segunda-feira, março 25, 2013

Situação atual do Complexo de Barra do Furado

O simpático balneário fica no município de Quissamã e tem a divisa com o município de Campos estabelecida pelo Canal das Flechas. 

É em Barra do Furado que o consórcio Terra e Mar, formado pelas empresas Odebrecht, OAS e Queiróz Galvão está executando o projeto chamado de Complexo Logístico-industrial Barra do Furado.

O projeto consta de um porto através do canal das Flechas, aproveitando a estrutura já instalada em Barra do Furado e dele constaria, inicialmente, dois estaleiros e um porto para apoio offshore e transporte de cargas. 

O projeto do complexo consiste de uma PPP (Parceria Público Privada) que envolve as prefeituras dos dois municípios, o governo estadual estadual, o governo federal e um pool de empresas ligado ao setor de construção naval.

Pelo que foi observado do alto, num sobrevoo do blogueiro, no dia 13 de março, juntando com informações que o blog apurou, as obras estão em ritmo lento. 

O valor orçado para a execução do projeto de preparação do canal de entrada (com o by-pass) para o estaleiro, foi de cerca de R$ 175 milhões,sendo 70% de Campos e 30% de Quissamã. 

A imagem mostra de forma bem abrangente, a área urbanizada de Barra do Furado, o Canal das Flechas, outros canais de ligação ao mesmo, assim como o Lagamar e canais do lago do Farol, assim, como a praia "engordada" do lado de Barra do Furado, assim como a redução da praia, do outro lado, do canal, na direção do Farol.


Estes recursos estão sendo destinados para construção da casa de bombas, píer, que vai receber estrutura do sistema "send by pass" (transpasse de areia de Quissamã para Campos), e a estrutura do sistema.

Além dos R$ 175 milhões, também foram previstos R$ 50 milhões do governo federal, que serão destinados para boa parte da dragagem do Canal das Flechas e R$ 20 milhões do governo estadual, que serão utilizados para extensão do mole sul.

Segundo informações, mudanças que seriam necessárias e que já teriam sido sinalizadas pelo consórcio das três construtoras, elevariam o projeto para um valor num novo patamar entre R$ 400 e R$ 600 milhões.

Independente, do problemas das receitas dos royalties, os dois municípios já sinalizaram que não estão dispostos a bancar tamanha majoração no valor do projeto. Assim, os municípios estão buscando apoio estadual e especialmente, federal para empreitada.

A execução do seu projeto foi interrompido no seu início, por ausência de um dos licenciamentos (autorização) por parte da ANTAQ (Agência Nacional do Transportes Aquaviários) e SPU (Secretaria de Planejamento da União).

O blog também identifica que as empresas que estavam previstas para se instalar no complexo, o estaleiro coreano STX, estaleiro Eisa e Cassinú, a empresa de apoio offshore Edison Chouest, e o grupo brasileiro Alusa Galvão, já não estariam demonstrando o mesmo interesse de antes, por conta do desenvolvimento de outros projetos no Brasil e no exterior. 

Enfim, vale conferir a quantas anda o projeto de Barra do Furado. Assim, o blog sugere que gestores públicos, do consórcio privado, trabalhadores das obras e moradores daquela comunidade possam se posicionar sobre o empreendimento.

A base das obras do Complexo de Barra do Furado. A estrutura metálica para fazer o by-pass funcionar, jogando a areia acumulada na praia do lado de Quissamã, de volta para a praia do lado de Farol de São Tomé. A quantidade de trabalhadores é pequena, o ritmo é lento e as informações são de que há sérios problemas no projeto.

9 comentários:

douglas da mata disse...

Roberto,

A despeito das críticas que possamos tecer sob a falta de transparência destes negócios e subvenções públicas, eu tenho a impressão que:

Fica claro que o setor privado não se interesse por nada menos que a certeza de lucro estrondoso com risco quase zero.

O tal espírito animal, ou o gosto pelo empreendedorismo arrojado e desbravador são apenas isto: palavras e slogans.

