sexta-feira, novembro 28, 2014

Saúde cá e lá. É preciso enxergar as dificuldades e continuar avançando

O sistema de saúde espanhol, independente da crise econômica e da redução de diversos serviços e restrições é ainda um dos melhores da Europa. Porém, a crise faz com que diversos leitos de hospitais sejam suprimidos, setores de cirurgia fechados e centralizados, etc., tudo sob a égide da tal redução de gastos públicos.

Fui a dois bons hospitais universitários aqui em Barcelona para ver informações para minha filha Nina. Em ambos vi sinalizações das manifestações e resistências com cartazes denunciando rescrições de profissionais de saúde e mobilizações da comunidade resistindo contra os seguidos cortes.
Hospital Sant Creu i San Paul em Barcelona

Nesta semana, numa conversa preliminar a uma reunião, ouvindo professores da Universidade de Barcelona, eu escutei delas a informação citada por um, e confirmada por outro, que atualmente há uma fila para operações de catarata que estaria demorando, cerca de três anos. Tratamento dentário, extra-emergência com fila também superior a um ano.

Cartaz na entrada do Hospital
Sant Creu i San Paul em Barcelona
Assim, os esquemas de planos de saúde começam a se ampliar aqui, embora a custos bem menores, porque apesar de tudo, o setor público funciona muito bem comprado à realidade do sistema híbrido público-privado que conhecemos.

Interessante observar como no mundo contemporâneo as realidades parecem tentar se convergir para mais ganhos daqueles do andar de cima e arrocho geral aos de baixo.

Aqui um estado de bem-estar social criado a duras penas, depois de meio século vai sendo tirado, não sem resistências, enquanto nos países do sul a inclusão social aumenta, embora tentem impedir de todas as formas que o estado de bem estar social possa um dia ser realidade.

Os problemas e as reclamações sobre a deterioração do sistema público de saúde são grandes em toda a Espanha, governada pelo partido de centro-direita, PP.

Paradoxalmente, enquanto corta o governo faz cortes que atinge a população de outro, graves denúncias sobre desvios na área, causou nesta semana, a demissão da ministra da Saúde, Ana Mato, depois de meses com diversas denúncias não respondidas e acusações de enriquecimento ilícito.

Assim, mesmo que ainda em realidades bem distintas o que se percebe é uma tendência à convergência. Ou não? Não sei, penso alto aqui neste espaço.

A história não está dada. Ela é construída todos os dias até virar memória e processo histórico. Precisamos estar de olhos bem abertos e sem cataratas, para enxergar a realidade que tentam nos turvar, embotando a mente e a visão.

Cartaz de reclamações no Hospital Universitário de Bellvitge em Barcelona

Nenhum comentário: