sábado, maio 18, 2013

Arquiteto questiona prêmio concedido ao programa Morar Feliz da PMCG

O arquiteto Renato Siqueira enviou ao blog o questionamento acompanhado do vídeo de matéria da InterTV que está nesta postagem:

"Não se pode enganar a todos todo o tempo."

"Caros, boa noite.
Me causaram, espanto e estranheza, a notícia midiática acerca da "premiação" recebida em Brasília, pela Prefeitura Municipal de Campos, especificamente conferida ao Programa Morar Feliz. O fato é que não se percebe nenhuma felicidade em seus moradores, aliás, não há espaço sequer para desenvolver essa suposta felicidade, pois não existe 0,50 m2 (meio metro quadrado) de área de lazer ou comunitária, em nenhum dos conjuntos que abriga as mais de 5.000 casas (fotos dos Conjuntos: Novo Eldorado, Tapera I e II)!

Em determinado conjunto habitacional, a área, em tese, destinada ao lazer e aos equipamentos urbanos comunitários, serve de pasto para cavalo. As ruas e calçadas estão em desacordo - estão menores - do que determina a Lei 7975/2007, Lei de Parcelamento Municipal. Também, há problemas quanto ao sistema de abastecimento de água nas caixas d´água das unidades, em muitas não há "força", obrigando as pessoas a buscarem meios alternativos para fazerem sua higiene e alimentação.

Não se percebem, também, as estações de tratamento de esgoto sanitário. Um surreal caso chama a atenção: um "bar" implantado em uma das quadras, ladeado por duas unidades habitacionais (ver foto).

O quadro sugere a infeliz institucionalização da "favela", pelo ente federado local, ou seja a Prefeitura, cujos efeitos indesejáveis poderão ser potencializados. Essas pessoas merecem respeito para realmente serem felizes, na conquista da casa própria e da dignidade tão sonhadas. Quais as razões de não haverem áreas comunitárias nos Conjuntos? É obrigatório pela Lei de Parcelamento, 7975/2007, Artigos 13, 22, 29, 31 e 32."

"Há algum tempo este "presente de Grego", chamado Morar Feliz, havia sido denunciado sobre algum dos riscos - rachaduras nas unidades habitacionais - que expõe determinado seguimento da população. O único prêmio cabível, penso eu, é o Troféu Abacaxi!

Abç.,
Renato César Arêas Siqueira."



7 comentários:

Lu Couto disse...

Bem, trabalho com algumas comunidades carentes, e não é isso que constato...
Apesar de não ser filiado a nenhum partido e me recusar a fazer isso, pois não confio nos políticos que temos, não significa que vou criticar negativamente todos os projetos existentes.
O fato de uma pessoa morar em um barraco, na no chão sem cimento , e um telhado cheio de goteiras e der repente se mudar para uma casa como a que a prefeitura esta oferecendo, já é motivo de grande felicidade... Meu amigo, pode ter certeza que as casas da prefeitura são melhores do que a do condomínio da Rodobens... Investigue de perto e verás... Erros em alguns projetos, isso sempre acontece, agora dizer que não há felicidade? Bem, os que reclamam devem ser os que tem mais de uma casa, ou que adquirem casas para revende-las, isso sim é que deveria ser investigado... Pessoas com mais de uma casa , outras que já tem moradia própria e recebem mais uma da prefeitura, agora dizer que os moradores estão insatisfeitos? Os que conheço estão na verdade muito contentes, e isso na experiencia de um simples e voluntário prestador de serviços a comunidade...
Investigue a distribuição errada ou suspeita...
abraço!

Anônimo disse...

Uma coisa q eu não consigo entender é para onde vai o esgoto dessas casas do morar feliz. No Novo Jockey, por exemplo, foram construídas mil casas, e lá não tem rede de esgoto, nem na parte antiga do Jockey tem , agora é q a Águas do Paraíba está colocando.

Anônimo disse...

Me perdoe o arquiteto Renato Siqueira, mas em princípio a felicidade não é medida em metros quadrados. Devemos ter cuidado ao afirmar se outra pessoa é ou não feliz sobretudo atrelando isto ao espaço físico que ela ocupa.

Quanto às críticas ao projeto e ao descumprimento da Lei, ele tem todo o direito de fazê-las e acho que o Dr. Renato tem razão. Do ponto de vista técnico, o projeto é infeliz (este sim). A descaracterização do espaço planejado e construído é regra em quase todos os conjuntos habitacionais de baixa renda. Sinal que os técnicos ainda não acharam o modelo ideal que atenda às famílias evitando alterações e adaptações improvisadas. Ou "favelização" como prefere o arquiteto.
Mas quanto à percepção de satisfação sugiro uma pesquisa. E até aí novamente temos que ter cuidado para colher os dados cientificamente.
Eu conheço somente uma pessoa que possui uma destas casas. Ele está muito satisfeito, logo, na minha tosca pesquisa teríamos 100% de "felicidade". Talvez o arquiteto conheça muitas pessoas e estas estejam insatisfeitas. O Comentarista ATOS parece conhecer outras tantas que estão satisfeitas. Porem, nenhum de nós tem dados concretos, apenas percepções. Melhor seria debater com dados mais precisos...

