quarta-feira, outubro 14, 2015

Trading canadense (Brookfield Infrastructure) compra dívida de R$ 200 milhões da Prumo

A Brookfield Infrastructure Partners LP em acordos comerciais de aquisição de pacotes de dívidas de no total de US$ 200 milhões ( em parciais de US$ 120 milhões, US$ 50 milhões e US$ 30 milhões) entrou na sociedade da Prumo Logística Global S.A. que é a controladora do Porto do Açu. A informação foi divulgada em Fato Relevante (FR) que divulgou hoje pela manhã pela Prumo à Ibovespa.

A Brookfield Infrastructure (com recursos de fundos financeiros) comprou recentemente operadora australiana de portos e ferrovias (que também exportam minerais) por US$ 8,9 bilhões. Possui participação em portos na Europa e instalações de armazenamento de gás no Canadá. No Brasil, ela possui em seu portfólio participação em ferrovias.

Há cerca de um mês foi também divulgado a informação de que a Brookfield Infrastructure estava concluindo negociação para aquisição de ativos da empreiteira OAS, que envolvida na Operação Lava Jato, estava vendendo um de seus "ativos", na empresa Invepar que atua em concessões de rodovias, metrôs e aeroportos no Brasil.

Leia aqui nota do blog no dia 08/10 que chama a atenção sobre a entrada de tradings e fundos financeiros em negócio de infraestrutura no Brasil. 

Em outra nota aqui, no mesmo dia, o blog chamou a atenção para o processo que segue avançando, desde a crise do grupo X, onde o controle acionário de suas empresas foi sendo transferido para o setor financeiro (fundos internacionais) e tradings que atuam no comércio e logísticas de transporte das mercadorias na economia global.

Em nota aqui, no dia 12/09, em que foi informado sobre empréstimo que a Prumo contratou com o fundo americano EIG sua principal acionista e que agora foi transferido para a Brookfield Infrastructure. (Veja aqui nota do blog ontem sobre dívidas das duas empresas do grupo X, OGX (atual OGPar) e OSX)

A participação de tradings e fundos financeiros em investimentos de infraestrutura portuária interfere no comércio internacional, na medida que estas corporações globais passam a ter condições de interferir nos preços das commodities e demais mercadorias comercializadas na economia global. 

Estes casos que envolvem os portos no litoral fluminense, desde o Porto do Açu, Porto Sudeste em Itaguaí, passando ainda pelos terminais dos portos do Rio e Niterói, na Baía de Guanabara, vinculados não apenas à circulação de mercadorias, mas também de apoio às embarcações de apoio à exploração offshoore de petróleo, ampliam a relação, dependência e vinculação que passamos a ter destas corporações globais. (Veja aqui nota que o blog postou no dia 12/10, sobre a entrada em operação do Porto Sudeste e sobre a importância dos portos na economia fluminense)

As corporações globais na contemporaneidade são diferentes daquilo que antes chamávamos de multinacionais. Estas se ajustavam aos custos e à realidades dos países onde operavam. Já estas corporações globais atuam e tomam decisões como se o mundo fosse um único espaço, se desvencilhando da noção de sedes. Desta forma, definem suas próprias lógicas de faturamento e lucros. 

Assim, reagem a regulações e ao controle das políticas nacionais. Neste quadro, a relação com o local e regional praticamente inexistem. Desta forma, os portos e os vários modais de transporte ferroviário e rodoviário que lhe dão acesso, se transformam naquilo que já estamos vendo: apenas corredores de fluxos com quase nenhum diálogo com as cidades e estados. 

Assim, é possível ainda identificar que a chamada "internacionalização a região" se dá de uma forma diversa do que já se viu no passado e, cada vez mais subordinada e dependente, sendo menos "arrastada" pelo que os especialistas chamam de "externalidades" que tendiam acompanhar estes grandes projetos de investimentos em infraestrutura. Seguimos em frente acompanhando.

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