quarta-feira, setembro 20, 2017

A entrega do setor de gás no Brasil: da exploração à distribuição, desintegração no Brasil e verticalização e centralização no plano global através das corporações

O setor de gás do país está sendo desverticalizado e entregue aos pedaço às grandes players mundiais. Gerentes e técnicos destas corporações e do setor financeiro estão escrevendo para o governo, a nova regulação que passará a vigorar no Brasil. Para isso dar fechamento a isto, eles estão reunidos, hoje, no Hotel Grand Mercure Ibirapuera, em São Paulo.

As corporações globais exigem garantia de acesso ao Gás Natural (GN) explorado, controle absoluto sobre a tarifação e flexibilidade para entrar e sair do setor do forma e quando quiserem. Desejam ainda quase que uma independência da ANP e do ministério de Minas e Energia.

Desta forma, o setor mais estratégico de energia hoje (Gás Natural), passará no Brasil a ser controlado pelas grandes corporações mundiais que operam no setor de forma verticalizada, pouco se importando com os programas e projetos das nações.

São players globais que atuam de forma articulada com grandes fundos financeiros que possuem capacidade de aporte de recursos em capital fixo, desde que tenha flexibilidade e garantias de alta rentabilidade.

Esquema gráfico do movimento de desvertivalização e re-verticalização do setor de gás natural (GN) entre o nacional e o global. Autor: Roberto Moraes. Arte Maycon Lima. [1]





















O esquema gráfico cima resume este movimento entre desintegração do setor no Brasil e verticalização e centralização no plano global através da corporações globais (players) do setor.

O governo Temer e seus ministérios garantem e entregam tudo. Desta forma, o governo perderá sua capacidade de regular um setor estratégico que envolve desde a exploração/produção, logística de transporte (em que os gasodutos foram e continuam sendo entregues a estas corporações e fundos), indo até a distribuição e o consumo, obviamente nas cidades e regiões mais adensadas, onde o retorno é muito maior, sem se importar com os projetos industriais das regiões.

A grande corporação que articula este processo junto ao governo brasileiro é a franco-belga Engie, mas tem o apoio de fortes consultorias que atuam no setor de energia como a EY, PwC e Deloitte, com ajuda ainda do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) que apenas tem o país em seu nome.

É oportuno ainda ter clareza que se está trocando um monopólio estatal por um monopólio privado, na medida em que a atuação neste setor não está prevendo competição e concorrência. Uma lástima.


Referência:
[1] Fonte: Tese de doutorado do blogueiro (p.222): "A relação transescalar e multidimensional "Petróleo-Porto" como produtora de novas territorialidades". Março 2017 PPFH-UERJ.

PS.: Atualizado às 15:18: para acrescentar o último parágrafo.

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