sexta-feira, junho 15, 2012

"A democracia é um regime curioso"

Os dois sensacionais parágrafos abaixo constam do folder de convite do fórum "Democracia em Época de Mutações". O fórum é um conjunto de conferências que o Senado organizou.

Este texto do folder tem a autoria de Francis Wolf que fará a palestra na próxima quarta-feira. O título da conferência será: "O apolitismo, a maior ameaça à democracia". Mais detalhes do Fórum que terá um ciclo com 11 palestras, entre 20 de junho e 7 de agosto, você pode ver aqui:

"A democracia é um regime curioso. Quando ela não existe, é objeto de desejo; quando existe, cessa de ser este objeto. O povo parece politizado quando aspira à democracia; mas se ele a obtém afasta-se da política. É como se, de repente, ele rejeitasse uma amante tão desejada a partir do momento em que a conquistou. Ele está para a democracia como Don Juan para as mulheres: a conquista mobiliza toda sua energia, a posse o entedia.
A democracia tem assim dois adversários: um inimigo externo, a tirania sob todas as suas formas; e um inimigo interno, o apolitismo. Existe um laço secreto entre estes dois adversários: “Democracia” pode bem significar poder do povo; o povo não gosta do poder. É o caso desde a invenção da democracia em Atenas no século 5 a.C. O povo execra naturalmente aqueles que exercem o poder contra ele, mas tem horror de exercê-lo ele mesmo."

21 comentários:

xacal disse...

Roberto,

Não dá para resumir o pensamento de Wolf nestes parágrafos, embora este tipo de frase(de efeito)se proponha a tanto.

Vejamos os problemas:

"povo"- essa homogeinização não revela os cortes de classe e a expectativa e capacidade de mobilização e ingerência de cada estrato na busca ou na manutenção (exercício)da democracia. Não há dinâmica alguma nesse ser etéreo e imóvel chamado "povo".

"momento da conquista"- que momento é este? Quando podemos (em qualquer nação) definir a "conquista" plena da democracia? Não dá, democracia é movimento, processo, contradição, ida e vinda, embora nos aspectos formais há de se falar em instituições democráticas e Estado de Direito.

"o povo não gosta do poder"- falso: então os governos eleitos democraticamente não são a expressão representativa do povo? Depende. Mas em via de regra, sim.
Podemos, a partir de NOSSAS referências e expectativas dizer que estas escolhas não nos agradam, mas desqualificá-las do ponto de vista democrático e do exercício cidadão é um perigo.

É justamente isto que a elite tem feito hoje na seara do debate ideológico.

O que precisamos entender que: quando se está satisfeito (e os níveis de satisfação e expectativa podem ser medidos)é natural a acomodação e tendência ao continuísmo, que pode ser confundido, maldosamente, com apolitismo.

Este termo apolitismo é de viés conservador. SEMPRE, ainda que dito por nós, da esquerda. Aliás, esta é um contradição típica característico do radicalismo moralista pequeno-burguês típico das classes médias urbanas que integram partidos como PSOL e afins.

Tudo é escolha. Agrade-nos ou não.

O que temos que investigar, e isto eu acho que seria o ponto central de qualquer debate sobre democracia, aqui na planície, no Brasil ou no mundo, é o peso relativo do poder econômico sobre as escolhas, e a capacidade de mobilização deste poder para aprisionar as agendas de financiamento político, e por óbvio, de governança.

É este poder que corrompe o tecido político da sociedade e hipocritamente expõe os agentes políticos como forma de desacreditá-los ainda mais, mantendo assim os cordéis de manipulação intactos, quer seja pela força da mídia, quer seja pela força do capital.

Um abraço.

Roberto Moraes disse...

Grande Xacal,

Concordo plenamente com suas colocações. Não dá para analisar sistema político sem considerar as questões econômicas e consequentemente o corte de classes.

Porém, o apolitismo é uma questão mais ampla e séria e não apenas na antiga classe média.

Marcio Pochmann em seu recente livro "Nova Classe Média? O trabalho na base da pirâmide social brasileira" questiona o otimista com a inclusão social, Marcelo Neri, da FGV, ele diz que há uma orientação alienante que afasta estas pessoas da natureza e da dinâmica das mudanças sociais e econômicas e consequentemente uma despolitização nesta chamada reestruturação social brasileira.

Este é o tema que me moveu nesta postagem que de certa forma, questiona a grande satisfação que temos com a constatação com a inclusão social desta grandes parcelas da base da pirâmide que enchem os supermercados, shoppings e ruas. O tema que persegue esta questão é a esta despolitização que acompanha este processo e que poderá apontar cenários indesejáveis.

