quinta-feira, outubro 04, 2018

O petróleo como lubrificante do capitalismo e fator geopolítico indispensável para a manutenção da hegemonia dos EUA

Abaixo segue um esforço para fundir três informações numa única interpretação que envolve a escala global e nacional nesta fração do capital, o petróleo. Enquanto seguimos para a reta final do 1º turno no domingo no Brasil:


1) Um único poço produtor ainda na fase de teste - o de longa duração (TLD) -, no campo de Mero, localizado no bloco de Libra,, bacia de Santos e reserva do Pré-sal, atingiu a produção de 58 mil barris de óleo equivalente por dia (boed). Vou repetir. Um único poço com produção de quase 60 mil barris por dia. Um colosso!

Um colosso com exploração em águas ultraprofundas que permitirá a implantação de 4 sistemas de produção definitivos em Libra nos próximos anos. Cada um deles terá capacidade de produzir até 180 mil barris de petróleo por dia.

Tudo descoberto pela Petrobras no Pré-sal que está sendo entregue a preço de xepa pelo governo Temer e que o capitão, candidato dos banqueiros, pretende continuar privatizando a estatal.

2) O preço do barril de petróleo no mercado mundial oscilando acima de US$ 85. Os EUA de Trump como maior consumidor (cerca de 20 milhões de barris por dia) e que produz hoje, mesmo com o xisto cerca de 10,5 milhões de barris por dia, já sente os efeitos. 

Por conta disso, o presidente dos EUA, em discurso, na terça-feira, no Mississipi disse que a Arábia Saudita tem obrigação de ampliar sua produção de petróleo (atualmente na faixa dos 10 milhões de barris por dia) para evitar que o preço do barril cresça ainda mais, antes até de se iniciar o prometido embargo americano ao Irã, outro grande produtor no Oriente Médio. 

Para pressionar o rei saudita, Salman, Trump disse que a Arábia Saudita deveriam pagar pela proteção militar que recebem dos EUA. Trump ampliou o recado: "Sem nós, vocês não aguentariam duas semanas. Vocês têm que pagar pelos militares".

3) Os EUA estão aumentando a pressão contra o fornecimento de gás natural da Rússia para a Alemanha e outros países da Europa, através do gasoduto Nord Stream 2, em fase final de construção. 

Numa declaração conjunta assinada no final do ano passado entre Portugal e EUA, sobre a cooperação no GNL Marítimo, Economia Azul e Segurança Energética, as duas nações reconhecem a importância estratégica do Porto de Sines, como hub (distribuidor) de GNL atlântico. 

Assim os EUA garantem um caminho inverso de fornecimento de LNG através do Porto de Sines em Portugal que passaria a receber 30% do gás exportado de forma líquida (GNL) para atender os países da Europa que hoje dependem da energia oriunda basicamente da Rússia. 

Vale lembrar que com a grande produção do gás de xisto (shale gas), os EUA pretende enfrentar, ao mesmo tempo e geopoliticamente o fornecimento de gás da Rússia antes atendida pelos gasodutos (pipelines) e também oferece um destino (mercado) comercial com o transporte marítimo do gás liquefeito, produzido no terminal de GNL, Sabrine Passda, da Cheniere E.I, em Lousiana, na costa leste americana que eu chamo do principal Circuito Espacial do Petróleo nos EUA.

Assim, seguimos vendo o petróleo lubrificando o poder no sistema capitalista impondo seu poder e sua hegemonia de diferentes formas. 

No primeiro caso no Brasil, com o golpe político para acessar às magníficas reservas do pré-sal e no outro com as forças militares para obrigar ao fornecimento de petróleo para saciar a sede dos EUA disparado o maior consumidor do planeta.

De uma forma mais ou menos ampla, todos estes movimentos dependem e passam pela mediação política.

E o nosso voto mexe nas representações políticas do país que atuam nesse complexo tabuleiro da geopolítica e dessa forma altera o curso de nossas vidas.

Um comentário:

Fernando Camaz disse...

Roberto,
O texto é excelente consegue retratar vários tópicos de geopolítica. De forma clara, objetiva e didática. Cabe ao leitor pensar e refletir.
Saudações socioambientais.