terça-feira, agosto 08, 2017

Os ciclos longos, a conjuntura e as estratégias para o futuro

Com frequência são formuladas críticas quando alguém se dispõe a pensar a conjuntura numa lógica de ciclos longos. É comum taxar este processo como uma tentativa de fuga do embate sobre o cotidiano e o presente, onde, normalmente cabe mais a luta, do que o pensamento e as ideias, muito embora esta separação seja irreal, a não ser para permitir a interpretação.

Algumas vezes esta crítica tem fundamento, mas nem sempre.

Pensar os movimentos mais gerais e ter a noção de totalidade para enxergar direções - mais que estratégias ou caminhos - parece ainda mais necessário, em períodos de crise ou de mudanças de paradigmas.

Pode parece contraditório a visão dos ciclos com a mudança de paradigmas elaborada por Thomas Khun. Mas os ciclos não devem ser vistos de forma linear. Eles são não uniformes, mas cíclicos. 

As tecnologias oferecem devaneios e ilusões que embotam as compreensões. O sistema informacional digital parece que trouxe mais dificuldades de interpretação da realidade que antes.

Em meio ao excesso de informações é comum encontrar quem esteja mais desinformado que antes. Simultaneamente seus dados e sua vida estão mais devassados do que em qualquer outra época da humanidade.

Não é simples perceber onde caminha o movimento presente dentro dos ciclos longos. O afastamento temporal oferece mais bases para se interpretar o movimento cíclico.

A interpretação do processo cíclico, não impede o esforço em modificar a conjuntura. Ao contrário. 

O ciclo não quer dizer o retorno sempre ao mesmo ponto de partida, quando se trata de fenômeno social e/ou político. Mas cíclico pela existência das fases de auge e de colapso. Ciclo que caminha se alternando em fases e não rodando sobre o mesmo ponto.

A visão de totalidade e dos ciclos longos me parecem, elementos indispensáveis não apenas para compreender o presente, mas para se definir as estratégias de luta para o futuro.

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