sexta-feira, setembro 11, 2015

Expectativas e realidades, por Marcelo Viana

O blog reproduz abaixo o breve texto-análise do Marcelo Viana, publicado em seu perfil no Facebook, explicando, em resumo, como é realizada e o significado sobre a avaliação (rating) das chamadas agências de riscos.

Marcelo Vianna é especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, já atuou no Ministério do Planejamento, Ministério da Previdência e Secretaria de Direitos Humanos em diversos governos, desde a década de 90 e que é mestre e doutorando, em Ciências Sociais, pela PUC-RJ

"Expectativas e realidades"

As agências de classificação de risco fazem estimativas em que há sempre um forte elemento subjetivo. 

Ao contrário da Serasa que bota alguém na lista negra por não cumprir uma obrigação, essas agências tentam adivinhar com antecedência se esse alguém vai cumprir ou não a obrigação.

Se eu chamar alguém de caloteiro, sem que esse alguém tenha dado um calote, eu posso estar sujeito a ser processado, conforme o caso, por calúnia, injúria ou difamação. Pois é o que essas agências fazem...

Como há grande subjetividade na avaliação, há estimativas diferentes conforme a agência: umas acham uma coisa, outras acham outra.

Aí entra um elemento complicador: qual a idoneidade de quem avalia? Será que a avaliação pode ser fraudulenta para atender a objetivos escusos?

Pois bem, a Standard & Poors, a mesma agência que acabou de rebaixar o Brasil da condição de bom pagador, foi condenada lá nos EUA a pagar valores bilionários em dólares por fraudar avaliação na crise de 2008, induzindo milhares de incautos em erro.

De maneira que, se a gente se ativer aos fatos, os dois mais relevantes são:
1 - O Brasil continua cumprindo regularmente com suas obrigações, sem dar calote em ninguém.
2 - A Standard & Poors tem ficha suja, com precedentes concretos de manipulação de suas avaliações para fins escusos.

Pois é. Esses são os fatos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Sinceramente eu preferia que a agência não tivesse rebaixado a nota e pelo contrário, tivesse subido o grau de investimento.

Roberto Moraes disse...

Sim a se acreditar nas agências você aí tem que fazer o que ela quer e que certamente atende a interesses outros que não é da nação.

Esta avaliação de rating me faz lembrar aquelas cangas que se colocava no gado para ele não poder fazer o que não se queria.

Eu também, e sinceramente, preferia que não usassem uma canga, ao contrário, que tivéssemos autonomia e responsabilidade, mas porque isto seria bom, mas não para o dono.

douglas da mata disse...

Em 2008, S & P e várias outras diziam que o mundo estava super bem, e nada havia de errado com os fundos hedge lastreados em títulos subprime.

Pois é, o resto é História.

Há investigações (várias) em curso para apurar responsabilidades (diretas e indiretas) destas "agências" no aumento do tamanho do rombo de 2008.

Há outras apurações que investigam a ligação (ilegal) de agências e bancos de investimentos (propriedade cruzada), uso de inside information, manipulações de toda ordem e suborno das empresas de mídia e "jornalistas especializados".

E os imbecis seguem, como bois de matadouro, mugindo e ruminando as "crenças" disseminadas...