sexta-feira, agosto 09, 2019

Uma prova da hegemonia financeira

Os que acompanham o blog sabem das minhas pesquisas sobre os movimentos dos circuitos econômicos, das empresas e do capital entre as empresas e do setor financeiro com repercussões sobre a política, as regiões, as comunidades e as pessoas.

Nesse sentido tenho como base documental de boa parte das pesquisas empíricas que desenvolvo, as publicações na mídia comercial e corporativa que no Brasil tem o jornal Valor como carro-chefe.

Nessa linha, venho observando no último período destes quase 10 anos seguidos de pesquisas como esta mídia corporativa, que o seu caderno de Finanças desse jornal, antes bem pequeno, hoje já iguala e às vezes ultrapassa, em quantidade de páginas e reportagens, o caderno de Empresas deste mesmo Valor, que traz matérias sobre as corporações. 

Além disso, é comum o caderno de Empresas vir recheado vir também com notícias que misturam dados das empresas com suas movimentações financeiras, rentistas e de mercado de capitais. 

O fato é uma prova irrefutável sobre o avanço da hegemonia financeira sobre a produção material, onde o poder das finanças dirige e controla as empresas no capitalismo contemporâneo.

Também é observável o grande aumento das notícias sobre decisões judiciais relacionadas aos negócios e à importância financeira e de rentabilidade dos grandes escritórios de advocacia, não apenas em ganhos sobre decisões judiciais, mas na consultoria para lançamento e venda de ações, articulações políticas para definições de novos marcos legais, para divulgação de pareceres e para o estabelecimento de jurisprudências de interesses dos grandes grupos econômicos em especial, o setor financeiro e bancário.

Assim, o Valor parece dar maior valor a quem produz valor, mesmo que em termos fictícios, também chamado de capitalização financeira.

Por falar nisso, a Anbima informa que em julho de 2019, os fundos financeiros atingiram no Brasil um patrimônio líquido total de R$ 5,119 trilhões, acumulando, só neste ano, uma entrada líquida de R$ 161,7 bilhões contra R$ 50 bilhões do mesmo período do ano passado. O patrimônio líquido dos fundos financeiros de R$ 5,119 trilhões já equivale a quase 80% do PIB do Brasil.

Daí se percebe porque o caderno de Finanças foi se tornando mais importantes que as informações sobre as empresas.

Essa percepção pode ser melhor investigada em termos quantitativos e qualitativos por quem se interessar por esta linha de pesquisa.

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