quinta-feira, dezembro 21, 2006

Nossa “mão-de-obra não é competitiva”?

Esta declaração do presidente da Firjan que justificou a necessidade do empreendimento da empresa alemã Thyssen, que pretende executar o projeto de construção da siderúrgica CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico) em Itaguaí é surreal. Ele não ficou por aí. Disse também que “é natural que um empreendedor procure os seus meios para reduzir o custo de seu investimento e que a importação de 600 trabalhadores chineses é uma conseqüência deste preceito”. Em português claro, o que o Eduardo Eugênio quis dizer é que vale qualquer coisa para contratar um operário a preço vil, que neste caso, é o outro nome que se dá a esta palavrinha mágica chamada de competitividade. Isto ainda não é tudo. Pior: o vice-presidente da mesma Firjan, Carlos Mariani Bittencourt, afirma não ser a primeira vez que isso acontecerá. Que o mesmo procedimento já teria sido aceito há 30 anos, quando da parceria que viabilizou o Pólo Petroquímico de Triunfo e mais recentemente, uma siderúrgica da Vale do Rio Doce no Maranhão. Ainda sob impacto começo a imaginar que podemos estar vivendo, com este caso, uma mudança ainda mais acentuada de paradigmas, onde os investidores, depois de barganhar com os governos municipais, estaduais e federal, isenções fiscais e subsídios em troca da localização dos investimentos, passam a impor exigências, de liberação para importação de mão-de-obra, que na verdade era o canto da sereia para as autoridades. Estas ávidas por mostrar resultados de captação de investimentos com o lero-lero da geração dos empregos, de olho nos votos dos que sonhavam com o emprego, agora, por serem considerados “menos competitivos” ficarão literalmente a ver navios, que não serão os negreiros, mas provavelmente, também escravos de olhos espichados. Assim nossas autoridades estarão na prática oferecendo vantagens para outros ganharem dinheiro. Se não houver uma forte reação, não duvidem que boa parte da mão-de-obra para construir e montar o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro em Itaboraí tenha os olhinhos espichados tal qual o olho grande dos investidores. É bom ter os olhos vivos e bem abertos.

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