quinta-feira, agosto 15, 2019

EPE estuda hipóteses de novas rotas de escoamento de gás natural do pré-sal que poderão ter pontas junto aos portos de Itaguaí, Açu ou Central (ES)

O diretor de Estudos de Petróleo, Gás e Combustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), José Mauro Coelho, apresentou ontem, durante 19º Seminário de Gás Natural do IBP, no Rio de Janeiro, estudos sobre alternativas de pontos de chegada de gasodutos para ampliar escoamento de gás natural das reservas do pré-sal.

A primeira malha e dutos de escoamento de gás natural da Bacia de Santos e Pré-sal foi toda construída pela Petrobras e através dos mesmos eles são processados duas unidades uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro. A esses ramais se deu os nomes de Rota 1, 2 e 3. Vide mapa abaixo.





























O Rota 1 foi implantado em 2011 interliga os campos de Libra e Mexilhão e se interligam à unidade de processamento de gás natural no município paulista de Caraguatatuba (UTGCA).

O Rota 2 (implantado em etapas 2014 e 2016) interliga o campo de Iracema e outros à unidade de processamento de gás natural de Cabiúnas (UTGCAB) no município de Macaé.

O Rota 3 prevê a interligação do campo de Franco na Bacia de Santos à outra unidade prevista para junto ao Comperj em Itaboraí que teria capacidade de processamento de cerca de 21 milhões de metros cúbicos de gás natural. 

Tese do autor. P.426/560 [4]
Vide ao lado um quadro com a malha de gasodutos existentes no Estado do Rio de Janeiro levantados por este autor em sua pesquisa de doutoramento concluída entre 2016/2017.

A EPE informou sobre o estudo de rotas de outros gasodutos para escoar o grande volume de gás natural do pré-sal. Essas novas rotas seriam 4, 5 e 6. Considerando a entrega das malhas de gasodutos de mais de 10 mil km decidido pelos governos Temer e Bolsonaro para fundos financeiros estrangeiros, imagina-se que esses novos gasodutos serão construídos por esses investidores.

Segundo informou a EPE há duas opções para a Rota 4. O projeto original já projetava o escoamento de gás da Bacia de Santos até à Praia Grande, no litoral paulista. Agora, a outra alternativa em estudo seria até junto ao Porto de Itaguaí, na Baía de Sepetiba no litoral sul do ERJ.

Já o ramal Rota 5 pode vir a ser interligada ao Porto do Açu (RJ) ou também ao Porto de Itaguaí. Enquanto isso, os estudos avaliam que o Rota 6 teria duas alternativas para escoamento que seria o Porto Central, no Espírito Santo, ou o Porto do Açu no litoral norte fluminense.

O diretor de Estudos de Petróleo, Gás e Combustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), José Mauro Coelho, segundo a revista Brasil Energia, informou que “esses estudos serão detalhados e apresentados na Rio Pipeline, no final de setembro”.

Outras alternativas de escoamento do gás natural das reservas do pré-sal no mar, seria através da instalação de unidades de liquefação offshore, projeto extremamente caro e que depende ainda das condições do mar, em pontos distantes do continente.

O caso do escoamento do gás natural do pré-sal é estratégico, porque ele acaba sendo um limitador também para a produção de óleo, na medida em que esses campos possuem os dois tipos de fluidos e a ANP define um percentual máximo de queima do gás não escoado. Hoje, um percentual expressivo de gás natural é re-injetado nos poços auxiliando a expulsão do óleo.

Resta saber agora o que as autoridades que estão desmontando toda a cadeia produtiva integrada da Petrobras imaginam que será feito por esses investidores externos. Assim, o Brasil passa a depender de planejamentos e interesses externos destas grandes corporações e fundos financeiros que atuam de forma global e podem retardar o quanto quiserem esses projetos em detrimentos de outras opções.

Além disso, as empresas de engenharia e construção para execução desses projetos deverão ser escolhidas fora do país, assim, como a escolha de equipamentos e tecnologias. Enfim, é um outro cenário. Tudo o que foi feito até aqui foi executado pela Petrobras e que agora está entregue a preço vil. A conferir!


Referências sobre o assunto:
[1] Mais detalhes sobre o aumento do papel estratégico do uso do LGN no mundo pode ser visto aqui na postagem do blog feita em 11 de jul de 2016, com o título: A ampliação do poder estratégico e geopolítico do Gás Natural (GNL) na matriz energética mundial. No texto que é um artigo há várias referências e outras postagens que falam do aumento do poder estratégico do gás natural na matriz energética mundial e na geopolítica.
Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2016/07/a-ampliacao-do-poder-estrategico-e.html

[2] Postagem do blog sobre a venda da malha de gasodutos do Nordeste em 3 dez. 2017, com o título
"Outro fundo financeiro (Blackstone) deve levar a rede de gasodutos da Petrobras no Nordeste, em mais um escárnio!" Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2017/12/outro-fundo-financeiro-blackstone-deve.html

[3] Postagem do blog em 15 de maio de 2016, com o título "Gasoduto que interliga Pré-sal da Bacia de Santos ao Terminal de Cabiúnas em Macaé é simbólico e inverte relação que havia com o óleo entre o RJ e SP". Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2016/05/gasoduto-que-interliga-
pre-sal-da-bacia.html

[4] Tese do autor defendida em mar. 2017, no PPFH-UERJ: “A relação transescalar e multidimensional “Petróleo-porto” como produtora de novas territorialidades”. Disponível na Rede de Pesquisa em Políticas Públicas (RPP)-UFRJ: http://www.rpp.ufrj.br/library/view/a-relacao-transescalar-e-multidimensional-petroleo-porto-como-produtora-de-novas-territorialidades

[5] Postagem do blog em 18 de dezembro de 2017, com o título "A importância dos gasodutos no escoamento da produção do Pré-sal. Ao mesmo tempo que vende os ramais prontos, a Petrobras banca sozinha, a construção do Rota-3". Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2017/12/a-importancia-dos-gasodutos-no.html

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