Abs.

Roberto Torres disse...

Caro Roberto,

acho que o exemplo da "nova classe média" demonstra como o "pré"-conceito de apoliticismo é empregado pela esquerda.

Vejamos:

1) A assim chamada "nova classe média", que, por ocasiao de uma pesquisa qualitativa sobre seus estlos de vida e estratégias de ascencao social em 2010, também preferimos definir como "nova classe trabalhadora", nao é afastada da política. Ela tem preferências, as sustenta no voto e na luta micropolítica da opiniao. Mais vagas em universidades, mais escolas tecnicas, mais credito, mais emprego. Ora, gostemos ou nao destas opcoes, elas sao sim escolhas políticas como disso o Xacal. Podemos, claro, apontar seu unilateralismo. Podemos também perceber manipulacao ideológica (da mídia, das igrejas, de partidos) e logo restricao de liberdade. Mas nao podemos negar a existencia de um público que vota e confere sustencacao a uma determinada agenda política.

2) O que ocorre é que boa parte da esquerda, na qual incluo o Pochmann, mesmo que de modo irrefletido, só considera como politizacao o que se encaixa em certos esquemas históricos: sindicato, partido etc. O falso pressuposto é que estes esquemas históricos nao necessários: eles sao contingentes, podem ceder lugar a outros, ainda que pacialmente.

Claro que o apego a estes modelos históricos tem sua razao de ser na cosntatacao de que os indivíduos da nova classe média nao possuem organizacao autônoma na política. Mas nem esta constacao pode ser tida como inquestionável e nem se pode dizer que sua eventual veracidade imlique a ausência da politizacao por parte da classe média.

xacal disse...

Eu não concordo com a abordagem do Pochman, embora o que eu tenha conhecimento seja apenas as "orelhas" da abordagem dele.

Não há um "otimismo" ou letargia política por causa econômica.

Há sim uma mudança de demanda política, e como a "nova classe média" passou a ser ouvida, e isto é um resultado/fenômeno político das sociedades que legitimam a "voz" pela capacidade de consumo(a inclusão chamada de social, mas que é econômica, antes de tudo).

Ou seja, esta nova gente (que sempre esteve ali, mas era "invisível")agora fala e é ouvida(pelo mercado, que por sua vez deseja orientar e determinar a política).

Pochman descreve esta "despolitização" como algo "novo" e decorrente do "conforto", um neoconservadorismo da "nova classe".

Erra em tudo, inclusive semanticamente, pois sabemos, escolha e até a não-escolha é exercício da política.

A discussão da "qualidade" das escolhas é temerosa, até porque cada classe/grupo/estrato legitima a sua.

Este pessoal e seu senso de realidade não são " A novidade", como eu disse, sempre estiveram ali, a beber o caldo de cultura da globo, da sociedade do espetáculo, contra o aborto, religiosa, homofóbica, machista e violenta.

Mas este pessoal votou no Lula em duas ocasiões, em Dilma, e oscilou um pouco (e perigosamente) por causa do soluço marinista(que incorporou bem esta agenda, a serviço do serrismo).

Quando Pochman e outros fazem essa abordagem, que em suma é irmã siamesa desta do Wolf, eles acendem um neoconservadorismo perigoso, porque fazem coro aos que enxergam a política como resultado de uma equação econômica.

Assim temos os "esquerdistas ou progressistas" que pretendem submeter a dinâmica da sociedade a economia(com a tese das infraestrutura e superestrutura) e de outro lado, mas na mesma moeda, os liberais radicais que também entendem que o mercado domina esta dinâmica.

Eu não desprezo esta lógica, que no fundo é um marxismo de duas mãos.

Mas me preocupa que a resposta ideológica e teórica dos "nossos" pensadores seja apenas retrucar com um economicismo de sinal invertido.

Nesta barafunda que se transformou o mundo moderno, me parece por demais tacanha a abordagem.


Mas quem sou eu para retrucar? vai ver eles estão certos.

Um abraço.

Anônimo disse...

Anônimo disse...
Caro Xacal,tua ingenuidade me deixa pasmo. Como debatedor você foi um grande policial, me deu na bandeja o que eu queria.
Obrigado!

Dedé Muylaert
8:31 PM

Anônimo disse...

Anônimo disse...
Caro Xacal,tua ingenuidade me deixa pasmo. Como debatedor você foi um grande policial, me deu na bandeja o que eu queria.
Obrigado!

Dedé Muylaert
8:31 PM

Anônimo disse...

foi insinuar "Robin" deu nisso aí !!!!!!!!!!!!

