, o Bozano Fundamental. Eram R$ 77 milhões em ações dessas 23 empresas em um momento em que Guedes ainda atuava como presidente da gestora de fundos, antes de se afastar para a campanha.

Não é possível saber a composição da carteira de investimentos do fundo nos últimos três meses, porque a Bozano pediu sigilo à CVM, a Comissão de Valores Mobiliários, entidade que regula esse mercado. De qualquer maneira, é possível verificar a quantidade de empresas nas quais o fundo aposta e o valor aplicado em cada papel. Em outubro, o fundo estava investindo em 27 companhias.

Bancos privados primeiro
No recorte de julho, ações do Bradesco e da B3 (antiga BM&F) eram os principais investimentos do fundo da Bozano. Guedes tem alinhamento natural com o setor bancário e com o mercado financeiro, privilegiados pela lógica ultraliberal defendida por ele. Enquanto o programa de governo de Fernando Haddad dizia querer taxar os bancos privados e fortalecer os bancos públicos para “superar a estrutura oligopolista que controla o sistema financeiro e bancário”, Guedes quer o contrário. Sua ideia é privilegiar o sistema privado, inclusive vendendo aos pedaços a Caixa e o Banco do Brasil.

Nesse contexto, a reforma da Previdência, considerada ideal por Guedes, é a primeira ponta de interesse dos bancos privados. Eles estão de olho no sistema de capitalização. Cada trabalhador contribuiria para a sua própria conta de aposentadoria, que poderia ser resgata mensalmente até o fim da vida a partir de determinada idade ou sacada na íntegra. Isso acabaria com o sistema atual de repartição, em que a sua contribuição serve também para pagar a aposentadoria de outros cidadãos.

Serão os bancos privados a gerenciar o dinheiro dessas futuras aposentadorias – sendo remunerados pelo serviço, claro. Hoje, apenas bancos públicos são beneficiados com esse dinheiro.

O Bradesco, no qual a Bozano investe, lucrou R$ 2,6 bilhões nos nove primeiros meses deste ano somente com o segmento “Vida e Previdência”. Isso foi 18% de todo o lucro do banco no mesmo período. O tamanho do mercado que se abre com o fim do monopólio do INSS na administração das aposentadorias da CLT é gigantesco.

Outro banco na lista de investimentos da Bozano é o Banco do Brasil. Nesse caso, são ações ordinárias – ou seja, que dão direito a voto e que permitem receber pelo menos 80% do valor pago ao controlador da empresa em caso de venda para outra companhia. Guedes já admitiu, após a eleição, que planeja uma fusão do BB com o Bank of America.

Energia
Paulo Guedes também está atento à área de energia, com a perspectiva de ampla privatização do setor, com a venda de ativos da Eletrobras. O terceiro maior investimento da Bozano é na Equatorial Energia, com atuação forte na região Norte e Nordeste. No fim de julho, a empresa arrematou em leilão a compra da Companhia Energética do Piauí. Em setembro, a Equatorial pegou também 49% da Integração Transmissora de Energia, da Eletrobras. A empresa – que tem entre seus acionistas a americana BlackRock, maior gestora de investimentos do mundo, e o Fundo Soberano de Cingapura – é uma das companhias mais bem posicionadas para aproveitar o saldão da Eletrobras. A Equatorial tem um histórico de sucesso na recuperação de empresas de energia que vinham dando prejuízo – caso dos ativos da Eletrobras.

Outro investimento da Bozano na área energética é a Transmissão Paulista, concessionária privada responsável pela transmissão de quase um terço de toda a energia do Brasil. A dona da maior parcela daqueles fios de alta tensão que você vê em estradas país afora ainda é a Eletrobras (por meio das controladas Furnas e Eletrosul, por exemplo). Mas com a privatização encaminhada, é possível que a Transmissão Paulista aumente a sua fatia de controle sobre a transmissão da energia elétrica consumida no Brasil.

