quarta-feira, junho 17, 2015

Frota de veículos em Campos tem crescimento de 12 mil veículos por ano: e aí?

Na virada do século, esta razão de crescimento era na faixa de 5 mil veículos por ano, já causava espanto e acabou redundando na crise de mobilidade que vive hoje a área urbana de Campos.

De lá para cá, entre 2012 e 2015, a frota cresceu de 176 mil para 212 mil veículos emplacados em Campos dos Goytacazes, agora, em maio de 2015. Assim, em 2012, se tinha um veículo para 2,6 habitantes, enquanto agora, em 2015, esta relação é de um veículo para cada 2,2 habitantes.

Bom lembrar que neste número não estão incluídos os "capixabas", ou os proprietários de veículos que buscam emplacamento no estado vizinho, por conta do IPVA mais barato. Eles reduziram em relação ao que já foram, depois de algumas apreensões, mas, ainda são grandes.

De outro lado, estão incluídos nos 212.014 veículos licenciados no município de Campos dos Goytacazes, a extraordinária frota de 47.415 motos e motonetas. Um total de 128.844 automóveis chamados de passeio, 17.758 caminhonetes e caminhonetas; 2.691 ônibus e micro-ônibus e 7.404 caminhões.

Este crescimento da frota na razão de 6% ao ano é muito significativa. Considerando que o transporte público a despeito de algumas tentativas, continua muito ruim, em meio ao chamado transporte alternativo, estes números apontam que o problema da mobilidade urbana, na área mais central de ruas estreitas e sem muitas opções de alargamento, tenderá a piorar ainda mais nos próximos anos.

Este fato é conhecido e ao mesmo tempo ignorado pelos diversos gestores que passam à frente do município de Campos nos últimos mandatos. Na última década foram mais de R$ 16 bilhões de receita e no orçamento municipal e muito pouco foi feito.

O quadro nos municípios de médio porte de toda a nossa região não é muito diferente da realidade de Campos.

Neste período, a população mais pobre foi estimulada, como nas maiores cidades brasileiras, a se mudarem para locais mais distante das áreas centrais.

Sem transporte público em quantidade e periodicidade regulares, mais a feliz e boa melhoria de suas condições de renda familiar, o uso do automóvel passou a ser cada vez mais, não condição de passeio, mas de alternativa para o deslocamento entre a residência e o trabalho e/ou estudo.

Enquanto isso, a população continua clamando por projetos públicos que possa atendê-la. O debate pela busca do poder político é compreensível, porém, mais que isso, se deseja que os atuais gestores e outros pretendentes, conheçam os dados e a realidade de seu município e se disponha a dialogar para buscar soluções para os problemas.

A solução passa pela prioridade ao transporte coletivo em detrimento do individual. Pela definição de espaços exclusivos nas vias públicas para o transporte coletivo de passageiros. Mais incentivo ao uso de bicicletas e à instalação de ciclovias protegidas. Controle, restrição e/ou planejamento da circulação de veículos e cargas no espaço urbano.

Todos sabemos que as maiores demandas por transporte de massa ocorrem pela manhã e ao final da tarde (início da noite), apesar de já ser possível identificar problemas em alguns pontos e horários diversos destes. O fato mostra o estrangulamento que há quinze anos era previsível e que foi solenemente ignorado sob o ponto de vista do planejamento de medidas atenuantes.

Enfim, não se trata de reclamar pela ampliação da frota de carros, mas da necessidade da adoção de medidas que façam com que todos nós possamos prescindir paulatinamente do uso dos carros e do transporte individual, em detrimento do transporte coletivo.

2 comentários:

douglas da mata disse...

Esse dado esconde um outro: é certo que a média não dá conta de revelar que o adensamento de veículos por habitante, com certeza, nos últimos anos, alcançou setores mais pobres, mas o fato é que boa parte deste crescimento é (ainda) concentrado nas classes mais ricas, com dois ou três veículos na garagem.

É só ver o perfil das habitações verticais nas chamadas "áreas nobres", com duas ou três vagas por unidade.

Com isso, sofrem ainda mais as populações que dependem dos transportes públicos (ônibus), que ficam ilhados por um oceano de carros particulares.

Marco disse...

Gostaria de saber quantos quilômetros em ciclovias e ciclofaixas a cidade de Campos tem. E qual a média nacional, e das cidades de 200 a 500 mil habitantes.

Eu acredito, particularmente, que temos uma boa malha cicloviária, e uma significativa população de ciclistas ativos. Eu por exemplo estudo na UENF e moro bem próximo a Arthur Bernardes, vou e volto todos os dias por ela, percorro por volta de 6,0km da minha casa até a UENF.

Também existe o caminho alternativo pegando a Dr. Beda até a 28 de Março(caminho sem ciclovia ou ciclofaixa) e então utilizar ciclovia até a UENF (a ciclovia da 28 que integra com a da Phillipe Uebe).

A beira valão, da 28 de março até o mercado municipal também tem uma ciclovia, ou ciclofaixa na calçada, apesar dos pedestres não respeitarem muito a mesma. E a Alberto torres, a Av. 7 de Setembro também tem significativas ciclofaixas se não me engano.

Acredito que nesse sentido podemos melhorar, mas já temos uma infraestrutura significativa. Como usuário de ciclovias e ciclofaixas eu ficaria feliz com um estudo que implementasse ciclovia ou ciclofaixa na beira-valão da 28 de março até a Arthur Bernardes, conectando a ciclovia da beira-valão com a da Arthur Bernardes, e com uma na Dr. Beda, quem é larga o suficiente para isso.

Fora isso, acredito que a solução começa a demandar transporte sobre trilho, já que as nossas avenidas são em via de regra relativamente largas, temos a 28 e a Arthur Bernardes como grande corredor viário, e algumas avenidas paralelas de largura significativa como Beira-Rio, Alberto Torres, Saldanha Marinho, 7 de Setembro...