sábado, novembro 03, 2018

EUA e Rússia disputam rally de maior produtor mundial de petróleo e mostram porque os americanos precisam ter controle sobre nações com grandes reservas

Há quase dois anos, a Rússia sempre esteve na frente com uma produção mundial de petróleo com um volume entre 10 e 11 milhões de barris por dia de extração quando ultrapassou a Arábia Saudita.

Desde ano 2016, os EUA com as novas reservas e produção de óleo de xisto (tight oil) foi aumentando sua produção. Assim, saiu do patamar que naquele ano estava um pouco acima de 8 milhões de barris por dia. Lembrando que os EUA são os maiores consumidores mundiais com um volume que se aproxima dos 20 milhões de barris por dia.

Pois bem, nessa semana o Departamento de Energia dos EUA informou em relatório mensal (sempre dois meses depois) que em agosto, a sua produção passou à frente da Rússia com o volume de 11,346 milhões de barris por dia.

Enquanto isso, no mesmo mês de agosto, o Ministério de Energia russo informou que a produção naquele país tinha sido de 11,21 milhões de barris por dia. Ou seja os EUA produziram na média diária do mês de agosto, um volume de 136 mil barris por dia à mais que a Rússia. [1]

Em relação a 2017, os EUA aumentou sua produção diária em cerca de 2,1 milhões de barris por dia. Esse é o maior aumento num século, desde 1920, para um período tão curto de um ano.

Contribuíram para essa expressiva ampliação da produção americana do óleo de xisto, em especial, nas regiões do Texas e Colorado e também o aumento na produção offshore na porção americana no Golfo do México.

Porém, dados ainda preliminares de setembro indicam que a Rússia também voltou a aumentar sua produção. A Rússia fez esse movimento em função das demandas do mercado internacional e também da busca de maior exportação para aproveitar o aumento do valor do barril em setembro, acima dos US$ 80.

A Rússia também busca compensar no mercado mundial, a redução petroleira da Venezuela e também ocupar os espaços que já existem por conta das ameaças de sanção dos EUA ao Irã. Assim, esses dados preliminares indicam que a Rússia ampliou sua produção para 11,37 milhões de barris por dia, ultrapassando novamente a produção dos EUA, que em agosto em 24 mil barris por dia.

Assim, em função da geopolítica e da forma com os EUA lidam com o resto do mundo com “tarifaços” e “sanções” contra países e regiões, é possível identificar um rally daqui para a frente que pode ainda colocar também na disputa a Arábia Saudita que em todo esse último período mantém sua produção média acima de 10 milhões de barris por dia.

Vale ainda observar que com toda essa capacidade produtiva, os EUA ainda tem um déficit e uma demanda de petróleo de cerca de 7 milhões de barris por dia para atender seu mercado interno.

Com os EUA aumentando assim bruscamente a sua produção está desta forma queimando mais rapidamente as suas reservas, que não estão sendo repostas, na mesma velocidade que a agilidade da produção nas áreas de xisto permite.

Por conta de tudo isso, não é difícil compreender porque estrategicamente, os EUA precisam com frequência anexar politicamente ao seu controle nações que possuem colossais reservas como a do Pré-sal brasileiro. Sempre o “capitalismo lubrificado pelo petróleo”.

É com esse viés de análise, no campo da geopolítica do petróleo, que esse blog vem - há pelo cinco anos - trazendo fatos e interpretações que ajudam a incorporar à observação sobre a conjuntura da situação político-econômica do Brasil, as questões que envolvem a superestrutura no interior da economia global.


Referência:
[1] Informações da Bloomberg em 31 out. 2018 sobre EUA superando a Rússia como maior produtor de petróleo.

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