domingo, outubro 17, 2021

Super Bom -Barcelos & Cia. Ltda - (Norte Fluminense) cresce menos que média nacional do setor de supermercados

Ampliando e regionalizando a análise da postagem abaixo (feita no perfil do FB e colada abaixo) com dados da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) é possível observar que os Supermercados Super Bom (Região Campos e SJB no NF) ampliou seu faturamento de R$ 674 milhões em 2019 para R$ 733 milhões em 2020, segundo o ranking 2021.

Observa-se aí um crescimento do Super Bom de 8,7% no faturamento, num setor que cresceu 46% em 2020, em relação a 2019. O líder Carrefour cresceu cresce de 20%. O Super Bom, assim caiu da posição 57ª para 66ª na lista dos maiores supermercados do país.

Esse resultado não reflete a expansão de 13 para 15 lojas, de check-outs de 206 para 253 e de área de vendas de 19,7 mil para 25,3 mil m² do ano de 2019 para 2020. No que diz respeito ao número de funcionários, ele permaneceu, segundo informações da publicação, em 2.100 funcionários.

Esse menor faturamento apesar da expansão de lojas, área de venda e check-outs em relação à media dos supermercados no país no ano de 2020, pode estar ligado a dois fatores: empobrecimento da região e perda de espaço para os concorrentes. Neste caso, em especial, há que se observar o esquema de maior sucesso comercial conhecido como atacarejo, onde há outros fortes concorrentes no município, apesar do grupo Barcelos ter implantado uma loja neste esquema, instalado entre o bairro Imperial e Goytacazes, na direção da Baixada Campista. Também é possível que os dois fatores estejam se somando neste resultados.

Vale ainda observar que este setor de varejo de alimentação cresceu muito apesar da Pandemia e da violenta recessão econômica no país. É também um dos setores que mais investem em propaganda em rádio e TVs nas diversas regiões do país. Em 2020 este tipo de negócio movimentou R$ 554 bilhões, em 91.351 lojas, 47%, acima de 2019, algo próximo de 15% do PIB. Imagine de que estamos falando em termos de acesso a alimentos básicos e outros. Este setor de supermercado (hipermecado, varejo e atacarejo) ampliou enormemente a sua taxa de lucros e não apenas o faturamento.

Em 2020, o setor de supermercados anunciou que teve o maior lucro líquido da história no país. Apesar da enorme quantidade de grupos e empresas que atuam no setor a concentração vem crescendo, em especial no topo da lista dos maiores grupos, evidentemente. As 5 maiores corporações do setor já conseguem 31% de todo o faturamento nacional (R$ 554 bilhões). Quando passa para as 50 maiores isso equivale a 52%. Em 2018 era de 46,5%. Ou seja, a concentração está se ampliando.

Vale ainda comentar que este é um dos setores dentro do varejo (o de alimentos) o que mais jogou pesado a favor das chamadas "reformas da previdência e trabalhista" no Brasil, visando exatamente, ampliar a sua taxa de lucros. Fato que já pode ser percebido neste relatório/ranking de 2021. Interessante é identificar que isso se dá num setor que depende do volume de vendas e nº de compradores, em a maior distribuição de renda e melhores salários produzem resultados imediatos na ampliação das vendas. Porém, a lógica principal dos empresários do setor está calcada na "taxa de lucros" que passa por redução do peso do trabalho em seus negócios. Realidade também presente em outros setores do varejo (roupas - Riachuelo, Havan...; eletrodomésticos, farmácia, carros, papelaria, etc.

Enfim, estes dados servem a vários outros tipos de análise. Por exemplo, nº de funcionários. 2.100 empregados é um número expressivo. Um dos maiores empregadores privados do município, só atrás do setor púbico. Em que pese a rede ter se expandido e informar a manutenção do número de empregos, mostra que o discurso muitas é diverso da realidade. Quanto ao número de empregados, a comparação deve ser feita com a Coagro (cooperativa de produtores de cana-de-açúcar) que está operando a Usina Sapucaia, mas na média anual, descontada a sazonalidade, é possível que esteja em patamar próximo.

Outra questão é a localização das lojas e sua expansão, certamente, muito vinculada ao adensamento urbano nas vários direções da cidade, em especial nas vias de circulação em direção aos municípios vizinhos para os quais Campos dos Goytacazes, exerce uma centralidade e polaridade.


PS.: Postagem sobre matéria de O Globo em 16 out. 2021, p. 16: "Com lojas Extra, Assaí prevê vendas de R$ 100 bi".
:
Mais concentração e também rearranjo a partir dos bons resultados comerciais do atacarejo que arrasta mais concentração com ameaça a grupos regionais. Carrefour e Assaí vão se transformando em oligopólios dos supermercados.

Infográfico O Globo 16 out. 2021, p.16.

4 comentários:

Manoel Ribeiro disse...

Crescimento de 8% em um cenário de inflação de mesmo pecentual, significa que o crescimento líquido foi zero, certo?

Roberto Moraes disse...

Estes dados são de 2020, portanto, não se deve comparar o faturamento de 2020, com inflação de 2021.
Não quis me estender em análises econômicas maiores e sim em apresentar os dados principais presentes no ranking da Abras.

GUILHERME FONSECA disse...

Muito boa colocação professor Roberto Moraes sobre a concentração de capital no comércio do varejo. Professor, sou Guilherme do ILAESE ( Instituto Latino Americano de Estudos Sócio Econômicos) e estive lendo um texto mundo bom seu, sobre a "DISPUTA NO E-COMMERCE DE VAREJO NO BRASIL: ENTRE O INTANGÍVEL DO DIGITAL E A MATERIALIDADE DA INFRAESTRUTURA DE LOGÍSTICA" que está na internet e escrevemos uma matéria sobre " A centralização de capital nos serviços, comércio e comunicação" e e seus impactos no Brasil. Lá citamos sua observação pertinente como empresas estão de olho na logística nos Correios e a distribuição espacial nas sedes e bases da logística de players de varejo, e-commerce e correios. Gostaríamos de um endereço físico ou email para enviarmos o anuário estatístico de 2021 do nosso instituto e trocarmos opiniões. Abraços Guilherme.
Meu email: guilhermefon5660@gmail.com

Roberto Moraes disse...

Olá Guilherme,

Obrigado pelos comentários.

Abs