sexta-feira, maio 25, 2018

Crise do diesel no Brasil: quem mais ganha com o acordo da turma do Temer são as tradings, petroleiras estrangeiras e o setor financeiro

O acordo anunciado pelo governo Temerário com os caminhoneiros - que deve ser observado se será cumprido - permite que se tenha clareza que não se tratava de uma crise de preços dos combustíveis, e sim do diesel.

Os preços do gás de cozinha (GLP) e a gasolina continuam como dantes.

O resultado é um ganho relativo para os caminhoneiros e mais amplo para os donos das empresas de transporte.

Porém, o mais estranho é ver o Brasil envolvido no que chamam de enorme crise fiscal, que gerou a suspensão dos limites de gastos públicos por uma década, decidir criar uma despesa de pelo menos R$ 5 bilhões, para subsidiar e garantir dividendos dos acionistas da Petrobras e ainda lucros para as tradings e demais petroleiras que atuam na importação e distribuição de derivados no Brasil.

Os bancos e fundos financeiros, que estão de olho nas refinarias que a Petrobras tenta vender, também comemoram a decisão que lhes garantem lucros com a atual política de preços da Petrobras.

Assim, quem mais sai ganhando do acordo nem são estes empresários do setor de transporte, mas as tradings que negociam combustíveis no país, as petroleiras que atuam na área e o setor financeiro que ampliarão sua atuação no setor, participando da aquisição de parte do parque de refino da Petrobras. Era isso que estava em jogo nas negociações e que Parente fez questão de garantir.

Olhado sob o ponto de vista fiscal e dos interesses do país, o quadro hoje, pós-acordo, parece bem pior que o de antes, por incrível que possa parecer, mesmo para os caminhoneiros e todos nós que dependemos dos custos dos fretes no país.

Assim, a “crise do diesel” no Brasil atual, reafirma, na prática, o que venho sustentando, o país se tornou, pós-golpe num dos maiores "cases" mundiais do neoliberalismo e do mercadismo com um governo plutocrata (governo comandado pelo grupo mais rico da população) que segue atuando como um "estado guardião dos interesses privados".


PS.: Atualizado às 11:44: Sobre as razões dos aumentos dos combustíveis verificar postagem do blog no dia 22 de maio de 2018: "A política de preços dos combustíveis de Temer/Parente só se explica pelo entreguismo". Disponível em: https://www.robertomoraes.com.br/2018/05/a-politica-de-precos-dos-combustiveis.html

PS.: Atualizado às 12:30: Matéria do Valor em 24/05, com o título "Vigente desde julho, política da estatal começou a dar resultados no 1º trimestre" sobre a posição do banco Santander sobre a política de preços de combustíveis da Petrobras. Os grifos em parte da matéria republicada abaixo são do blog. A matéria do Valor na íntegra do jornalista André Ramalho está disponível no link: http://www.valor.com.br/brasil/5546155/vigente-desde-julho-politica-da-estatal-comecou-dar-resultados-no-1-trimestre

"O Santander em relatório recente, anterior ao congelamento temporário dos preços, anunciado ontem, afirmava que a Petrobras vinha acompanhando de forma eficiente e "pragmática" as flutuações do petróleo e do câmbio. "Acreditamos que quaisquer mudanças significativas na política de preços da Petrobras podem ser negativamente recebidas pelo mercado, já que reduziriam a visibilidade da capacidade da empresa de gerar resultados positivos em seus principais negócios de refino", afirmaram os analistas Christian Audi e Gustavo Allevato. Eles defendem a política de preços é peça-chave para o sucesso do plano da Petrobras de vender quatro de suas refinarias."

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