terça-feira, outubro 02, 2018

Matrículas no Ensino Superior do ERJ se estabilizam: 40 dos 92 municípios possuem graduação

Nos últimos anos, o blog, com o auxílio do professor José Carlos Salomão Ferreira, vem publicando os dados e indicadores do Censo do Ensino Superior nos municípios do ERJ.  [1] [2] [3] [4]

Com os microdados extraídos da base de informações do Inep/MEC, no Censo do Ensino Superior de 2017, eles contabilizam o número de matrículas em cursos de graduação presencial. A partir deles se chegou à informação de que o ERJ possuía em 2017 um total de 570,1 mil graduandos.

Este volume é pouco inferior ao total do ano anterior que foi de 571,1 matrículas, em 40 dos 92 municípios fluminenses. É um número expressivo (meio milhão de matrículas) que foi atingido no ano de 2008 com a expansão promovida nos governos Lula 1 e 2, mas no ERJ foi no ano de 2015, que ele atingiu o seu pico com um universo de 573,2 mil matrículas distribuídas em cad avez mais municípios.

Interessante observar que apesar de toda a crise financeira e fiscal da União e do ERJ estes números se equilibram. As instituições públicas com os campi das universidades e institutos federais tem responsabilidades grande nisso, apesar de terem apenas 27,4% das matrículas contra 72,6% das instituições privadas.

No Censo do Ensino Superior anterior (2016) essa relação era de 26,1% x 73,9%. Portanto, uma evolução de 1,3% das matrículas nas instituições públicas em 2017.

Enquanto as instituições públicas ampliaram em aproximadamente 6 mil matrículas indo para 156,3 mil graduandos, as instituições privadas perderam, praticamente, o mesmo número de matrículas caindo para 414,2 mil graduandos. Com esta evolução em 2017, as instituições públicas no ERJ atingiram o maior número absolutos de matrículas desde 2003 com 156.382 matrículas.

Vale observar essa evolução. Porque elas acontecem apesar da redução significativa dos investimentos e custeios para essas instituições públicas, após o golpe político em 2016.

Assim, muitos cursos estavam apenas começando e dessa forma deram sequência com novos semestres e entradas de novos alunos fazendo que continuasse a crescer o número total de graduandos nestas instituições púbicas.

Por parte das instituições privadas, a redução da oferta do FIES, além do menor interesse dos jovens com os cursos pagos, diante da falta de empregos, ajudam a explicar a primeira redução do número de matrículas desde 2003 nas instituições privadas.

Abaixo o blog publica duas tabelas elaboradas pelo professor Salomão. A primeira mostra a evolução de 2003 a 2017 das matrículas nestes 41 municípios fluminenses. A segunda tabela mostra a evolução entre 2003 e 2017 do total de matrículas entre as instituições públicas e privadas no ERJ.



Ainda na primeira tabela se vê que a capital, Rio de Janeiro, ainda segue concentrando a maior parte das matrículas com 311 mil matrículas, equivalentes e 55% do total. Uma concentração extraordinária.

Nas demais posições não há alterações em relação ao censo do ano anterior: em 2º lugar está Niterói com 61.380 matrículas; 3º lugar: Duque de Caxias com 21.842 matrículas; 4º lugar: Nova Iguaçu: 24.650 matrículas e 5º lugar Campos dos Goytacazes com 19.800 matrículas.

Estes números mostram ainda a concentração da oferta de matrículas do ensino superior na região Metropolitana Fluminense que chega a quase 80% do total do ERJ.


Nº de matrículas no interior apontam polos por região
Ainda assim, vale destacar que alguns novos polos de ensino superior estão se desenvolvendo - se estabilizando e adensando - com o correr do tempo, para além de Campos dos Goytacazes.

Nesta linha vale destaque a quantidade de matrículas de alguns municípios do interior: Volta Redonda com 14,4 mil matrículas; Petrópolis com 11,2 mil matrículas; Macaé com 9,5 mil matrículas; Cabo Frio com 9,5 mil matrículas e Itaperuna com 8 mil matrículas.

