terça-feira, julho 11, 2017

Anglo American quer ampliar mina para reduzir seu custo de produção de minério (US$ 27/ton), enquanto comunidade reclama dos impactos e questiona expansão

A Anglo American que possui uma mina no município de Conceição do Mato Dentro, MG e um mineroduto até o Açu, no Norte do Estado do Rio de Janeiro, onde faz o embarque para exportação do minério de ferro, confirmou ontem, através de seu presidente no Brasil, Ruben Fernandes, que o custo de produção de seu projeto é hoje de US$ 27 a tonelada.[1]

A divulgação deste valor confirma que a mineração e exportação do minério de ferro continuará a ser viável mesmo que o preço dele no mercado internacional caia para abaixo dos US$ 50, ainda este ano, segundo alguns analistas.

Para se ter uma ideia dos atuais ganhos da Anglo American, hoje (11 jul. 2017) o minério de ferro está valendo US$ 68,25 a tonelada, quase 120% do atual custo de produção.

A Anglo American informa ainda que produz hoje, um volume entre 16 e 18 milhões de toneladas anuais. Segundo Fernandes, para alcançar a produção planejada pela MMX, empresa que foi de Eike Batista, até o Sistema Minas-Rio ser vendido à mineradora, de 26,5 milhões de toneladas, será necessário a implantação da "fase 3" do projeto que demandaria R$ 1 bilhão em novos investimentos.

A fase 3 ainda depende de licenciamento que tem sido sistematicamente questionado pela população de Conceição de Mato Dentro, diante dos vários impactos decorrentes da implantação das fases anteriores do projeto, especialmente da Mina do Sapo ainda não compensadas e nem resolvidas. A Anglo American diz que só no final de 2019, poderia ser possível alcançar os 26,5 milhões de toneladas de produção.

Enquanto isto, o Projeto Rio-Minas é questionado por comunidades das regiões das minas extrativas que são contrários a sua expansão, por conta de vários impactos ambientais, sociais e de ameaças às lideranças da sociedade civil, que forma inclusive objeto de várias audiências públicas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Unidade de beneficiamento do minério para exportação
pela FerroPort através do T1 do Porto do Açu
O GESTA (Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais) da UFMG, organiza um Observatório de Conflitos Socioambientais  que também disponibiliza um mapa desas ocorrências no estado de Minas Gerais e vem há algum tempo questionando a ampliação da produção do Sistema Minas-Rio. (Veja aqui)

No Açu, o minério que chega sob a forma de pasta e depois é filtrado, desidratado e secado pela empresa FerroPort (uma sociedade entre a Anglo e a Prumo) há reclamações contra o minério que cai na água durante o embarque dos navios graneleiros e também por uma parte que é levada da área de secagem quando da ocorrência de ventos mais fortes na praia do Açu.

[1] ROSTAS, Renato. "Anglo American vê preço do minério ainda alto no ano - Prestes a iniciar última fase do Minas-Rio, presidente no Brasil crê em estabilidade da commodity". Valor, 10/07/2017, P. B5.

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