segunda-feira, dezembro 03, 2012

Projeto do aeromóvel em Campos

Como o blog já informou aqui em 27 de outubro de 2012, o projeto foi desenvolvido pelo professor da UFRJ e ex-diretor do Metrô do Rio e engenheiro em transportes, Fernando Mac Dowell. 

Duas versões foram projetadas. Uma mais extensa que chega a 14 quilômetros e outra, alternativa, mais curta e mais barata.

O projeto concorre junto com outros municípios de médio porte (entre 250 mil e 700 mil habitantes) num edital do PAC Mobilidade do governo federal. O projeto de Campos foi aprovado numa seleção preliminar e avançou para nova fase de seleção.

O governo federal ainda não sinalizou como será sua forma de apoio. Sabe-se que foram reservados R$ 7,5 bilhões para serem disponibilizados para os projetos que forem contemplados na seleção.

O apoio deverá ser sob a forma de contrapartida, onde, o município apresenta o desenho financeiro para o projeto identificando custos de construção, previsão de usuários, tarifa média, etc. 

Assim, o governo federal decidirá o aporte que vai fazer para cada projeto aprovado, devendo haver como exigência um aporte de recursos como contrapartida da prefeitura, ficando o futuro operador do sistema com outros compromissos.

Entre os itens e critérios da seleção dos projetos estão o retorno social do investimento, menor impacto ambiental, (incluindo de forma comparada o uso de outros sistemas, como o rodoviário), os valores da tarifa entre outros. 
Design do Aeromóvel apresentado pelo eng. Mac Dowell

O projeto de Campos foi apresentado em Brasília no dia 29 de outubro, quando foi sabatinado e submetido à análise. 

A previsão é que o resultado desta seleção dos estudos apresentados por 75 municípios, no “PAC-2 Mobilidades Médias Ciades-2012” saia até o dia 14 de dezembro. Só depois de aprovado o estudo é que será elaborado o projeto executivo que norteará a implantação do mesmo.

O custo estimado para este tipo de sistema, o aeromóvel é de aproximadamente R$ 30 milhões por quilômetro, podendo ser alterado para cima ou para baixo, conforme os locais de implantação a necessidade de pontes, se sobre o solo diretamente, ou suspenso.

O coordenador do projeto apresentado por Campos se baseou em estudos anteriores sobre origem e destino de usuários (passageiros) entre os diversos bairros e distritos da área urbana de Campos.

Uma das pontas da linha, em qualquer uma das versões, mais completa ou alternativa é na margem esquerda do Rio Paraíba do Sul em Guarus ligando a área central do município.

As estações servirão de baldeação, naquilo que os técnicos chamam de intermodalidade, onde um sistema alimenta o outro de ônibus e vans. Assim, conforme o fluxo de passageiros, elas podem ser maiores ou menores.
Características do carro do aeromóvel
Os carros (trens) usados no aeromóvel tem cerca de 25 metros de comprimento e um custo de R$ 1,4 milhão cada com capacidade de transporte de 26 mil passageiros por hora.

O aeromóvel funciona e se movimenta com um sistema de ventilação e sucção e tem sido considerado numa relação custo-benefício, mais eficiente que os ônibus em BRTs, os monorails e metrô que é o sistema mais caro de transporte.

O prazo de implantação do sistema pode ser curto. Em Jacarta, Indonésia, onde ele foi primeiramente instalado, com seis estações, aconteceu em apenas oito meses. Porém, nos casos que há necessidades de desapropriações, ou, sua construção se dá sobre rios, ou que necessitam ser subterrâneos, os prazos, naturalmente, são mais dilatados.

Projeto semelhante do aeromóvel já está sendo implantado em Porto Alegre. Outro foi aprovado com apoio do governo federal para o município fluminense de Nova Iguaçu, onde estão previstas três linhas, com a primeira a ser implantada com 4,5 km e um total de 8 estações.

Professor Mac Dowell defende com veemência o aeromóvel

O professor Fernando Mac Dowell em palestra em agosto último, no Fórum de Mobilidade Urbana do Rio de Janeiro, no Clube de Engenharia disse que o sistema do aeromóvel pode revolucionar o transporte de massas no Brasil. 

“O aeromóvel é um veículo que não possui motor e, por isso, é cerca de quatro vezes mais leve que o metrô. O metrô pesa 36 toneladas, o aeromóvel pesa oito, o que faz bastante diferença no dia a dia dos usuários e no tempo de construção”.