Neste sentido, eu imagino que os governos têm pouca margem de manobra.

Ou entuba bilhões e bilhões na infra-estrutura, ou fica esperando o cenário ficar favorável ao gosto dos players privados.

Temos pressa.

Ao contrário do que dizem os néscios e fãs da privataria, o único setor que planeja, executa estrategicamente e aponta caminhos é o setor público.

Setor privado é mero parasita...ou seja, só vai na boa.

Se os esforços em logística não forem estatais, pouco ou nada teremos.

Anônimo disse...

Talvez o Grupo OGX poderia abraçar e impulsionar o referido Complexo, mas o trem parece sair do trilhos e o Complexo do Açu já gastou muita sinergia e tensão política trazendo imbróglio e desgraça para a Cidade de Campos dos Goytacazes.

douglas da mata disse...

Caro comentarista:

Favor ler, neste mesmo blog, os trechos da fala do novo patrão do senhor X, o banqueiro pactual.

a OGX acabou. Dali não sai mais nada, pelo menos não na conformação deste grupo empresarial.

O porto vai ser estatizado ou o governo vai ser fiador de um projeto totalmente vinculado a Petrobras e suas demandas.

Roberto Moraes disse...

Esta hipótese foi discutida lá atrás. Antes do grupo X, tentar montar o estaleiro em Santa Catarina, na localidade de Biguaçu.

Lá a resistência ao licenciamento ambiental foi grande e o projeto suspenso.

Há quem diga que todo este processo em SC, foi apenas para tirar do governo do ERJ, a ideia da desapropriação da área onde é hoje do DISJB (uma PPP entre governo ERJ - grupo EBX) que é levada a cabo pela Codin.

Bom recordar, que foi o fato de ter sido proibido o uso da Fazendo Caruara (4 mil ha) para uso do Complexo do Açu e instalação das Termelétricas, quando o Inea, avaliou os licenciamentos que gerou esta nova necessidade de área.

Antes de ir para SC, Eike mandou emissários conversar com os articuladores do projeto de Barra do Furado, para alocar ali o seu estaleiro (vendo todo este processo hoje, talvez, esta alternativa, fosse mais interessante e de menor impacto ambiental e social). Porém, os parceiros privados do projeto de Barra do Furado rechaçaram esta hipótese, porque, ela exigiria um novo licenciamento (EIA/Rima) e eles temiam perder o que haviam conquistado. As prefeituras de Quissamã e Campos, à época seguiram o entendimento dos grupos empresariais ligado ao setor naval que ali projetavam empreendimentos.

Seu comentário permitiu revisar estes registros.

O olho que tudo vê. disse...

Ou seja: Viva a Carla Machado sábia, muito sábia.

douglas da mata disse...

Incrível, Roberto, como apenas um pouco de bom senso é capaz de nos dotar de boas ferramentas para análises deste e de outros empreendimentos.

Longe do "wishful thinking" dos analistas de coleira, e dos fás apaixonados dos magnatas e sua fascinante e compreensível atração, basta enxergar as variáveis e entender que eventos não têm uma só causa ou efeito.

Como se diz: é bom descobrir que se tinha razão!

Dantas disse...

"Ao contrário do que dizem os néscios e fãs da privataria, o único setor que planeja, executa estrategicamente e aponta caminhos é o setor público.

Setor privado é mero parasita...ou seja, só vai na boa.

Se os esforços em logística não forem estatais, pouco ou nada teremos."

GSUISSSS...QQ ISSO MEU DEUSSSSS...

Eu concordo que cada um deve ter seu ponto de vista, inclusive é otimo isso, pois se todos fossemos iguais, que graça teria né. Mas uma coisa é ter ponto de vista, outro é ser lunatico (com todo respeito, Douglas).

Setor privado parasita?? Essa deve ter sido a maior sandice que eu ja li em pelo menos 17 anos que uso a tal da Internet (por sinal, não é estatal).

