segunda-feira, agosto 05, 2019

China testa Brasil ao suspender importações agrícolas dos EUA

A China vai testar a submissão do Brasil aos EUA ao suspender compra de soja aos americanos, que são os maiores produtores mundiais.

O grande volume demandado pela China só pode ser atendido pelo Brasil, o segundo maior produtor mundial. A China não tem como ser suprida em sua demanda sem o Brasil. 

A China importa cerca de 110 milhões de toneladas de soja, aproximadamente 65% de tudo que se importa no mundo. Os EUA produz cerca de 120 milhões de toneladas de soja, o Brasil 112 milhões, depois em terceiro ligar está a Argentina com apenas 54 milhões de toneladas. Por isso, a questão está colocada.

Com isso, Xi Jiping testará o Brasil, ao saber se atenderá o comércio ou às ordens de parceiro preferencial e ideológico em relação aos EUA. 

A decisão da China na manhã desta 2ª feira causou um grande rebuliço no mercado em todo o mundo, tanto nas bolsas de valores, quanto no câmbio. A conferir!


PS.: Atualizado às 13:30: Ao ser indagado sobre essa postagem no FB algumas perguntas surgiram sobre os investimentos chineses na África e outros locais da Ásia em negócios agrícolas incluindo a soja. Sobre o assunto eu respondi.

Eu não acompanho com tanto detalhes os investimentos chineses em empreendimentos agrícolas. Mesmo que eles estejam crescendo, eles exigirão tempo, para suprir o volume que vinha dos EUA. Na guerra comercial também tem se bela. Mas é certo que o Brasil querendo ou não está sendo colocado em check.

Ainda sobre a decisão eu comentei sobre a ampliação da capacidade de estoques chineses.
A China ao tomar essa decisão deve estar com expressivos estoques de soja junto aos seus portos. Aliás, há algum tempo, a China montou enorme logística de estoques para todas as commodities para os quais é dependente. É um volume tão grande que a China consegue alterar os preços de mercados em determinadas épocas, ao reduzir compras e usar os estoques (quando joga o preço para baixo), ou comprar em maior volume para repor os estoques (quando leva o preço para cima). Esse é o caso que ocorre sazonalmente com o minério de ferro e em proporção menor com o petróleo, onde utiliza petroleiros e vagões ferroviários antigos, além de cavernas submarinas para estocar óleo cru e assim, ampliar os seus estoques para além do que é conhecido como reserva estratégica no caso de energia.

Sobre toda essa realidade Pedro Souza também comentou no FB:
Nosso triste destino na DIT.

Destino I-Subserviência aos EUA, perda de capital nacional e desindustrialização com a abertura econômica.

Destino II- Aumentar ainda mais o processo de reprimarização da economia, virar um fazendão exportador de commodities com mais de 210 milhões de pessoas para atender o mercado asiático.

Ainda vamos sofrer muito por não dar ouvidos a Ruy Mauro Marine, Theotonio dos Santos e Vânia Bambirra.


PS.: Atualizado às 14:14:
Vale ainda observar algumas notícias recentes da Xinhua (agência estatal de notícias da China) sobre o assunto:
1) A China está produzindo e já começou a utilizar uma nova tecnologia de ração de baixa proteína na criação de porcos e frangos. Zhang Haitao, encarregado da tecnologia na Guangdong Evergreen Feed Industry, afirma, segundo a agência de notícias Xinhua, que a China tem suficiente capacidade produtiva de aminoácido, e que o uso da fórmula de ração de baixa proteína pode reduzir a demanda do país pela farinha de soja entre 5% e 7%.

2) Como resultado, é "operável e sustentável" baixar o consumo de soja da China utilizando rações de baixa proteína. Pesquisa de Yin Yulong, da Academia Chinesa de Ciências, mostra que a produção e a qualidade de porcos não foram afetadas pela redução da porção da proteína em rações animais, com o acréscimo de quatro aminoácidos específicos em diferentes fases de crescimento do plantel.

3) A China também pode aumentar sua capacidade para a autossuficiência, com o cultivo de plantas oleaginosas. No início deste ano, o Ministério de Agricultura e Assuntos Rurais divulgou que a área de plantio de soja da China aumentaria em cerca de 666.667 hectares em 2018.

4) Fu Tingdong, professor da Universidade Agrícola Huazhong, na província de Hubei, no Centro da China, calcula que 4 milhões de hectares de terra arável inativa e zonas de entremarés na bacia do rio Yangtze podem ser usados para o cultivo de soja.


PS.: Atualizado às 15:52: Tabela sobre a evolução da produção mundial de soja 2017-2019.


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