“O aeromóvel que opera na Indonésia há cerca de 23 anos, com tecnologia inteiramente criada no Brasil, por pesquisadores brasileiros, e que só agora está sendo adotado em nosso país, em Porto Alegre, com a perspectiva de ser implantado brevemente em Nova Iguaçu, como medida para evoluir o transporte de massas. Somos pioneiros. O aeromóvel na Indonésia já transportou mais de 90 milhões de pessoas sem nenhum custo social – acidentes, descarrilamentos etc. - a obra foi feita em oito meses, ou seja, em pouco tempo, e conta com seis estações. Ainda atende a uma área pequena, mas já é sucesso absoluto porque o custo é baixo e a população está satisfeita”.

Ainda, em agosto no Clube de Engenharia o professor Mac Dowell disse ainda que: “em comparação com outros tipos de transporte, o aeromóvel é notavelmente o mais viável. Entre cinco opções, contando com o metrô, o BRT é o menos viável em todos os sentidos. O aeromóvel tem o melhor projeto, inclusive economicamente. O alto volume de desapropriações de casas e imóveis que, em geral, acontecem nas cidades para que o BRT seja construído”.

O blog volta a comentar o assunto saudando que, finalmente, a prefeitura de Campos tenha pensado numa solução mais consistente e de maior amplitude para o transporte público e de massa no município, aproveitando a oportunidade insistida nos dias 18 (ver aqui) e 23 de julho (ver aqui).

Resta torcer para que a proposta possa ser viabilizada a um custo similar a que tem sido implantada em outros municípios e com a perspectiva de ser viabilizada num espaço de tempo razoável e com a maior extensão, aproveitando os recursos do governo federal e a contrapartida local a ser bancada com os recursos dos royalties como sempre defendemos. 

Seria bom que setores ativos da sociedade pudessem participar do debate sobre o projeto, seu traçado, seus custos, divisão em etapas, tarifas, etc. Mais uma vez, o blog traz as informações para forçar este debate. A conferir!

Etapas e datas do Edital do PAC Mobilidade do governo federal

6 comentários:

Anônimo disse...

Excelente debate e, excluindo a possibilidade de custar o dobro por aqui e demorar quatro vezes mais para ser concluído, é um excelente meio de transporte.
Jacarta é uma cidade grande com mais de 18 milhões em sua volta. Produz imagens de transportes como esta onde pessoas se empilham nos trens: http://www.noticiasrss.com.br/Post/Default.aspx?id=323436

O aeromóvel é mais adequado aqui do que lá pois é limitado em sua capacidade de transporte.

O caminho natural, na minha modesta opinião, é vir de Guarús pelo mesmo caminho percorrido pelos trilhos da FCA e alcançar a antiga estação. Dali seguir por cima da ciclovia da 28 de março até o fim, onde desceria para o nível do chão projetando uma expansão em direção à baixada e tambem ao CEPOP/UENF, projetando uma futura expansão para ambos os lados com ligações intermodais para o Açu e Farol.
Não conheço o projeto e seria interessante que ele pudesse ser apresentado à população para se discutir estações, trajeto, prioridades etc.

Anônimo disse...

Duvido que haja opinião da população nesse projeto.

Roberto Moraes disse...

Parece arrogância tecnocrática que julga possuir saber para decidir sobre o que é melhor para a população.

Anônimo disse...

É evidente que a população tem a contribuir no projeto, quando não muito, sinalizando as suas preferências de prioridade de atendimento, estações, etc. Afinal, ela utilizará o sistema.
Se o nobre comentarista das 10h37min não sabe, existem técnicos capacitados em transporte, urbanistas e muitos profissionais que se interessam e tem a contribuir com a cidade.
Não se engane: a população sabe o que quer e faz as suas escolhas. Até quando diz que não quer escolher.
Sds

Anônimo disse...

O povo do "cabrunco" que escarra no chão, que joga "bituca de cigarro" e que defenestra a qualquer momento nao possui base educacional para adentrar nesse possível futuro.

Carlos Bacelar disse...


Roberto,
já enviei ha pouco tempo esse site sobre o trem suspenso de Wuppertal, na Alemanha.
Veja quando foi construído!
Essa é a solução lógica.
Esse é um bom debate.
Abraços,
Carlos Bacelar

http://theurbanearth.wordpress.com/2009/10/17/o-trem-suspenso-de-wuppertal-alemanha/