terça-feira, maio 07, 2019

Geopolítica da "reeletrificação" e as transformações no território

Estou em Évora, Portugal participando do V Simpósio sobre história de eletrificação que tem o tema: "Eletricidade, Cidades e Quotidianos". Aqui apresentei a comunicação “A geopolítica da ´reeletrificação´ e as transformações territoriais”.

Apresentação no Simpósio em Évora em 6 maio de 2019.  
No evento, embora mais ligado à história, eu procurei olhar o passado com o viés da retrospectiva e de cenários e prospecções sobre hipóteses sobre o futuro.

No dia 17 de março quando ainda escrevia sobre essa comunicação para esse simpósio de Évora, eu escrevi nesse espaço o texto "A “era pós-petróleo”, a “reeletrificação”, os ciclos históricos e o potencial do Brasil no sistema-mundo" que pode ser lido aqui neste link do blog.

Assim, eu sustentei a hipótese de que um século depois se vive um processo de “neoeletrificação” onde as energias renováveis e o gás natural como fontes primárias alimentam o uso da eletricidade para o consumo industrial, pessoal, serviços e agora cada vez mais, nos transportes.

A “reeletrificação” representa um processo com continuidades e descontinuidades, em relação à aquele quando do início da eletrificação no mundo, que ajudou a constituir circuitos econômicos e produziu as aglomerações urbanas e a metropolização como conhecemos.

A neoeletrificação se dá em novas bases, onde junto da intensificação do uso da eletricidade se tem a digitalização e uma sociedade mais complexa no capitalismo contemporâneo.

O capital se ajusta e busca se reorganizar nesta nova fração, onde buscará mais acumulações em outras atividades que usam o territórios com investimentos em novas tecnologias, equipamentos e redes.

Estratégias de reprodução no capitalismo contemporâneo a partir das frações.
Elaboração do autor. Arte: Maycon Aguiar.
Novas estratégias de reprodução e acumulação no capitalismo são desenvolvidas num movimento entre as frações do capital como mostra a figura ao lado que consta do texto. Tem-se aí a junção da produção de valor e o uso de novos circuitos espaciais de produção que se movimenta entre os setores econômicos, nesse caso vinculado à energia.

A descarbonização com menor uso do petróleo será gradual e passará pelo combustível de transição, o gás natural, que hoje é transportado cada vez mais, de forma líquida (LNG), através de navios e não apenas de dutos e desemboca também na geração de eletricidades para o consumo de energia.

Até 2040, a previsão ainda é de maior produção e consumo de petróleo, que paulatinamente deixará de ser usado como combustível para o transporte que passará gradualmente para a eletricidade e o combustível fóssil passará para os petroquímicos e fertilizantes para a produção de alimentos entre outros produtos.

Ao mesmo tempo que se discute a “reeletrificação”, o mundo ainda possui 1/6 da população do planeta (1,2 bilhão de pessoas) sem acesso à eletricidade, onde se observa mais uma das contradições do capitalismo e um desenvolvimento desigual e combinado.

Enfim, um debate sobre hipóteses a respeito da gradual migração energética com a ampliação do peso da eletricidade na produção material e na transformação da vida urbana e social, quando a superação do capitalismo enquanto regime, continua sendo uma utopia a ser perseguida.

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