Guedes Global
Há poucas indústrias no portfólio da Bozano. Das 23 empresas que apareciam no portfólio da Bozano em julho, apenas quatro produzem bens (Vale, Gerdau, Duratex e Alpargatas). Mas só as duas primeiras fabricam bens de capital – ou seja, produtos que são depois usados por outras indústrias, como aço.

A configuração é bem coerente com o discurso de Paulo Guedes de desprezo pela indústria nacional, vista por ele como atrasada e dependente de benesses tributárias do governo, a ponto de o setor ter perdido o ministério dedicado à área, criado no governo de Juscelino Kubitschek e extinto temporariamente apenas no mandato de Fernando Collor. Sob protesto da poderosa Confederação Nacional da Indústria, a CNI, os industriais terão, a partir de janeiro, que despachar diretamente com o futuro superministro da Economia, que é favorável à abertura do mercado brasileiro.

A Alpargatas, fabricante das Havaianas, dos tênis Mizuno e da grife Osklen, uma aposta da Bozano, tem muito a ganhar com uma maior abertura comercial e facilidade para exportar seus produtos para outros mercados.

A empresa não tem atuação apenas no Brasil. É uma marca globalizada, que se beneficia de importações e exportações liberalizadas. A companhia tem subsidiárias desde Hong Kong até os Estados Unidos, passando por França, Reino Unido e Alemanha, que comercializam nesses países sandálias importadas do Brasil. É uma empresa com forte perfil exportador e conta com o apoio do governo federal para isso. A Alpargatas tem incentivo fiscal da União pelo menos até 2021 e, em 2016, a companhia obteve um apoio de R$ 160 milhões do BNDES apenas para bancar a exportação de sandálias. No ano passado, 35% do faturamento da empresa estava associado às suas operações internacionais.

Como detalha o relatório da companhia referente a 2017, a empresa “possui importações em dólares de produtos acabados e matérias primas, referentes às unidades de negócio de Artigos Esportivos e Sandálias” e “compra parte de suas matérias-primas nacionais a um valor cujo preço sofre impacto indireto da variação da taxa cambial”. Ao mesmo tempo, “por outro lado, a companhia possui também exportações de sandálias que, em sua maioria, são vendidas em dólares”.

A confiança de Paulo Guedes no liberalismo econômico também transparece na aposta da Bozano em varejistas. Claro que o sucesso do varejo depende de poder de compra da população, mas essas empresas se beneficiam de menores tarifas de importação sobre bens de consumo – como o futuro ministro também pontuou que será uma prioridade da política econômica.

No listão da Bozano estão as lojas de departamento Renner, a rede de supermercados ‘atacarejo’ Atacadão, do grupo Carrefour, e as Lojas Americanas, que é dona da B2W Digital, responsável pelo e-commerce Submarino. No caso das Americanas, a Bozano aposta duplamente, tanto nas ações ordinárias como nas preferenciais (sem direito a voto). Importação mais barata é bom pra todo mundo nessa lista. No caso da Renner, por exemplo, 30% dos tecidos usados na confecção das roupas vendidas em suas lojas são importados. E a B2W tem uma empresa dedicada apenas à importação de eletroeletrônicos e outros itens oferecidos aos consumidores via e-commerce.

Varejo forte significa mais compras. Outras beneficiárias dessa onda são as grandes empresas de shoppings centers. Está na lista de investimentos da Bozano a Multiplan, dona de 18 shoppings no país – entre eles o BarraShopping, no Rio, o MorumbiShopping, em São Paulo, e o ParkShopping, em Brasília.

Minha Casa, Minha Grana
Há investimentos da Bozano também na área de construção civil. A aposta feita é nos papéis da Cyrela, incorporadora imobiliária que se consolidou no mercado com empreendimentos de alto padrão. Em outubro, no entanto, a construtora anunciou a criação de uma empresa filhote, a Vivaz Residencial, com foco no programa Minha Casa, Minha Vida. No mesmo mês, Bolsonaro disse que ampliaria o programa, que passaria a se chamar Casa Brasileira.

Quem também pega carona no programa e que recebeu investimentos da Bozano é a Duratex, que trabalha com louças (pias e vasos sanitários, por exemplo) e revestimentos para decoração.

