sexta-feira, outubro 29, 2010

A "última" viagem do Everaldo!

Foi-se Everaldo Ferreira de Souza. Motorista por 30 anos da Escola Técnica Federal, atual IFF, Everaldo, partiu no dia do Servidor Público, quase que obviamente. Acometido por um câncer de pulmão frequentou a nossa instituição até há alguns dias atrás. Alquebrado pela doença, fazia questão de dizer que prezava a instituição e o contato com os amigos e as demais pessoas que por ali ele manteve relação direta, nas milhares de viagens que conduziu, na direção dos ônibus e dos demais veículos da Escola. Everaldo nunca foi de andar além da velocidade que entendia necessária para conduzir a nossa própria vida, assim adquiriu, inicialmente questionamentos, porém, mais adiante, respeito e admiração. A perda, da esposa Ester, vítima de um enfarte fulminante há cerca de um ano, lhe quebrou a estrutura, já corroída pela doença, ainda assim, resistiu enquanto pôde, e partiu para a última viagem com a dignidade de quem fez o seu trabalho. Nos áureos momentos da batalha no trabalho, Everaldo apreciava como poucos, a alimentação, sem a qual alegava que não era possível continuar a labuta. Everaldo não gostava de se indispor com ninguém, atendeu aos diferentes grupos, em que uma corporação, quase naturalmente se dividide, e de dentro da sua brasília vermelha acompanhava a movimentação daquilo que algumas vezes não lhe era compreensível. Na correria destes dias atuais, em que raramente se pára até para cumprimentar as pessoas, sequer para reverenciar a sua memória, Everaldo gostava do singelo aperto de mão e do diálogo, mesmo que, apenas, para a indagação básica sobre como estava e andava. Assim, nós que aguardamos as próximas saídas, daqui aplaudimos e desejamos, mais que nunca ao nosso Everaldo, uma "boa viagem"!

12 comentários:

Rose David disse...

Não conheci o Everaldo. Mas as palavras tão carinhosas do autor do blog em referência ao profissional e ser humano que acaba de partir, fico aqui a pensar - e a lamentar - como o mundo carece de pessoas como o Sr. Everaldo. Que a sua viagem o leve ao encontro da amada Ester.

Anônimo disse...

Roberto estive com Everaldo, algumas vezes, podendo observar seu jeito tranquilo e responsável, tanto na vida, como profissionalmente.
Certa vez, fui com ele para o Rio e estranhei esse "calmo" de dirigir o ônibus da escola. Comentei com ele esse fato sempre que o encontrava nos momentos alegres da nossa escola, hoje tão raros... Ele me respondia calmamente e com respeito de sempre:"Vocês é que correm muito"...
E Everaldo sempre com sua "Baixinha" .
Desejo que "essa viagem" seja tão tranquila, como foi sua vida.

Anônimo disse...

Morreu uma galera essa semana, hein? Luiz Ribeiro, o Polvo da Copa, Kirshner e agora o Everaldo.... quem mais?

El Malucón

Anônimo disse...

Roberto,

Fiquei muito triste com esta notícia.
O sr. Everaldo, era, na minha concepção o motorista ideal,játenho muito medo de velocidade e muito mais das imprudências, que muitos motoristas provocam no trânsito.
Viajei algumas vezes com ele, quando fazia a minha pós graduação na UFF em Niterói e por vezes pegava uma carona junto aos colegas do IFF.
Você foi muito feliz em seu texto ao lembrá-lo, inclusive do prazer que ele tinha em alimentar-se.
Motorista atento, tranquilo e pessoa afável. Assim era o Sr. Everaldo.

Anônimo disse...

Ah, esqueci de assinar.
Ana

Anônimo disse...

É, Roberto, estou chorando, fazer o quê? Numa dessas tardes , ele sentado na poltrona da Reitoria me falava sobre a aproximação com a hora da morte. E, eu, em constante brincadeira com ele, dizia:você vai custar a morrer, Everaldo, porque sua calma , sua vida metódica irão conceder-lhe muitos dias perto de nós. E ele dizia...,"essa Escola é a minha paixão. A Banda, o Coral, como gosto de apreciar.
Depois que a gente não serve mais, muita gente esquece da nossa história". E, aí, como vi que ele estava ficando emocionado, desviei o assunto. Não teve jeito.Entrou uma colega no Gabinete , não nos cumprimentou e, ele aí repetiu a mesma coisa. Em minutos, você chegou , apertou-lhe a mão, perguntou como ele estava..., logo depois, chegava Cibele e fez a mesma coisa, conversou com ele quando então, após ela entrar no
Gabinete , ele começou a chorar."Taí errei, veja como os dois me tratam, tem tanta gente boa ainda nesse mundo". Falou de Judith, de Edna, de Roseni, de Denise e..., encurtei a conversa para amenizar aquela emoção.
Everaldo era um homem simples mas, começou a se despedir da vida quando Ester partiu inesperadamente. Linda a sua postagem, Roberto. Não tive como ir ao sepultamento, já foi difícil conduzir a apresentação do Coral da EJA com a homenagem póstuma.Perder um amigo não é fácil.Pode ter certeza, Roberto, de que ele gostava muito de você.

Vania Cruz disse...

Perdoe-me, esqueci de me identificar no comentário.

Vanessa disse...

Tive a oportunidade de viajar duas vezes com o Sr.Everaldo,enquanto aluna da antiga Escola Técnica Federal de Campos,hoje IFF, e fiquei triste com a notícia de sua última viagem.
Que ele descanse em paz e que Deus conforte os seus familiares,nesta hora de dor.