É, realmente é muito facil ser da iniciativa privada né, não existe pressao, não existe clientes, nao existe concorrencia, nao existe metas, é uma boa vida! E nem preciso me esforçar pra fazer concurso! Otarios aqueles concurseiros! Não sabem a boa vida que é a iniciativa privada!

E o empreendedor? Que vida mansa! Não paga impostos, abre uma empresa da noite pro dia, não enfrentar corrupção quase diaria de fiscais de todas as areas possiveis, nao precisa se preocupar com nada, é só encher o bolso de dinheiro! Realmente, só no brasil mesmo pra ter tanto vida boa assim né, nos outros paises não existe isso e o estado faz tudo! Ja viram o novo Lada dos camaradas sovieticos? Aquilo sim é um exemplo! Não existem parasitas privados la!

A outra maluquice foi o a de que só o estado vai investir em infraestrutura. Ora, se o estado é tão bom assim, porque não investiu desde que São Lula assumiu o poder com os Sagrados PTistas estatistas?
Realmente, o governo deveria ter feito esforços em infraestrutura, mas NÃO O FEZ, por incompetencia, burrice, sei la porque, mas não o fez. A prova de que são incompetentes é esse complexo da barra do furado, que nunca, repito NUNCA, vai sair do papel, pois onde o estado brasileiro mete o dedo tudo quebra. Tai a infraero pra provar, ou podemos pegar mais duas dezenas de modelos estatais que NÃO FUNCIONAM.

Eu ja disse, para mim é até pouco o que o BNDES coloca de investimento nos projetos do Açu. É o minimo que o tal capitalismo de estado deveria fazer e não o faz. Ao inves disso os mestres da economia "muderna" incentiva o endividamento da população como se isso fosse ser suficiente para manter o pais, gasta zilhoes com servidores publicos em um pais que não precisaria nem da metade destes! E o cara vem dizer que o SETOR PUBLICO EXECUTA ESTRATEGIAS????

Eu nao duvido que existem nichos de competencia no setor publico. Assim como existem incompetentes nas privadas. Agora dizer umas maluquices dessas pra força que realmente move uma nação é um absurdo. Parece coisa de quem nunca precisou de algo em uma repartição publica e ficou horas na fila, olhando a cara de má vontade do "servidor" (que quando faz um concurso deveria saber que é para SERVIR A POPULAÇÃO), isso quando não colam nas paredes que se vc reclamar VC PODE SER PRESO. Defender e acreditar nessas bizarrices é coisa de quem venera a URSS e não consegue ver o que ocorreu la.

Setor privado parasita...demais isso.

Ah, na sua resposta fique a vontade de me chamar de anta. É um "xingamento" antigo, e agora entendo porque voce costuma usar.

douglas da mata disse...

Roberto,

Eu confesso que estou cansado, mas por outro lado, não creio que seu blog mereça ser exposto a desinformação:

01- O gasto com as despesas correntes de pessoal/por habitante caiu desde Lula, embora ideologicamente, fosse o PT chamado de privatista.

02- A relação servidor público/habitante no Brasil é a menor entre os 20 países mais ricos do mundo. (fonte: Carta Capital).

Quer dizer, Roberto, este pessoal fica repetindo estes dogmas, e não tem nem o trabalho de procurar um pouco para não passarem vergonha.

Paradoxalmente, cresceram os concursos e a recuperação salarial das carreiras, mas como?

Ora, boa parte das terceirizações da era fernandista foram estancadas, que na verdade, em nome da "eficiência"(que nunca veio), encareceu a gestão do estado.

Para quem discordar, é bom ler Bresser Pereira (tucano).

02- No Brasil, nenhum esforço de implantação de estrutura logística ou de bens de capital, desde a década de 30 aconteceu por intervenção do setor privado.

Quando muito, os parasitas do setor privado foram sócios menores do Estado.

Nenhum quilômetro de estrada foi aberto pela iniciativa privada, nenhum porto, aeroporto, rodoviária, nada.

Nenhuma usina hidrelétrica. Nenhuma única linha de transmissão.

