quinta-feira, agosto 16, 2018

Alemã Siemens enxerga "o pré-sal como uma riqueza e uma janela de negócios”, fala em “reindustrialização do ERJ - capital da transição energética do Brasil" por conta da disponibilidade energia que inclui gás e eletricidade

Aqueles que frequentam este o blog sabem que por conta dos interesses e pesquisa do autor, ele acompanha os movimentos das corporações e dos capitais dos fundos financeiros sobre os setores de petróleo, energia e infraestrutura e indústria de apoio offshore e naval.

Nesta linha o blog vem reafirmado que as reservas do pré-sal potencializam uma nova fase de expansão do setor que mobilizam as players petroleiras e para-petroleiras que prestam serviços e apoio ao setor.

Desta forma, o blog descreve abaixo, destaca e comenta baixo trechos da entrevista do CEO da empresa alemã Siemens no Brasil, André Clark, concedeu hoje ao portal PetroNotícias.

As estratégias e objetivos expostos pela Siemens são demonstrações do que venho afirmando sobre o grande interesse de capitais e corporações que atuam no segmentos de energia, diante das oportunidades geradas pelo Brasil, a partir do pré-sal que inclui o gás-natural como energia de transição entre o petróleo e a eletrificação.

A alemã Siemens está há mais de um século no Brasil, onde atua em diversos setores - hoje com 5,5 trabalhadores - que atuam nas áreas de equipamentos de saúde, digitalização e infraestrutura onde a corporação ganha destaque na área de óleo e gás, se apresentando assim, como a "maior empresa de tecnologia integrada do Brasil".

No setor de energia, óleo e gás, a Siemens possui uma fábrica em Santa Bárbara (SP), uma unidade no bairro de Santa Cruz, Rio de Janeiro, onde produz e monta alguns equipamentos como turbinas, compressores e outros equipamentos offshore e também serve de bases para serviços preparação de montagens e manutenções da empresa.

Para viabilizar mais espaços para sua atuação no Brasil como uso de suas tecnologias e equipamentos, a Siemens decidiu, ainda em 2014, participar - com um terço do negócio - da empresa Gás Natural do Açu junto com a Prumo com a instalação de duas termelétricas no Porto do Açu. O negócio visou garantir o fornecimento das turbinas para as duas termelétricas. Segundo a Siemens o investimento será da ordem de 80 milhões de euros em cada térmica.

O presidente da Siemens no Brasil, André Clarck diz estar muito otimista com as atividades de exploração offshore no Brasil e revelou “o desejo de ampliar a capacidade industrial da companhia neste setor, ganhar projetos para com o Repetro produzir e montar uma parte grande de equipamentos no Brasil, e assim reativar e, eventualmente, até ampliar a capacidade industrial já existente”.

A Siemens tenta se colocar no mercado de tecnologia, equipamentos e sistemas concorrendo com a americana GE, oferecendo soluções para a exploração do pré-sal que envolve tecnologias. Uma inovação é a que incorpora o CO2, presença característica nos campos de petróleo e gás natural do pré-sal. Com uma tecnologia que diz ser eficiente e batizada como Echogen, a empresa informar que pode utilizar o CO2 aquecido na turbina quando e frio para ser reinjetado nos poços.

A matéria diz ainda que o CEO global da Siemens, o alemão, Joe Kaeser, afirmou, em recente visita a São Paulo, que a empresa pretende desembolsar 1 bilhão de euros nos próximos cinco anos no Brasil. “Se conseguimos acelerar mais, faremos o investimento em menor espaço de tempo". 

O executivo ressaltou a importância do petróleo no curto prazo. “Aparentemente, existe uma janela importante de uso dessas reservas. Ninguém sabe exatamente como irá se comportar os preços do barril. A janela do petróleo no Brasil deve ser aproveitada o quanto antes, porque é uma riqueza".

Porém, a Siemens, através do seu presidente no Brasil, André Clarck, faz um discurso direto para o ERJ. "O Rio seria a capital da transição energética do Brasil, porque grande parte dos reguladores e pensadores da comunidade da energia elétrica está na cidade. Quando olhamos para o óleo e gás, é a mesma coisa. Os reguladores, os think tanks e a Petrobrás estão aqui." 

Sobre o avanço da transição entre o óleo, gás e a eletricidade, Clarck diz: "Há três anos atrás, o mundo do petróleo quase não falava com o setor elétrico. Era raríssimo. E esses mundos estão se encontrando de uma forma muito relevante. A começar pelos investimentos que estão acontecendo agoraQuase todos os players que entraram no pré-sal têm ambições de utilities. Querem jogar o jogo da energia elétrica ou na conformação dessas duas coisas. Globalmente, os players como a Shell e a Total já se posicionam como provedores de energia, na forma que for. Isso virá para o Brasil. A própria Petrobrás começa a discutir sobre a transição energética”. 

A matéria do PetroNotícias diz ainda: " a Siemens trabalha com a hipótese de que essa transição possa gerar um impulso de crescimento no Brasil bastante interessante. No radar, estão duas “ondas”: a primeira seria o Repetro, que dará novo impulso à construção de equipamentos onshore e offshore. A onda número 2 é a disponibilidade de grande quantidade de fontes (eólica, solar, gás, biomassa, biogás). “Talvez, vejamos uma reindustrialização da região por conta desta disponibilidade energia. No longo prazo, é bastante alvissareiro. É para ser otimista”.

É evidente que a entrevista dá margem para a empresa fazer marketing e propor cenários interessantes que facilitem sua abordagem junto a outras empresa e articulações junto ao poder político (Estado). Porém, ela também permite fisgar um pouco das razões pelas quais a empresa pauta suas estratégias.

Assim, se vê que a Siemens fala em transição energética, mas está de olho nas oportunidades geradas a partir do pré-sal brasileiro visto como grande janela de negócios e oportunidades. O quadro como um todo serve para reforçar a interpretação sobre o potencial que o Brasil tem com suas reservas e com o advento de um novo ciclo petro-econômico.

As oportunidades podem estar sendo entregues para gerar lucros para as grandes corporações e o mercado e pouca serventia à nação, embora se saiba que a própria Petrobras sempre se valeu muito de tecnologias e equipamentos de empresas que chamo de várias para-petroleiras, que são aquelas que vivem de fornecer serviços, equipamentos e tecnologias para o setor de petróleo e gás.

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