domingo, junho 21, 2015

A sedentarização do poder em Campos: diante da crise política (e não econômica) só a confiança lançará luz no futuro!

O poder político no município se sedentarizou.

DO dicionário do Aurélio o que significa o adjetivo sedentário: "que está quase sempre sentado; que não exercita o corpo e o conserva inativo. Fixo, preso a um lugar".

O caso sobre a antecipação da receita dos royalties em Campos envolve um debate que é de natureza não apenas econômica e nem só política, mas, de Poder.

É perceptível no horizonte um esgarçamento dos atuais detentores do poder. Parece ser possível enxergar seu ocaso, mas, o novo também parece difícil de ser visto.

Aparentemente se identifica uma certa letargia, só rompida, para equivocadamente, se polarizar com o velho, acrescentando, ao invés de retirar parcelas de poder do velho estilo.

Norberto Elias, sociólogo alemão dizia que quem não sobe cai, assim, vale recordar que o poder nunca está paralisado e sim em movimento, gerando novos tentáculos ou se transferindo.

A sedentarização do poder na Planície não significará necessariamente a abertura para um novo ciclo, se este não tiver pressupostos e se os seus precursores e líderes não gerarem confiança na parcela maior da população, que é quem define esta escolha.

Isto está muito para além dos discursos preconceituosos daqueles que se agarram hoje aos poderes dos royalties, como se agarraram no passado ao discurso dos barões do açúcar e do melado.

O ocaso atual, de quem ainda detém o poder político, vem junto da escassez dos royalties, que antes de atingir às classes mais baixas, atingiu à burguesia dependente e viciada em royalties, como uma espécie de mesada, direta ou indireta.

O poder é assimétrico como lembra Fiori, que diz ainda que se todos tivessem o mesmo poder, não haveria disputa. O poder é também sempre relativo, portanto ele só existe em relação a outra alternativa, porque o poder também envolve hierarquias.

Aqui, a confiança me parece a questão fundamental. Ninguém oferece apoio a quem não lhe inspira confiança. E ninguém tem confiança para com aqueles distantes em ideias, articulações e tão diferentes interesses.

O “baque atual” é também de questionamento dos métodos, mas fundamentalmente, sem hipocrisias, fruto da redução das receitas. Assim, quem decidirá por um “novo gerente” para o poder da cidade busca novas relações de confiança. Admite mudanças, mas não quer ser abandonado como se fossem responsáveis pela crise gerada por usos e abusos.

Assim, é necessário superar o preconceito (que é de classe) para entender que o ocaso dos atuais donos do poder pode ganhar sobrevida para continuar, se a parcela que vai decidir pela maioria não enxergar no horizonte alternativa de poder que lhes ofereça confiança.

Insisto que o discurso da falsa polarização afasta esta comunidade do novo que lhe continua distante, porque sabe a quem e como servem os gerentes do poder.

Criadores e criaturas vivem a discutir quem governou com mais ou com menos recursos e processos de desvios. Há que superar esta falsa polarização.

A burguesia se juntou vilmente à burocracia dos royalties. Assim, o velho poder se distanciou do povo, mas este espaço continua aberto e nada parece estar sendo colocado em seu lugar. Não é por acaso que a gênese da crise política, tenha relação econômica oriunda receita reduzida dos royalties.

O velho poder (há quase um terço de século) vive seu ocaso, sedentariamente.

Porém, parece haver uma falta de interesse do que se propõe novo em querer representar a todos. Em se aproximar verdadeiramente do povo para conhecer, ouvir suas agruras, suas dificuldades e seus pensamentos.

Só a confiança do compartilhamento, do café na cozinha, da conversa no portão, na extensão e na multiplicação de círculos deixará evidente o ocaso do velho. Assim, a luz de penumbra, poderá ser substituída por uma espécie de lanterna que clareie o presente e faça enxergar com confiança o futuro, cheio de desafios e dificuldades, mas, com a vontade e a disposição de participar da reconstrução.

O tempo é curto e não há espaço vazio diante da movimentação do poder. O poder anda sedentário em Campos por falta de interesse em exercitar a participação política. De lado a lado.

A raiva, o ódio e a retaliação são inimigas da construção do novo. Eles servem à manutenção do poder. Sem alterar esta realidade em busca de confiança, nada se alterará.

Só a confiança, a expectativa de novos e melhores dias e a alegria pela participação na reconstrução iluminarão a trajetória e as estratégias.

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