Todos esperando a teta do Estado para mamar, depois que tudo estiver prontinho.

Roberto, quem está insatisfeito com a vida privada, estude, faça concurso ou se mate! Pouco me importa.

Eu acho que as intempéries são compensadas pelo lucro, não? Ou o empresário faz tudo por dever cívico, e o desejo de "construir uma nação"? rsrs.

Pequena aula de História:

Em 2002, Lula herdou um país destroçado, com fuga de capitais, câmbio descontrolado, inflação em alta, juros nas alturas, desemprego, atividade econômica estagnada, reservas no buraco, FMI no cangote e nenhuma capacidade de investimento do Estado.

Com esta crise estrutural, e a tentativa de golpe em 2005, restou ao governo ampliar sua base social de apoio, e cumprir a promessa de incluir milhões de pessoas.

Foi a manobra do Titanic, que lhe foi entregue em rota de colisão com o iceberg.

Começamos a lançar, com Dilma, a plataforma de desenvolvimento sustentável, para desespero das viúvas de ffhhcc.

Sem aumentar os juros, com inflação sob controle, desemprego em baixa, e blablablabla que já repetimos a exaustão, mas estes idiotas não entendem.

Roberto, o nível de endividamento das famílias brasileiras é o menor entre o G20, e os BRICs.

Roberto, eu acho que moro em outro planeta:

Os campeões de reclamação são bancos privados, planos privados de saúde, telefonia, etc...todos do setor ultra-mega-hiper-plus "eficiente", tudo privado.

Tarifas de 1º mundo e serviços de 346º mundo.

Boa parte das empresas funcionam a base de sonegação, corrupção, violações ambientais, sanitárias, etc, para driblar a tão endeusada concorrência. E claro, cada setor, a seu modo, quer menos concorrência possível.

E este não é fenômeno nacional, temos na França, por exemplo, a Alstom, e na Alemanha, o escândalo Siemens.

E vai pela Enron, Lehman Brothers, bancos suíços lavando dinheiro do nazismo, HSBC lavando dinheiro do tráfico de armas e drogas nas Ilhas Jersey e na fronteira México-EEUU, em Ciudad Juarez(foi multado pela promotoria de NY, em um acordo de US$ 1.9 bi, uma merreca).

O mundo desmancha a olhos vistos, crise estrutural da privataria financista, e nós temos que continuar a ceder nossos ouvidos como penico.

Em tempo: com todos os erros e crimes cometidos pelo sistema soviético, a URSS deixou para trás em 1917 um país semi-feudal, para se transformar em potência militar e industrial, e que por ironia, ainda tem as naves que mandam estadunidenses ao espaço, enquanto as naves da NASA foram abandonadas pelo preço e o risco, pois mataram dezenas de astronautas, enquanto as russas não tiverem um incidente sequer.

Universidades de ponta, índices escolares espantosos, potência esportiva, etc.

Isto em 70 anos.

Fatos, Roberto, só fatos.

Adelmo H. Daumas disse...

Caro Douglas,

Sua argumentação é clara e estruturada. De fato os anos Lula e Dilma consolidaram uma nova classe média, quase extinguiram uma classe de miseráveis e isso não pode ficar impune para nosso empresariado escravocrata. Nem sei se vale a pena perder energia nesse tipo de discussão, essas "viúvas de FHC" não se conformam com a morte de um sistema. Porém, resta a discussão central que é o Complexo Farol/Barra do Furado. Aquém financiará a obra é um dos aspectos envolvidos nesse jogo, mas me deixa pasmo é o despreparo do poder público municipal (escravocratas resistentes), mais uma vez mostram sua face predatória. Temos uma sucessão de projetos que não são apreciados publicamente, obras de infra-estrutura que não são claramente definidas, invasão de propriedade particular e uma insegurança que paira sobre a população local. Termos um novo empreendimento predatório como foi no Porto do Açu? A vigilância aqui ( Barra do Furado e no Farol)
devia ser redobrada para evitar a reedição dessa violência ambiental e cultural.