Fabiano Seixas disse...

Everaldo, Um grande amigo.

Passei o dia inteiro fora da área central, decidi levar um dos meus filhos para conhecer a Lagoa de Cima e ao chegar, fui fazer a ronda nos blogs da cidade....
Encontro a notícia da última viagem de um grande amigo.
Inúmeros foram os bons momentos e o aprendizado com este grande homem, de fala mansa, de palavras sempre assertivas.
Tive o privilégio de vê-lo conduzindo inúmeros veículos da ETFC, do CEFET e agora por último do IFF.
Everaldo Ferreira de Souza, sempre foi um grande profissional, dava orgulho programar viagens com ele ou até mesmo ser participante das viagens que ele era o condutor do veículo, pois sua prudência e segurança era a garantia de iríamos e voltaríamos bem e tranqüilo.
Não me recordo de ter chegado ao conhecimento alguma multa de trânsito recebida por este brilhante colega de trabalho.
A gente chora quando um amigo vai para outro plano superior, não é de tristeza, comigo é pela saudade, pelo vazio que passa a existir com a ausência de quem a gente gosta, de quem a gente se sente bem por perto.
Gostava de estar com ele para aprender a usar o PX, o PY, e os artigos que ele trazia das viagens de micros estágios, principalmente na cidade de São Paulo.
A passagem da Ester foi uma das perdas que ele não conseguiu superar, uma mulher que estava ao seu lado, incentivando-o a buscar um pouco mais de qualidade de vida.
Roberto falou sobre sua valorização da alimentação, esta era uma marca do Everaldo, estar com ele era sinônimo de em algum momento fazer uma parada para um lanche, para comer um salgadinho numa lanchonete ou um almoço, com prato bem farto num restaurante da cidade ou de alguma estrada quando estávamos em trânsito.
Fico com a lembrança de uma vez que estive com ele na Sede da Controladoria Geral da União do Rio de Janeiro, me deu uma aula sobre a história do Rio de Janeiro, sobre a construção do prédio e suas andanças pelo Brasil, até mesmo sua estada em outros países.
Amigo, onde estiver, que esteja bem, pois na escola que estudei, você foi também um grande professor, valores que hoje utilizo para dirigir minha vida.
Com lágrimas no rosto é que vou dormir neste momento.

Álvaro Marcos Teles disse...

Roberto, lendo seu texto sobre seu Everaldo foi inevitável ver muita semelhança entre ele e meu pai, Alcebíades, também ex-funcionário da "Escola", como carinhosamente ele chamava a instituição. Aliás, notei esses dias, lá na MultTV, em conversa informal, que você se refere da mesma maneira ao IFF: "Escola". É a eterna Escola Técnica Federal de Campos, tão marcante em nossas vidas. Na sua, na de seu Everaldo, na minha e na de seu Alcebíades. Meu pai, assim como você e seu Everaldo, era um apaixonado pela instituição. Tinha um orgulho imenso em trabalhar lá. Pude, modestamente, realizar o sonho dele de ver o filho único envergando o uniforme que ele tinha como símbolo de saber. A postagem de Vânia Cruz, doce figura, a quem admiro imensamente, me emocionou tanto quanto seu texto. Ela citou um ponto importantíssimo, ao lembrar que você cumprimentou seu Everaldo ao passar por ele e perguntou como estava. Meu pai, assim como seu Everaldo, gostava muito de você. Dizia que você e Luciano D´Ângelo foram os dois diretores mais humanos que a "Escola" já teve. Enaltecia o fato de vocês tratarem bem os mais humildes, como ele e seu Everaldo. Queria te parabenizar pela postagem, que me emocionou muito e fez esse link com a história de meu pai. Um abraço e muito obrigado.

Roberto Moraes disse...

Caro Álvaro,

Você é que me emociona com todas estas lembranças que envolvem a "nossa escola".

Não me recordava de que você era filho do Alcebíades Teles, funcionário dedicado, discreto, mas percebível pelo cumprimento de suas obrigações e, acima de tudo, pelo carinho com a "nossa Escola", menor em termos de extensão do que hoje, mas, talvez, proporcionamente mais importante que hoje.

Bacana viajar nestas lembranças ao falar desta viagem mais recente do nosso Everaldo. A Escola, ou a Federal como também gosto de chamá-la, rememorando meus tempos, assim como o seu, de aluno, tem uma coleção majestosa em sua história de bons e dedicados servidores.

Que nós, os atuais servidores, tenham sempre estas referências na construção da manutenção desta identidade de bem servir ao público.

Grande abraço Álvaro, o filho de Sr. Alcebíades.

Vania Cruz disse...

Álvaro e Roberto.
Uma ciranda de saudades está no ar. Quem diria , Everaldo, que a sua partida deixaria em nós um momento próprio para chorar assim! Quem diria, meu amigo!Êta moço levado, esse motorista "oficial" da Escola Técnica Federal de Campos.Vocês perceberam como essa nossa Casa tem histórias para contar?
Obrigada, Álvaro, pela referência a mim que, também, tenho por você e tive pelo Alcebíades grande admiração. A figura humilde de seu pai sempre foi referência ali dentro.
É uma pena muitas vezes só estabelecermos nosso carinho e nosso reconhecimento depois de uma partida . É por isso que, vez por outra,ao longo de minha caminhada me pego dizendo para algumas pessoas a importância delas em meu viver. Guardem com vocês essa certeza de antemão...