quarta-feira, maio 29, 2013

Indústria automobilística no mundo

Os estudiosos do tema dizem que o centro de gravidade da produção automobilística já mudou para os mercados chamados de emergentes. A China hoje produz 19 milhões de veículos, contra 10 milhões dos EUA e um pouco menos da produção combinada da Alemanha, Franca e Reino Unido.

A Ford anunciou fechamento de fábricas na Austrália, Bélgica e Reino Unido e abertura na Índia, Tailândia e Rússia e quatro novas unidades na China em sociedade com parceiro local.

A GM e VW também avançam na China e fecham fábricas na Europa. A reorganização da indústria automobilística segue assim para a Ásia. Os EUA, depois Europa e Japão por um século comandaram a produção de carros no mundo.

Os chamados mercados emergentes China, Rússia e Brasil acabaram por se mostrar um mercado mais atraente pela oporunidade de rápido crescimento.

Isto gerou a mudança dos centros de produção de automóveis, em contraponto à Europa e Japão que se tornaram menos competitivos aos olhos das montadoras, por conta dos seus custos.

No Brasil, a Fiat está se instalando em Pernambuco, próximo ao porto de Suape. A Nissan no polo automotivo do Sul Fluminense. A Hyundai em Piracicaba. A Honda fala em criar nova fábrica por conta do limite da capacidade instalada de sua fábrica também na cidade do interior paulista de Sumaré, de olho no que se estima de mercado brasileiro de 5 milhões de carros até o ano de 2020.

A mudança dos centros de produção de automóveis pelo mundo ajuda a explicar a demanda pela ampliação de portos nos continentes dos países emergentes. O fenômeno ocorre não apenas pelas fábricas de veículos, mas também por toda a cadeia produtiva de automóveis. Ainda no limiar deste novo século, as montadoras representam uma das cadeias produtivas que possui maior capacidade de arrasto no segmento industrial.

O outro problema que já começa a preocupar o segmento automobilístico é o envelhecimento da população que consome menos carros. Além disso, há também o menor interesse dos jovens dos tempos atuais pelo carro, quando comparado a um período não tão distante, em que o automóvel era disparado, o maior sonho de consumo da juventude.

PS.: Atualizado às 11:50 para mais uma última observação que entendo que não deveria deixar de ser feita sobre este assunto:
A matriz rodoviarista e o desprezo pelo transporte público é um problema não apenas ambiental, mas, de modelo de cidade e de vida. A imposição deste modelo aos países emergentes e, em especial, ao Brasil, pode ir se transformando num "buraco negro" (sem trocadilhos). Em 2009, com quase 3 milhões carros produzidos no país, o setor já possuía aproximadamente 20% do PIB nacional. Em troca dos empregos e de toda esta economia de arraste, as cidades grandes e média parece que vão ficando inviáveis.

PS.: Atualizado às 16:28: A Fiat, segundo anunciou o presidente de seu conselho, John Elkann, num fórum na França, deve vender pela primeira vez mais veículos este ano na América Latina do que na Europa.

4 comentários:

Anônimo disse...

Também são ajudados pelo dinheiro dos nossos impostos, mas, no caso abaixo, a Justiça condenou a Ford a devolver R$162 milhões ao Rio Grande do Sul:
http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2013/05/justica-condena-ford-pagar-r-162-milhoes-por-nao-instalar-fabrica-no-rs.html

Anônimo disse...

O objetivo não deveria ser que todo mundo tenha carro. Os pobres que ascendem social e economicamente querem isso. Temos que admitir que nesta demanda reprimida o desejo é legítimo. Mas a verdade é que não dá. Este modelo não dá, não se sustenta.
O objetivo não é todo pobre ter carro. Mas sim todo mundo andar de transporte público, inclusive os ricos.
Precisamos mudar de modelo. Precisamos parar de fabricar coisas para durar pouco.
Como disse em outro comentário: Precisamos investir em infraestrutura e flexibilizar o mercado de trabalho, escolarizar mais pessoas e melhor, abrir mercados para nossos produtos agropecuários.
De carros, precisamos menos.

Roberto Moraes disse...

Concordo, o problema é que uma inversão desta não é simples.

Veja que se trata de um setor que movimenta 20% de todo o nosso PIB.

Isto é ruim, mas, é fato.

Não vejo condições em se virar o jogo de uma hora para outra, mas, seria interessante começar a inverter o processo, mesmo que fosse, inicialmente, crescendo menos esta dependência do carro.

Para isto, precisamos de uma revolução no transporte público de todos os tipos e ligado aos três níveis de governo.

Esta tarefa não é simples com a autonomia de cidades e estados em suas políticas locais e regionais, que envolvem interesses (entre outros, o não menos legítimo, mas, real, da reeleição dos que estão no cargos).

Projetos de grandes infraestruturas e transportes costumam ter maturação longa, para debate com a comunidade, bom projeto executivo, correta licitação e fiscalizada construção.

Isto tudo leva tempo, quase sempre superior aos dos dois mandatos.

Daí que as soluções mirabolantes surgem como alternativas para população necessitada delas e do gestor interessado no seu apoio.

É dento disto que temos que caminhar, mas, é importante que as autoridades e a sociedade tenham cada vez mais noção das causas e consequências de suas escolhas.

Sigamos em frente no debate!

Anônimo disse...

Pois é professor. Não há sinais da inversão deste modelo. Antes, o contrário.
A concentração de automóveis recrudesce dia a dia. Não sei aonde vamos parar. Ou melhor: vamos parar!