Uma flexibilização nas exigências ambientais, como tanto prega Bolsonaro, também poderá vir a calhar para a Cyrela, Multiplan e Duratex. Com maior liberdade para construir, prédios, hotéis e shoppings poderão pleitear obras em áreas hoje restritas ambientalmente.

Saúde e educação para quem pode pagar
Mas os investimentos que mais chamam a atenção na Bozano dirigida por Paulo Guedes são aqueles nas áreas de saúde e educação privadas, onde Bolsonaro e seu futuro superministro defendem a adoção de uma política de vouchers. O governo daria uma espécie de vale que as famílias poderiam usar para matricular o filho em uma escola particular ou pagar por um atendimento em clínicas privadas.

Embora o Bozano Fundamental FIA tenha fichas posicionadas nas casas da Ser Educacional (que já recebe centenas de milhões de reais pelo Fies), da Hypera Pharma (antiga Hypermarcas, maior farmacêutica brasileira em receita líquida), do Hapvida (plano de saúde) e dos laboratórios Fleury, o grosso do dinheiro captado pela Bozano está investido como controladora de empresas na área da saúde, através de fundos de investimento em participações – também conhecidos como fundos de private equity, por serem investimentos em empresas de capital fechado (não negociadas na bolsa).

São dois grandes casos nessa linha: a Hospital Care S.A., holding dona de hospitais em Campinas e Ribeirão Preto, mas com metas de expansão mais ousadas, e a BR Health, uma rede de escolas de medicina criada em 2016 pela Bozano, apostando no aumento da demanda por profissionais da área. “Nossa aposta nesse mercado é porque os cursos de medicina vão continuar numa curva ascendente. A população está envelhecendo, há uma carência de médicos no país, além disso o valor das mensalidades é elevado, e a evasão é baixa”, avaliou Paulo Guedes em 2016.

Semanas após a vitória de Bolsonaro nas urnas, o governo de Cuba anunciou que repatriaria os médicos enviados ao Brasil para o programa Mais Médicos. O motivo: as declarações de Jair Bolsonaro como presidente eleito, que indicou que faria uma série de exigências para que os cubanos pudessem permanecer no país. Com o vácuo criado pela saída desses profissionais, a previsão de Guedes vai se concretizar. A demanda por médicos formados no Brasil vai se ampliar.

Investimentos secretos
A Bozano também investe em companhias iniciantes, ajudando na expansão delas para, com isso, obter retornos futuros, seja com dividendos ou venda de participação. Aqui o envolvimento não é via fundo de ações ou de participações, mas pela modalidade private equity. Esses investimentos não passam pelo controle da CVM, a xerife do mercado financeiro. Mas, usualmente, são informações públicas.

Eram assim na Bozano até a vitória de Bolsonaro. Depois de alguns dias, no entanto, o site foi alterado e todas as informações sobre os investimentos em private equity da empresa até ali comandada pelo futuro ministro da Economia desapareceram. Não foi acidental. O sigilo pedido na CVM é previsto na lei, mas limitado aos últimos três meses. No caso do site da Bozano, as informações podem ficar ocultas indefinidamente.

Mas a internet deixa vestígios. O Intercept recuperou as telas do site do dia 12 de agosto. Lá era possível ver a lista de empresas na área de private equity. Eram oito, sendo cinco na área de saúde e educação, como hospitais, cursos de medicina e a empresa Vita Participações, também da área da saúde. Entre as outras três empresas está a rede de estacionamentos Estapar, que se beneficia de novas clínicas e shoppings, por exemplo. Em todos esses casos, a Bozano Investimentos participa como pessoa jurídica diretamente, e não via fundo. Portanto, esses investimentos não aparecem nas bases de dados da CVM.