Gustavo Alejandro disse...

Aqueles que lutam pela democracia não são necessariamente aqueles que se conformam com ela, quando vigente.

Aliás, para o 'povo'(ou seja, os outros) daria na mesma viver numa ditadura ou democracia, desde que tivesse prosperidade econômica.

xacal disse...

Caro Dedé,

Toda esfera de debates tem uma pequena ética(etiqueta):

transportar comentários de um debate para outro post é considerado uma falta de educação:

com o debatedor e com o editor do blog, além, é claro, dos demais leitores e debatedores que nada entendem do que se passa.

um abraço

Roberto Moraes disse...

Xacal e Roberto Torres,

Este debate é interessante. Tenho concordâncias e discordâncias, nas observações de vocês, mas, julgo que elas evidenciaram pontos que enriquecem o debate.

Não necessariamente as duas questões que acabaram sendo juntadas o apolitismo e a "nova classe média" por mim, têm esta relação, assim tão intensa.

Talvez, a discussão do apolitismo tenha mais a ver com a "antiga" classe média do que qualquer outra coisa.

Tenho dúvidas sobre o que Torres coloca sobre a superação dos esquemas e dos sistemas históricos de fazer política, embora reconheça que muitas mudanças contemporâneas estão a superar muito das práticas históricas, especialmentena relação sindical e menos no sistema de representação política partidária.

Porém, fico com a preocupação dos riscos com os quais Torres encerra seu comentário.

Também concordo de que as escolhas são a principal forma de fazer política e exercer cidadania, mas, também é verdade que elas têm sido estabelecidas numa relação de consumo e não apenas da classe média e não unicamente no Brasil.

Aqui se poderia colocar a discussão do chamado esgotamento do modelo de produção e consumo que a Rio+20 relembra, mas, aí entramos num outro e imbicado embate também relacionado aos anteriores.

Abs.

xacal disse...

Roberto,

Eu acho que de forma simplista podemos reduzir tudo a:

Como desentranhar a democracia atual do atoleiro que se meteu:

Diminuir o poder de coação do mercado e do capital sobre a agenda política da sociedade, que se expressa, de forma mais dramática, no financiamento do sistema eleitoral e na governança dos orçamentos públicos.

Como disse antes, estas abordagens, "apolitismo" e "nova classe média" não respondem esse problema proposto.

A "nova e a velha classe média" sempre mantiveram seu ethos político, só que uma tinha capacidade de repercussão e outra assumiu essa condição agora.

..................................

Creio também ser perigoso a gente assumir um discurso do "esgotamento" do modelo de produção de riqueza ou desenvolvimento.

Temos que enfrentar esse debate, mas com o cuidado extremo de não permitir que seja jogado sobre nós(que começamos a enriquecer agora)o ônus de diminuir um ritmo para possibilitar a recuperação sistêmica do mundo que foi destroçado pelo G8.

Roberto Torres disse...

Caro Roberto

sua ressalva é que a representacao partidária ainda nao tem alternativa. Claro, voce tem razao.

Mas o fato é que há um crise de legitimdidade - diria transclassista - desta forma de representacao. A razao, creio, é muito mais o aprisionamento economicista da agenta política (Xacal) do que o consumismo de uma classe.

Esta crise da representacao se mostra evidente mais na europa do que no brasil, arrsico dizer.

Em países como espanha e grécia já nao há partidos percebidos como capazes de representar a vontade de eleitorado - classe trabalhadora e classe média. E porque? Porque o mercado - ou mehlhor, organizacoes economicos com poder político instransparente - ditam uma agenda como se ela fosse a única possível.

Esta restricao do grau de autonomia da política pela expansao descontrolada do poder das organizacoes economicas - através de restricoes ao financiamento dos Estados - é tanto estrutural como semantica. Estrutural através do controle das fiancas públicas e logo da agenda pública. Semantica como pregacao de que este é o único caminho possível.

Isso vai chegar ao Brasil se o Estado nao for capaz de se financiar para atender a complexificacao das demandas da "nova classe média". Nao é inevitável, mas penso ser um caminho provável caso nao se questione coisas como a ditadura do superavit primário.

Grande abraco a voces,

Roberto

Roberto Torres disse...

Correcao.

Ná grécia a esquerda radical, vista por muitos como alternativa, nao é aceita pela EU. Os grandes jornais alemaes, inclusive os de esquerda, tratam o candidato de esquerda como o pig tratava jango.

Blog Católico do Leniéverson disse...

