sexta-feira, novembro 28, 2008

Um rio cada vez mais perto do fim...

O blogueiro, ecologista e petroleiro, e ainda articulista deste blog, Luiz Felipe Muniz, nos remeteu um breve artigo, sobre mais este caos vivido em função dos problemas em nosso rio Paraíba do Sul: Um rio cada vez mais perto do fim... Luiz Felipe Muniz de Souza Advogado e Ecologista - lfmunizz@gmail.com - http://luizfelipemunizdesouza.zip.net/ - Campos, 27/11/2008. De certa forma a catástrofe em Santa Catarina está minimizando o grave crime ambiental cometido pela empresa Servatis, sediada em Resende, responsável pelo vazamento do inseticida Endosulfan, no Rio Pirapetinga, afluente do Rio Paraíba do Sul. Mesmo com as chuvas torrenciais que caem no dia de hoje (27/11) na região de Campos dos Goytacazes, já há vários locais sem o fornecimento de água potável devido à interrupção da captação pelas concessionárias e o racionamento na distribuição. Várias comunidades pesqueiras afetadas estão impedidas de trabalhar e nem sabem ao certo quando poderão retornar, pois a ação do inseticida, mesmo tão distante do ponto em que foi despejado pelos criminosos, e mesmo estando tão diluído – devido ao volume do próprio Rio Paraíba do Sul e devido ao volume d’água das intensas chuvas regionais –, continua provocando mortandade de peixes em toda a foz do Paraíba do Sul, e nas praias do município de São João da Barra e de São Francisco do Itabapoana. Os criminosos ambientais, que inicialmente se omitiram e mentiram sobre a quantidade do produto arremessado no rio, depois admitiram que foi uma quantidade 10 vezes maior do que a declarada, diante de tantos peixes mortos! Na foz do Rio Paraíba do Sul, em sua margem esquerda, ainda resta um rico e único manguezal, que ano após ano insiste em resistir às agressões infindáveis da ganância e da irresponsabilidade humanas. Boa parte do pescado regional produzido no mar e no próprio Rio Paraíba é resultado do fabuloso serviço de regeneração, desova, criação, alimentação e amortecimento da ação do mar, promovido por este fabuloso ecossistema, o Mangue de Gargaú. O pior de tudo é que produtos químicos como o inseticida Endosulfan e outros tantos – como aqueles que estavam diluídos na borra despejada pela “Cataguazes Celulose” anos atrás –, além de promoverem mortandade imediata de boa parte da fauna e da flora, entram definitivamente na cadeia biológica de todos os ecossistemas associados ao Rio Paraíba do Sul e de todos os seres que sobreviveram ao evento, incluindo os humanos consumidores de pescados e frutos do mar!!! Até quando será que o Planeta irá suportar a presença destes mamíferos débeis (os humanos) na Biosfera? Penso que as Mudanças Climáticas, em nítido e veloz processo de desconstrução urbana e rural, já sinaliza bem qual é a sua intenção?! O quê você acha? Com a palavra o Ministério Público Estadual e Federal, a Feema, as Secretarias de Meio Ambiente, o Ibama, o Prefeito, o Governador, o Ministro do Meio Ambiente, o Poder Judiciário, os Vereadores, os Deputados, o Presidente da República...!!

2 comentários:

Anônimo disse...

Comentei no Blog do articulista e reproduzo aqui:
Felipe, ótimas colocações. O pior é que não adianta tentar consertar o estrago já feito. E o pior ainda é que não adianta punir: a multa aplicada à empresa poluidora de 33 milhões de Reais dificilmente será paga, com as dezenas de recursos e estratégias jurídicas existentes neste país (ao alcance só de quem pode...).
Já as chuvas que estão aí são cíclicas... mas com a severidade cada vez maior é óbvio que a ação humana está por trás disso tudo também!
Abs.

Anônimo disse...

Prof. Roberto Moraes e amigos do blog:

É inaceitável compactuar com desastres anunciados como este!

Já não é a primeira vez que somos expectadores de situações semelhantes e que apesar dos danos já sabidos à cadeia ecológica, não há, até o momento uma política municipal (e não estou falando somente de nosso município), digamos, descentralizada, para prevenir o impacto de tais acontecimentos.

Diversas indústrias semelhantes poderão repetir tais acontecimentos talvez, em escalas cada vez mais crescentes de destruição, tornando a sustentação da vida no Paraíba do Sul impraticável, o que gerará desenfreada e irremediáveis consequências ecológicas e econômicas à região.

Talvez o poder público não tenha tanta "vontade" de exercer digamos, fiscalização de tais indústrias, devido ao fato de nossa região e adjascências não viverem diretamente da extração de recursos totalmente oriundos do Paraíba do Sul.

Seria necessário o comprometimento de todos os municípios banhados pelo referido rio e seus afluentes para que com sinergia de trabalho, pudessem atuar de forma fiscalizadora e preventiva para que tais situações não fossem tão corriqueiras e reincidentes.

Com relação aos impactos ecológicos, este pode ter sido o maior acidente ecológico a qual o Rio Paraíba do Sul tenha passado até o momento.

Uma vergonha regada pela falta de compromisso daqueles que deveriam zelar por aqueles que dependem das intervenções humanas para garantia da vida.

Já passou da hora de encarar os crimes contra a natureza como crimes contra a humanidade.

Abraços a todos.