terça-feira, março 05, 2024

Dominação tecnológica no capitalismo contemporâneo

Atualizando dados para uma mesa de debates que envolve a dominação tecnológica no capitalismo contemporâneo, observei que a soma de valores de mercado das 10 maiores corporações de tecnologia já equivale a 4 vezes à soma das 10 maiores petroleiras no mundo.

Há menos de um ano (nove meses) essa relação entre as dez maiores companhias de tecnologia e as dez maiores petroleiras do mundo era de três vezes.

Observa-se ainda que a maior corporação de tecnologia hoje, a Microsoft, vale 3,089 trilhões. 50% a mais que a maior petroleira, a Saudi Aramco que vale 2,023 trilhões. Só a Microsoft vale, ainda, 19% mais que a soma do valor de mercado das demais nove petroleiras.

Hoje, três das maiores corporações de tecnologia (Microsoft, Apple e Nvidia) valem, individualmente, mais que a petroleira saudita, Saudi Aramco. E oito das dez maiores corporações em valor de mercado do mundo são do setor de tecnologia. Tudo isso, num momento em que a Inteligência Artificial (IA) ainda dá os primeiros passos, em termos de captura e/ou geração de valor na economia em sua totalidade. 

Processo que venho chamando de “dominação tecnológica”, profundamente imbricado à “hegemonia financeira” no capitalismo contemporâneo com liderança do oligopólio das Big Techs que lutam e disputam dia-a-dia para avançar para monopólios que já se tornaram reais em alguns subsetores.

Vale ainda observar que se trata de dois setores transversais com enorme capacidade de atravessar todos os outros setores da economia e da vida em sociedade.

O setor de tecnologia digital como etapa contemporânea da reestruturação produtiva possui características multidimensionais e transescalares.

Além disso, tem o predicado de se espalhar e penetrar muito facilmente em rede nas diversas atividades humanas, seja como meio de produção (negócios e logística) ou como meio de comunicação, caso das conhecidas mídias digitais onde exerce a capacidade de influenciar nas potentes relações de poder e política, para além da economia.

Ou seja, no plano da superestrutura, mediado pela noção de totalidade, há ainda muito a ser analisado sobre o fenômeno contemporâneo da digitalização de quase tudo que vem transformando o capitalismo enquanto sistema nos diferentes espaços do mundo.

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