Quando eu era adolescente aprendi que a palavra democracia, significa governo do povo. Mas a pergunta a que se faz é? O que é o povo?E como os atores políticos e ideológicos veem acerca deste mesmo povo. Para os políticos, salvo algumas poucas exceções, o povo é um objeto estatístico a quem só se procura, e olha lá, no período eleitoral. Quando conseguem ser eleitos se distanciam do povo e passam a não se sentir mais representantes de quem os elegeram, mas sim os seus próprios interesses.
Observem, caros leitores, o Brasil hoje é considerado a 6ª economia do mundo, no entanto, tem-se problemas graves na área de saúde, educação, saneamento básico, moradia popular, geração de empregos, defesa do meio ambiente, segurança pública, etc.Para o governo federal, governos estaduais e municipais é muito fácil vender uma imagem de que está tudo bem, quando se está muito mal. É muito fácil dizer que é importante investir “rios” de dinheiro na Copa do Mundo, nas Olimpíadas, na Rio + 20, quando se falta o básico e se adota medidas populistas como o Bolsa Família, Cheque Cidadão e Vale Alimentação, reduzindo a participação das pessoas no mercado formal de empregos, como afirmou um fresquinho estudo do próprio Ministério do Desenvolvimento Social.
Além, de claro, estarmos sendo influenciados pelo cenário de crise econômica da Europa (leia-se Espanha, Grécia, Portugal e outros).E isso tem feito com que haja uma retração na geração de empregos e no poder de consumo das pessoas. O ministro Mantega não pode tapar o sol com a peneira e fazer de contas que a crise não é existe e ela não é mais forte que a de 2008.
Não se pode negar, também, que o Brasil é um país da impunidade. Políticos e Juízes com seu foro privilegiados, artistas famosos e empresários influentes podem pagar altos soldos a advogados, que se aproveita de brechas na lei e se escapam da cadeia ou ficam pouco tempo atrás das grades. O antropólogo e sociólogo Roberto da Matta é um grande defensor da tese “Olha com quem se está falando”. Para ele, algumas pessoas pelo cargo ou função que ocupa se acha ter mais direitos que as outras, por isso, se acham deuses intocáveis.
Devemos considerar as últimas decisões sobre aborto de anencéfalos, união civil gay, sobre marchas da maconha, mais recente a liberação de membros da Renascer em Cristo, que eram acusados de lavar dinheiro e soltura de políticos corruptos. Enfim, são algumas decisões sem sintonia com o clamor da sociedade REAL.

Blog Católico do Leniéverson disse...

Recentemente, a Fundação Getúlio Vargas, divulgou uma nova pesquisa, na verdade, um índice de instituições confiáveis, referente ao último trimestre de 2011. Quando se fala em confiança, remete-se a ideia de credibilidade. É nessa concepção que a FGV realizou o estudo com 1550 pessoas de todo o Brasil. Segue abaixo o Ranking de instituições desde as mais confiáveis às menos confiáveis:
• Forças Armadas: 72%;
• Igreja Católica: 58% (crescimento de 4%, em relação ao estudo anterior de 2010);
• Ministério Público: 51% ;
• Grandes Empresas: 46%;
• Imprensa Escrita: 41%;
• Poder Judiciário: 39% (queda de 11%, em relação ao estudo anterior de 2010);
• Governo Federal: 38% (diferente das pesquisas do IBOPE que coloca a aprovação do mesmo nas “astúrias”);
• Polícia: 38%;
• Emissoras de TV: 36%;
• Congresso Nacional: 21% e
• Partidos Políticos: 8%
Portanto, é muito curioso quando o comentarista Roberto Torres, diz que as igrejas manipulam as pessoas. Talvez, se ele falasse da Teologia da Prosperidade das Igrejas da terceira onda pentecostal, também chamado de Neopentecostais ou da Teologia da Libertação que não é aprovada pelo Bento XVI, vertente ligada no Brasil pelo Frei Betto ou o Leonardo Boff, eu poderia até concordar. Mas, via de regra, as Igrejas não são “ópio do povo”, como dizia Karl Marx. Muito pelo contrário são as que mais libertam, inclusive são donas de centros terapêuticos para tratamentos de dependentes químicos com sucesso estrondoso. Inclusive, nessa primeira metade do mês de junho, teve uma audiência sobre o assunto numa comissão da Câmara dos Deputados. E como sempre o Conselho Federal de Psicologia, cujos membros são perseguidores do cristianismo, criticaram essas comunidades.
As religiões sérias sempre defenderam a liberdade de expressão, sempre defenderam que os seus fiéis votem, segundo as convicções valorativas éticas e morais. E se opõe a regimes totalitaristas que dificultam, ao extremo, a liberdade de manifestação de pensamento, que, curiosamente é muito mais presente em países comunistas como Cuba (impediram a blogueira Yoani Sanchez de sair do País, mas permitiram a filha do Raul Castro sair para uma palestra sobre direitos homossexuais no EUA), Coréia do Norte, China (apesar da prosperidade econômica, restringem o acesso das pessoas a conteúdos na Internet), Venezuela, dentre outros.

xacal disse...

