sexta-feira, agosto 28, 2020

Moradores de Conceição do Mato Dentro (MG), além de atingidos são perseguidos pela Anglo American

Eu conheci os moradores de Conceição de Mato Dentro, MG, no encontro dos atingidos pelo sistema de mineração da Anglo American que se estende até o Porto do Açu no ERJ.

O sistema desenhado por Eike Batista e vendido à mineradora anglo-sul-africana é hoje operado em consórcio que possui uma mina em Conceição do Mato Dentro, uma unidade de extração e beneficiamento de minério, que sai daquela cidade e é enviado pelo mineroduto de 522 quilômetros até o Porto do Açu, onde, a polpa de minério é filtrada, secada e exportada.

O segundo encontro que reuniu atingidos pelo sistema Anglo American/Ferroport/Prumo, em Minas Gerais e no Açu, no ERJ, aconteceu há exatos sete anos, em agosto de 2013. [Aqui postagem do blog]. Depois estivemos novamente juntos, num seminário internacional de direito empresarial na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), onde os problemas, as agressões e a resistência foram relatadas mais uma vez, em busca de apoio aos direitos dessas comunidades.

Durante todo esse tempo, as agressões cresceram,, assim como a pressão contra os moradores que resistem ao poderio da mineradora.

Por duas vezes o mineroduto apresentou vazamentos e atingiu rios e córregos. A extração de minério ficou interrompida mais de seis meses  Além disso, os moradores estão em alerta por conta da qualidade e proteção da barragem de rejeitos, temendo problemas similares ao do conhecido crime da Vale, em Brumadinho.

Neste meio tempo, os moradores e pequenos produtores rurais de Conceição de Mato Dentro seguem sofrem as consequências do empreendimento e da forma de atuação violenta da corporação Anglo American. Cortes seguidos de água, impedimento de acesso a vias que eram públicas, ruído intenso da unidade de beneficiamento, etc. Os moradores resistem e questionam em diversos fóruns.

A atual gestão estadual de Romeu Zema diariamente se afirma como inimigo dessas pessoas simples do interior mineiro e também destas comunidades. Junto com a sua equipe ele olha e defende apenas os interesses da corporação. Agora, além de tudo isso, a Anglo American se nega a conversar com os moradores e ainda processa aqueles que resistem em defesa de seus direito agredidos.

É tudo muito desigual e violento e muitas vezes com apoio da própria Justiça. Com frequência a Justiça requisita reforço policial para cumprimento da diligência, através de oficiais de Justiça. Além disso, ainda requisita auxílio de funcionários da própria empresa Anglo American, que é parte no processo, para garantir o cumprimento da diligência judicial. Um escárnio. Clique [aqui] e saiba mais detalhes sobre tudo isso no site "Barragens Alerta".

Foto do Brasil de Fato.
No próximo dia 1 de setembro de 2020 está prevista mais uma audiência conciliatória entre a Anglo American e pessoas da comunidade que se tornaram réus na ação judicial de caráter inibitório movida pela empresa.

Além das manifestações, os moradores organizaram também um abaixo assinado eletrônico no AVAAZ [aqui], através do qual buscam adesões à sua luta. Eles querem  "demonstrar repudio à atitude da empresa mineradora que tenta amordaçar os atingidos já massacrados".

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