Guedes anunciou ao mercado, no dia 31 de outubro, sua saída do capital da Bozano. É o que a lei manda. Por óbvio, um ministro não pode ser gestor de uma empresa privada. Mas a legislação não impede que ele seja cotista de fundos, como pessoa física ou mesmo através de uma pessoa jurídica da qual seja sócio. Sobre isso, as informações são sigilosas. Não é possível saber se Paulo Guedes é cotista dos fundos como pessoa física ou através de uma pessoa jurídica. Também não dá para saber quanto tempo Guedes ficará no governo e se, depois de deixar o posto de ministro e cumprido o prazo de seis meses de quarentena, voltará para a posição que hoje está abandonando na Bozano.

Paulo Guedes, um mito
Se um dia Paulo Guedes teve toque de Midas, já há alguns anos não é bem assim. São 276 empresas que cuidam da gestão de fundos de investimento em ações (FIAs) no Brasil. A Bozano Investimentos, empresa da qual era sócio desde que uma gestora fundada por ele foi comprada pela concorrente, é apenas o 146º na lista dos patrimônios alocados em ações de empresas na Bolsa, segundo análise feita pelo Intercept em dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais.

A Bozano aposta na Bolsa de Valores brasileira um patrimônio de R$ 88,4 milhões (dados de outubro), uma quantia bem modesta considerando que a média de patrimônio gerido apenas em fundos de ações pelas 20 maiores do país é de R$ 9 bilhões.

Até o mês passado, a rentabilidade acumulada pelo Bozano Fundamental FIA no ano foi de 4,29% (antes de impostos). É pouco se comparado com a performance do índice de referência Bovespa no mesmo período (14,43%). O desempenho do fundo da Bozano foi quase semelhante ao do rendimento da caderneta de poupança, tratada como investimento ultraconservador. Em 2017, o fundo também fechou abaixo do índice de referência. No período, a cesta de ações da Bozano ainda tentou se popularizar, baixando de R$ 25 mil para R$ 5 mil o investimento mínimo exigido dos interessados em serem cotistas. Ao fim de outubro, 177 pessoas, empresas e outros fundos apostavam na bússola de Guedes e sua equipe.

Ainda assim, Paulo Guedes é considerado um grande nome do mercado financeiro e tratado por Bolsonaro como o mago que irá salvar a economia brasileira. Grande parte de sua reputação vem de sua formação como economista, lastreada pela pós-graduação em Chicago, berço da corrente de pensamento econômico conhecida como Escola de Chicago. Essa linha teórica, que tem o Nobel de economia Milton Friedman como grande líder, defende o liberalismo absoluto, com desregulamentação total da atividade econômica – o chamado Estado mínimo. Foi a base da política econômica adotada, por exemplo, no Chile de Augusto Pinochet e na Inglaterra de Margaret Thatcher.

Guedes tem desafetos entre economistas com experiência relevante na administração pública, elemento que ainda falta em seu currículo. Pérsio Arida, um dos idealizadores do Plano Real e ex-presidente do BNDES e do Banco Central, já chamou Guedes de “mitômano” e disse recentemente que o economista “não tem vocação acadêmica”. “Ele tem vocação empresarial e para polemista”, disse.

Antes mesmo de pegar as chaves do superministério da Economia que controlará a partir de janeiro, Guedes virou alvo de chacota nos corredores do Congresso ao ignorar, segundo relatos do presidente do Senado Eunício Oliveira, do MDB, o fato de que o Orçamento de um ano é sempre definido e aprovado no ano anterior. É como se alguém chamado para ser curador do Masp e enaltecido como grande entendedor do mundo das artes não soubesse o básico sobre conservação de obras de arte.

Geniais ou não, as apostas de investimento coordenadas por Guedes ganham relevância por serem uma manifestação objetiva da sua linha de pensamento sobre o que será a economia brasileira nos próximos meses e anos. Afinal, a meta do fundo Bozano Fundamental é obter “retorno em longo prazo”.

Como narrou a repórter Malu Gaspar em um longo perfil sobre Guedes na revista Piauí, o economista só está ao lado de Bolsonaro porque o presidente eleito gostou de um simplório artigo escrito por Guedes no jornal O Globo há um ano e dois meses. Antes disso, nunca tinham se visto ou conversado ao telefone. Uma amizade em tempos de internet.

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