Ao se aproximar de deus, o homem acaba com suas dúvidas. Assim, armado da certeza de sua fé ele sai pelo mundo, a espalhar a barbárie.
(xacal)

Só isso me vem a mente ao ler o que diz o sócio do banco do vaticano.

Roberto Torres disse...

Caro Lenin,

nao digo que há nenhuma relacao necessária entre religiao e obscurantismo. Existe religiao nao obscurantista e obscurantismo nao religioso.

Mas no caso do camarada (os nazistas tb usavam a expressao) Bento e seus sócios sou obrigado a admitir o obscurantismo necessário.

Que autoridade tem um ex-membro da juventude hittlerista para aprovar ou nao aprovar qualquer coisa? O que ele aprova (pedofilia através de sua complacência, anti-islamismo, readimissao de sacerdotes anti-semitas etc. misoginia, revitalizacao dos padres franquistas espanhois) eu to fora!

Felizmente, a maioria destes 58% sao nao praticantes, e tomara que continuem a ser. Sao católicos que, como os que me sao próximos sao prximos, buscam na fe mais seguranca ontológica, dispensando a esquizofrenia militante do chamado "catolicismo viril".

O dia em que estes 58% forem militantes como voce eu nao fico no Brasil mais.

xacal disse...

Mas como assim a Igreja só tem 58%?

Ué, com milhares de anos de tradição em queimar gente na fogueira, tortura, proibição de liberdade de pensamento(Index Proibitorum, sabes o que é, católico índio cléverson?), e depois, recentemente, com os escândalos abafados(e permitido pela "omissão")da pedofilia, escândalos financeiros, e por último, um mafioso enterrado em uma basílica romana...ufa! com todo este marketing de preservação de imagem, eu pergunto:

Só tem 58%?

Era para ter 110%, medidos não pela FGV, mas pelo instituto (im)Precisão!

Putz, qual será a fumaça que sai do incenso na Igreja do índio Cléversom...? Esse aí tá muito doido...

xacal disse...

Roberto Torres,

caro amigo, permita-se discordar de você:

a religião é dogma, verdade.

não admite nenhum tipo de questionamento.

isso é obscurantismo.

você pode se referir a uma prática religiosa não-obscurantista, que na verdade, como você mesmo falou, se afasta do eixo dogmático das religiões, de sua essência.

mas não há como escapar: acreditar em um ente metafísico, transcendente, é, per si, a própria acepção do obscurantismo, ainda que ele possa ser "light" ou "viril".

não há bom senso possível no senso religioso, porque ele não prova a si mesmo, a não ser pela fé, ou melhor, a sub-razão.

Roberto Torres disse...

Saudoso Amigo,

talvez voce tenha razao mesmo. Só o afastamento no núcleo dogmático permite alguma luz.

Mas talvez esse os dogmas nao sejam a essencia da religiao. Como talvez a instituicao religiosa nao seja tb a essencia. Claro que nao podemos ser ingênuos. Sem dogmas ancorados em instituicoes nao haveria as religioes existentes hoje.

Mas existem fenomenos como o individualismo religioso anti-institucional e anti-dogma tb. Claro que sao minoritários e se concentram, quase sempre, em países e classes sociais relativamente abastados.

Neste tipo de pratica parece nao haver mais o que a mera crenca em algo transcendental; a vontade de normatizar o mundo segundo dogmas inquestionáveis quase nao aparece.

Talvez este sentido transcendental seja mais a "essencial" (nao existe religiao sem ele, mas existe religiao sem dogmatica moral sobre o mundo no sentido das monoteístas que conhecemos)do que os dogmas.

Grande abraco,

Roberto

xacal disse...

Caro amigo Roberto, só para completar:

esse individualismo anti-institucional que você menciona nada mais é que um preguiçoso gnosticismo, uma "zona de conforto", do tipo: não quero questionar ou ter que me indispor para explicar meu ateísmo, aí, aceito a existência de algo transcendente para ficar bem com todo mundo, inclusive com deus se ele existir na forma que dizem...

está um pouco acima da sub-razão dos dogmáticos...talvez uma oitava acima, mas bem abaixo de qualquer razão.

seria um pragmatismo cínico, como toda forma de individualismo...

um abraço.