quarta-feira, março 29, 2006

Saindo do discurso único

Embora discordando, prefiro os que tiveram a coragem de assumir a posição contrária a vinda para cá do pólo petroquímico pelos receios e/ou certezas das conseqüências ambientais e sociais que o investimento do porte do pólo petroquímico trariam para a região do que daqueles que hoje dizem que é saudável e uma boa política pública a de repartir a riqueza gerada pela cadeia produtiva do petróleo aqui gerado. A priori vejo nesta argumentação pelo menos duas inconsistências: 1) A defesa da desconcentração da riqueza da cadeia do petróleo sem considerar o estímulo a concentração de investimentos na já congestionada região metropolitana do estado gerando mais migração a partir do interior e conseqüente desordem urbana; 2) Na era pós-petróleo na Bacia de Campos, no futuro daqui a vinte ou trinta anos, não haverá, por melhor que sejam investidos os recursos dos royalties do petróleo, como substituir esta atual receita, lembrando que os impostos municipais que os investimentos em agricultura, indústria ou serviço gerarão são infinitamente menores do que esta receita. Óbvio que é preferível o desenvolvimento regional baseados nas suas potencialidades do que mega-investimentos externos. Porém, a teoria, não pode ser aplicada ou interpretada de forma tacanha que desconsidere a situação de uma região sem similaridade no tempo e no espaço tanto no Brasil quanto no exterior. O debate que agora é só acadêmico porque a decisão que vale já foi tomada passará para a história e poderá ser motivo de estudos, teses e artigos, mas, precisa ser mais centrado na realidade do que no discurso único do desenvolvimento local desfocado do diagnóstico de cada situação.

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