Esse blog teve a sua primeira postagem no dia 10 de agosto de 2004. Hoje ele completa a sua maioridade. Nos aniversários anteriores, eu já confessei que ele nasceu como uma espécie de arquivo pessoal público. Um espaço digital para guardar dados, informações e análises que permitisse acesso público. Eram poucos acessos ou visitas diárias e isso nunca importou muito. Era mais curiosidade.
Me recordo na época que a Big Tech, Microsoft, fazia propaganda do seu pacote de softwares que depois passou a se chamar office (de escritório). Um processador de textos (word); uma planilha eletrônica (excel) e um banco de dados (acess). Esse terceiro não emplacou e depois vieram os pen drives, HDs externos, as nuvens, etc.
Os blogs logo se popularizaram e depois se misturaram a outros tipos de mídias sociais para comunicação, um prato cheio para as Big Techs que há muito tempo vinham atrás da captura de dados e conteúdos para uso em propaganda digital direcionada e para treinamento de máquina dos vários tipos de processadores que passaram depois a serem chamados de inteligência artificial.
Hoje, esse espaço digital não tem mais o sentido que teve quando de sua criação em 2004. Ainda assim, fui mantendo o espaço, embora com bem menos postagens que antes. No entanto, os acessos diários que não são poucos, da ordem de 3/4 mil, tem ultimamente se multiplicado algumas vezes, chegando a 10/15 mil por dia. Não credito esse número de acessos ao interesse pelo seu conteúdo.
Observando a origem (país) destes acessos externos, desconfio que boa parte deles, em especial, os mais recentes são de outros países. Visitas do Brasil estão na terceira posição, o que me leva a concluir que a quase totalidade dela, vem de robôs que devem exercer a captura automática de conteúdos para o treinamento de máquina (aprendizadem de máquina, machine learning).
A origem disparada da maioria dos acessos dos últimos seis meses é dos EUA (43%), depois Singapura (13%) e só depois Brasil com 6%. Outros 38% de dezenas de outros países, o que reforça a intuição de acessos por robôs para armazenagem de conteúdos em datacenters que alimentam o treinamento de máquinas e pela localização dos Big Datas (datacenters).
Essa constatação me faz pensar em deixar de lado esse espaço digital que acaba servindo a interesses não desejados em sua origem. Outra razão para a desistência é o uso das redes socais para semelhantes publicações e comunicações antes feita no espaço do blog.
Muitos bons blogs deixaram de existir e foram substituídos por perfis nas várias redes sociais hoje existentes. Elas são mais ágeis na comunicação e distribuição, mas servem igualmente à captura de conteúdos com fins de publicidade, treinamento de máquinas e algoritmos.
Ou seja, atendem igualmente à vampirização das gigantes corporações de tecnologia que vivem do trabalho alheio. De outro lado, há que se pensar que se as máquinas forem treinadas apenas com conteúdos conservadores, neoliberais e de direita, os resultados das IA serão ainda piores do que o cenário estão nos apontando (sic).
Além disso, com o formato das redes socais seus algorítmos acabam por esconder muitas de nossas postagens antigas que se tornam extremamente difíceis de localizar, ao contrário do que acontece com o formato do blog, mesmo que esses estejam em nuvens e sobre o controle das gigantes corporações de tecnologia.
Se bem, que a atual forma de localização (busca) de postagens antigas, mesmo do blog, ficaram hoje bem mais difíceis que antes. Eu me utilizo bastante dos registros e postagens antigas destes 21 anos como uma espécie de arquivo pessoal, razão da criação do blog. A forma de localizar era, relativamente, fácil. Ia ao buscador da Google, colocava o nome do blog e algumas palavras-chave e aparecia entre as opções aquela(s) que me interessava(m) sob a forma de links em sequência.
Hoje, essa estratégia se tornou ineficiente. A busca na Google é atendida diretamente com uma resposta pela sua IA (Google AI ou Gemini). As opções dos links ficam abaixo e o algoritmo de buscas ficou imprestável, exatamente para o usuário ter que intensificar e treinar o conteúdo de sua IA.
Ou seja, capturaram o seu conteúdo que passam a ser as suas respostas da IA sem dar acesso direto ao seu material ou sua postagem. Verdade que desde que iniciei o blog sabia deste risco, porque uso um serviço gratuito (Blogger da Google) e quando isso acontece você e seu material se tornam produtos dessa companhia, apesar de há muito ter passado a utilizar um domínio próprio (robertomoraes.com.br) registrado no Comitê Gestor de Internet no Brasil (Nic do Registro.br). Para fugir desse problema, eu teria que alugar uma hospedagem própria do blog que demandaria recursos financeiros e técnicos para administrar e dar alguma manutenção no serviço de hospedagem que aqui é feita pela Blogger da Google.
Diante deessa realidade que divido aqui com vocês, acredito que ela acabe levando à sensação de que há mais razões para suspender o blog do que para mantê-lo, até porque por óbvio, ele hoje já está mais próximo do seu fim do que do começo (sic).
Porém, há, de outro lado, um sentimento de resistência, meio que inexplicável. Tenho dito aqui em vários artigos (postagens) que a saída para a distopia atual não é a anti tecnologia. Não vamos repetir os ludistas (Ned Ludd) que há dois séculos em Londres, organizou grupos de trabalhadores para quebrarem as máquinas com a depois chamada Revolução Industrial, por conta do impacto das mesmas sobre parte do trabalho operário. A história sempre ensina. Embora eu avalie que a distopia e os impactos atuais da tecnologia digital pareçam bem maiores e não apenas sobre o trabalho e os trabalhadores.
Enfim, por enquanto, vamos seguindo em frente, outro lema aqui adotado, junto da frase do poeta espanhol Antonio Machado: "Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao andar".
Penso que as informações, reflexões e análises aqui são compartilhadas com muita gente que sequer conheço e geram movas informações e análises que saem dessa interação digital e/ou física, a partir do que aqui é publicado ou republicado de outros. Aliás, muitos que leem o blog, não o fazem no endereço do mesmo e sim nos meus perfis nas redes sociais que sempre foram utilizadas com os mesmos propósitos do blog.
Outros sites e blogs republicam textos aqui originados e vice-versa. E essa interação nos movem. E como seres humanos, mesmo com intermediação da tecnologia e das máquinas, nós sempre vivemos em movimento. Tal como ocorrem com as bicicletas, se pararmos de movimentar caímos.
Nestes 21 anos foram 19.353 postagens (incluindo essa). Alguma coisa interessante, entre muitas bobagens e brincadeiras. O total de visitantes (12,2 milhões de acessos) é um número pouco confiável. Primeiro porque sua contabilidade só foi instalada após um bom tempo de vida do blog e, além disso, muito dos acessos ao material das postagens, em especial da última década (mais ou menos a partir de 2015), foram feitas e comentadas nas redes sociais, em especial no Facebook, e/ou no Instagram e depois no X (Twitter), onde as interações e diálogos são mais frequentes e rápidas que nos espaços de comentário no blog, que com o tempo, passou a exigir uma moderação prévia, por conta de propagandas e/ou ofensas a terceiros e ao próprio autor do blog.
Enfim, mais uma vez agradeço a todos e todas que colaboraram e continuam colaborando com a existência desse espaço digital crítico. Nas passagens de outros 10 de agosto, eu escrevi outras coisas sobre a gênese e sobre a visão que tenho desse espaço. Se desejar leia aqui nesse link uma dessas reflexões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário