terça-feira, outubro 06, 2015

Edison Chouest consegue aval de R$ 294 milhões do Fundo de Marinha Mercante para construção de estaleiro de reparos no Porto do Açu

Em meio à crise do setor de petróleo e das empresas de apoio à exploração offshore, na 29ª reunião ordinária do Conselho Diretor do Fundo de Marinha Mercante (CDFMM), que aconteceu, no último dia 25 de setembro, em Brasília (DF), o estaleiro Navship, do grupo Edison Chouest recebeu prioridade, no valor de R$ 294,41 milhões, para a construção de um estaleiro de reparo no Porto do Açu, localizado no município de São João da Barra.

Como é sabido, o grupo americano Edison Chouest alugou uma área de 597.400 m², junto ao terminal 2 do Porto do Açu que possui 1.030 metros de frente de cais. Veja imagem abaixo onde a área está circundada em vermelho.
Área em construção da Edison Chouest No Porto do Açu

No Porto do Açu, a Edison Couest está construindo uma unidade com 15 berços para atracação, dos quais seis serão para atendimento às embarcações de apoio às explorações para uso da Petrobras, contrato obtido através de licitação realizada pela estatal. A previsão é que a unidade movimente 10.800 embarcações por ano.

Nesta mesma área da Edison Chouest foi também previsto a instalação de um estaleiro para reparos das embarcações da Bram Offshore, empresa pertencente ao mesmo grupo. Foi para este estaleiro de reparos da Navship que o Fundo de Marinha Mercante concedeu a prioridade de crédito de R$ 294,41 milhões.

Nesta mesma reunião do Conselho (CDFMM) também foi autorizado a reapresentação de projetos da Bram Offshore, que somam R$ 825,88 milhões, para a construção de seis embarcações de apoio do tipo PSV-4.500. A embarcação PSV (Platform Supply Vessel) é utilizada no apoio às plataformas de petróleo, transportando material de suprimento: cimento, tubos, lama, salmoura, água doce, óleo, granéis, etc. e mede de 60 a 100 metros de comprimento.

Embarcação do tipo PSV
É difícil imaginar que esta demanda poderá ser atendida em meio às dispensas que a Petrobras e outras petrolíferas estão fazendo da frota de embarcações de apoio marítimo. Segundo, a Abeam (Associação Brasileira de Apoio Marítimo), no ano passado um total de 500 embarcações estavam contratadas no Brasil para esta atividade, sendo 257 de bandeira estrangeira e 243 de bandeira brasileira. 

Do total de 500, 379 embarcações estavam contratadas pela Petrobras. Porém, segundo informações divulgadas pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção Naval (Sinaval), na última sexta-feira (Valor, P.B3), a Petrobras deverá reduzir em cerca de 90 navios sua frota de apoio offshore. Diante desta atual realidade é pouco provável que o direito a este crédito para instalação do estaleiro do reparo seja efetivado.

Vale ainda comentar que na mesma reunião do Conselho Diretor do Fundo de Marinha Mercante (CDFMM), a empresa Kingfish do Brasil Navegação também recebeu do Fundo de Marinha Mercante duas prioridades no total de R$ 2,2 bilhões, sendo que R$ 1,13 bilhão seriam destinados à construção de quatro navios-tanque de 49.000 tonelagem de porte bruto (TPB) e R$ 1,08 bilhão vão para construção de quatro navios-tanque para produtos escuros de 48.000 TPB.

É oportuno relembrar que a Kingfish do Brasil Navegação S/A em 2012, contratou a OSX para a construção de 11 navios-tanque do tipo MR – Medium Range, de 45.000 TPB (Toneladas de Porte Bruto), destinados ao transporte de petróleo e produtos claros. Essas embarcações seriam fretadas pela Kingfish à Petrobras. O valor total aproximado desse contrato de construção entre Kingfish e OSX na ocasião foi de US$ 732 milhões.

A empresa Kingfish do Brasil Navegação Ltda. é uma empresa de origem inglesa e está instalada com escritório desde 2009 no Rio de Janeiro e atua na área de transporte marítimo internacional de carga. Depois dos problemas com a OSX, a Kingfish do Brasil procurava um novo estaleiro para construir os navios-tanque que são parte do Programa EBN (Empresas Brasileiras de Navegação), da Petrobras, que previa o afretamento de 39 navios que estão sendo construídos no país com a finalidade de serem utilizados para o transporte de petróleo, gás e derivados, dentro da demanda de transporte de cabotagem entre os portos brasileiros.

Assim, depois desta decisão do Fundo de Marinha Mercante é possível que a Kingfish possa manifestar seu interesse na obtenção deste crédito e na empresa (estaleiro) onde irá realizar a construção dos petroleiros previstos no projeto apresentado ao Conselho Diretor do FMM. A conferir!

PS.: Atualizado às 12:46: Para pequenos acertos no textos.

Um comentário:

Unknown disse...

O que é aguardar que ela assuma as obras e reviva aquele estaleiro do açu, ou passe o contrato para a navship ou a enaval.