Unknown disse...

Este cidadão fala mal do projeto por nunca ter morado em meio a miseria, parecer tecnico é facil deitado em casa nobre, eu quero ver é morar na beira de um corrego e ter filho pequeno exposto a doença, a enchente e vir criticar um projeto destes, tenho parentes que vivem no morar feliz e são felizes, no mais posso dizer que para ter qualidade de vida é necessario o primeiro passo e este tem sido dado gradativamento rumo ao fim da miséria com incentivos e dignidade, é preciso reconhecer os problemas e mazelas sim, todavia sem criticar este maravilhoso projeto, me admira o senhor professor Roberto homem culto, dar espaço a este cuidadão que degrine algo que modifica a vida e realidade de tantos para melhor.

Anônimo disse...

Bola fora, Renato...

Renato C. A. Siqueira disse...

Prezados, Atos 3.19 e Anônimo 7:43, as observações que fazem acerca da felicidade são pertinentes e, concordo que não se resume no m2, somente, tão pouco foi isso que quis tratar em minha síntese. Cientificamente está comprovado que o homem se relaciona melhor em um meio saudável, o meio urbano, por exemplo, estando aí a condição básica para obter a tal felicidade, na habitação e bairro salubres, arborizados, com equipamentos comunitários, somando os outros componentes, dentre eles a aptidão para o trabalho, desenvolvido em centros sociais e a possibilidade de convívio de lazer com a sua família, estes ausentes em TODOS os Conjuntos Habitacionais, que por isso pecam por serem denominados "Morar Feliz", visto ser impossível que isso - a felicidade - aconteça trancafiado em uma residência, olhando para as paredes, mesmo que seja uma "mansão". Outra questão que merece destaque, diz respeito a referência do que realmente é adequado e, decididamente uma condição desumana não pode servir de parâmetro, como no caso citado "barraco no chão sem cimento". Para o caso, devem servir de parâmetro o que as condições técnicas e econômicas, permitidas pela legislação municipal podem oferecer, que diga-se de passagem é muito mais do que se tem feito, basta comparar, minimamente, com as áreas comunitárias de outros Conjuntos Habitacionais recentes, como o da Chatuba e o do HGG, hoje sucateadas, depredadas e "entregues" a animais para pasto! Sabem responder a razão? Quanto as reclamações, eu as tenho ouvido, principalmente, desde quando coordenei os trabalhos do Capítulo VI do nosso Plano Diretor Participativo, que trata da questão habitacional; este tem formulado em seus artigos as ações para reverter o quadro e, foi sumariamente ignorado, reeditando todas as mazelas nas mais de 5.000 casas, pior, continuará nas demais 4.000. Este é o alerta. Mas só pode enxergar isso quem não, apenas, lê a mídia propagandista oficial, mais do que saber ler, é preciso interpretar, mais do que isso, é preciso circular nos Conjuntos e conversar com as pessoas, é preciso trabalhar com o tema, isso eu fiz e faço. Portanto, gostem ou não do termo, está sendo implantado a "favelização institucional", são Conjuntos Habitacionais desprovidos de infra-estrutura para abrigar com dignidade, são Conjuntos Habitacionais sem abastecimento de água adequado, sem sistema de tratamento de esgoto, com casas "rachando". Caros, se formos fazer uma pesquisa científica, os dados serão catastróficos: nunca se gastou tanto, de forma tão imprópria. Visitem os Conjuntos Habitacionais e verão. Ou melhor, passem uma semana na companhia dos amigos que dizem ter nestes Conjuntos Habitacionais, duvido esboçarem o sorriso que supõem àqueles terem. Abraço.

Renato C. A. Siqueira disse...

Caro Jean Paul Haddad, graças à Deus nunca experimentei tais mazelas - parece que você também não - ao contrário, tenho combatido para oferecer, com o meu conhecimento adquirido nas trincheiras do trabalho com as comunidades carentes, por mais de seis anos, diretamente, que isso não ocorra mais. Modéstia à parte, não é pequena minha capacidade para indicar os caminhos, o que não parece ser o seu caso, devido considerar Conjuntos desprovidos de infra-estrutura como "maravilhoso". Ler sobre o assunto, sobretudo se conseguir passar uma semana com os seus "parentes", pelo visto, lhe fará muito bem, ou não. Forte abraço.