Estes números apontam para novos polos de ensino superior no interior do ERJ. Eles mostram uma dinâmica que se espalhou - e vem se mantendo - apesar da crise econômica e fiscal no governo do estado e vários municípios fluminenses.

Num olhar ainda um pouco mais amplo, se percebe que os polos foram se ampliando para municípios vizinhos, dentro dento de suas regiões no ERJ. No caso da região Serrana, além de Petrópolis com 11,2 mil matrículas, há Nova Friburgo com 6,7 mil matrículas e Teresópolis com 4,2 mil matrículas.

Na região Sul para além de Volta Redonda com 14,4 mil matrículas, se registra Barra Mansa com 6,8 mil matrículas; Resende com 6,1 mil matrículas; Vassouras com 3,4 mil matrículas e Valença com 2,7 mil matrículas.

Entre os municípios de Campos, Cabo Frio e Macaé se vê Rio das Ostras com 2,7 mil matrículas. Juntos, estes 4 municípios da região Metropolitana do Petróleo possuem 41,6 mil matrículas. Um número significativo.

No Noroeste Fluminense, além de Itaperuna com 8 mil matrículas tem Santo Antônio de Pádua com 1,7 mil matrículas e Bom Jesus do Itabapoana com 812 matrículas.

Porém, há que se realçar que diferente da quantidades de matrículas do ensino superior nestes municípios, o desenvolvimento do tripé da academia "Ensino-Pesquisa-Extensão" ainda é relativamente baixo, mesmo que crescente.

Em sua maioria quase esmagadora, com raras exceções, as atividades de extensão e pesquisa estão vinculadas às instituições públicas com as universidades e institutos federais em seus vários campi.

Além disso, a análise desses números merecem ser observadas sob outras dimensões. Por exemplo, sob o ponto de vista do que estas instituições podem estão trazendo de dinamismo econômico-social, para além da economia que movimentam com os fluxos de pessoas entre os municípios, com os salários de professores e técnicos das instituições e com as despesas de manutenção cotidiana dos alunos nas economias locais destes municípios-polo de matrículas do Ensino Superior.

Porém, esta é uma tarefa mais ampla e se relaciona com outros setores econômicos e circuitos regionais ligados à economia e aos arranjos populacionais do Estado do Rio de Janeiro. Assunto que  temos procurado abordar com frequência aqui no blog.

Voltaremos ao assunto. Enquanto isso, o blog libera estes dados e indicadores para os pesquisadores e estudiosos que assim deixarão de ter que trabalhar a base do microdados do Inep/MEC na coleta, organização e uma primeira interpretação que servem às investigações os temas de educação, gestão pública, desenvolvimento regional, ERJ, etc.


Referências:
[1] Postagem do blog em 23 set. 2018. Apesar da crise, as matrículas no ensino superior em Campos se estabilizam em 20 mil graduandos. Disponível em: https://www.robertomoraes.com.br/2018/09/apesar-da-crise-as-matriculas-no-ensino.html

[2] Postagem do blog em 8 de dez. 2017. Entre 2003 e 2016, as matrículas no ensino superior no ERJ cresceram 36%. Nas instituições públicas cresceram (82%). Mais de três vezes que (25%) o crescimento nas instituições privadas. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2017/12/entre-2003-e-2016-as-matriculas-no.html

[3] Postagem do blog em 11 de nov. 2017. Censo do Ensino Superior 2016: Campos com 19,8 mil universitários. E a qualidade? Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2017/11/censo-do-ensino-superior-2016-campos.html

[4] Postagem do blog em 8 ago. 2015. Cabo Frio, Macaé e Itaperuna são polos de ensino superior, embora região metropolitana ainda concentre 80% das matrículas no ERJ. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2015/08/cabo-frio-macae-e-itaperuna-sao-polos.html

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