quarta-feira, fevereiro 21, 2018

"O mundo está prestes a enfrentar o surgimento de uma superpotência de petróleo da América Latina que terá peso sobre os preços mundiais"

A afirmação foi feita ontem pelo analista-articulista Matthew Smith do site especializado no setor de petróleo e gás, OilPrice.com. no artigo cujo título é: "Quando o boom do Petróleo do Brasil começar ele pesará sobre os preços do petróleo" (Brazil’s Coming Oil Boom Will Weigh On Oil Prices) que pode ser lido aqui.

No texto Smith faz uma série de considerações pelas quais passa o setor de petróleo no Brasil, aos olhos dos investidores globais do setor para chegar à conclusão, pela qual temos repetida vezes batido aqui neste espaço, com as considerações das oscilações de fase que passamos a chamar de ciclo petroeconômico e suas consequências em várias dimensões. 

Com a imensa reserva do pré-sal (ver aqui artigo do blog -19 fev - sobre as reduções de custos da produção offshore) que Smtith chama de "cinturão", o Brasil se tornou um grande player (jogador) entre os países produtores de petróleo passará a interferir nos preços mundiais do barril de petróleo a partir do seu aumento de produção.

Segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) - que apesar do nome atua favorecendo as petroleiras privadas estrangeiras - até o ano de 2021, o Brasil terá investimentos no setor, da ordem de US$ 95 bilhões. Dinheiro a ser alocado entre outros, em 19 plataformas, que devem entrar em operação neste período. Sendo que 12 já estão contratadas e em fase de construção e outras 7, sendo encomendadas.

Smith, no texto do OilPrice cita a euforia das players petroleiras: Shell, Esso, Statoil e Chevron. Todas ampliam seus negócios e vieram para o pré-sal e estão cada vez mais alvoraçadas e dizem que os"baixos custos operacionais dos campos de petróleo pré-sal são extremamente atraentes para as empresas de petróleo em um ambiente operacional onde o preço do barril (brent) está negociando em torno dos US$70 por barril". 

Mathew detalhas ainda as razões da euforia da Shell que hoje já produz 400 mil bpd no Brasil e caminha para ter até o final do ano, uma produção de meio milhão de barris por dia. Smith confirma que a Shell relata que "no campo de Libra, que começou a produção em novembro de 2017, já esta estimando um custo de produção (break-even /ponto de equilíbrio) de apenas US$20 por barril.

Nos argumentos usados por Smith para reafirmar o potencial do Brasil como "superpotência de petróleo" ele cita "a estimativa da ANP que que só a produção sozinha de petróleo do campo Libra atingirá 1,4 milhão de barris por dia", o que hoje seria metade de toda a nossa produção.

Tudo que cansamos de dizer aqui neste espaço, denunciando a entrega vil destas enormes riquezas, assim como das instalações de infraestruturas já prontas, como a das malhas de gasodutos. 

No Brasil ainda há muita gente colonizada que precisa ouvir especialistas estrangeiros para entender o que aqui se passa. Há pelo menos seis/oito anos, nós repetimos aqui no blog, nos relatórios de pesquisas e em debates, em diversos espaços, que para o bem e para o mal, com a descoberta do pré-sal, o país tinha entrado na rota e nos riscos da geopolítica do petróleo. 

Na ocasião parecia exagero. Porém, hoje, o golpe político e o entreguismo vil de nossas riquezas, com a dilapidação de nossas oportunidades, escancaram aquilo que antes era apenas uma leitura do cenário. Muito de tudo isto que está sendo dilapidado deve retornar aos seus verdadeiros donos. 

Os imbróglios e a luta serão gigantescos, mas como disse, diante do potencial descoberto em 2006 e que começou a ser melhor avaliado e mensurado em 2010/2011, nada ficaria como antes. 

5 comentários:

GUSTAVO HORTA disse...

PARECE PIADA, MAS O TRIPLEX É DO MORO: E lá se foi a Petrobras, a indústria naval, empregos e a Democracia
> https://gustavohorta.wordpress.com/2018/02/02/parece-piada-mas-o-triplex-e-do-moro-e-la-se-foi-a-petrobras-a-industria-naval-empregos-e-a-democracia/

PARECE PIADA , MAS NÃO É….O TRIPLEX É DO JUIZ MORO!!!!!

“QUEM ALARDEIA A MORALIDADE DIFICILMENTE A PRATICA”

QUE MERDA VIROU NOSSA PÁTRIA AMADA.
A HISTÓRIA VAI COBRAR A NOSSA OMISSÃO E O NOSSO SILÊNCIO.
NOSSOS FILHOS PAGARÃO CARO PELA NOSSA PREGUIÇA E LETARGIA.
SEM PERDÃO.
COMO ALGUNS DE NÓS PUBLICAMOS HÁ ALGUNS ANOS, ANTES MESMO DO GOLPE CONTRA A DEMOCRACIA BRASILEIRA, TUDO O QUE ELES MAIS QUERIAM ERA O PRÉ-SAL, ERA O FUTURO DA NAÇÃO BRASILEIRA.

gustavohorta.wordpress.com

Aurelio Martuscelli disse...

Excelente matéria, traz ao leigo no assunto as informações necessárias para o entendimento de que nós, povo brasileiro, manipulados pela mídia comercial, ficamos na escuridão, quando uma empresa que poderia gerar tantos empregos e recursos para seus reais proprietários, têm agora um pequeno quinhão que, ao meu ver, sequer será repassado para a saúde e educação, como previsto pelo governo legítimo, derrubado com essa finalidade: vender todo o patrimônio rentável público às multinacionais, preferencialmente às norte americanas, dado todos os recursos que esse país, através de suas inúmeras agências de espionagem, contribuiu para o golpe parlamentar, travestido de impeachment.

Santiago disse...

Comentário bem pequeno e em vão, vendo esta matéria fica muito facil entender porque tem que prender o Lula, ( unica pessoa capaz de reverter essa diarréia)

Wagner disse...

Sou funcionário da Petrobras há mais de 10 anos e não sou contra as petroleiras estrangeiras explorarem o petróleo brasileiro. Desde que paguem seus impostos taxas que mal tem? Vamos ficar dependendo da boa vontade do governo e da Petrobras em explorar estes recursos? Que venham as estrangeiras, que aumente a concorrência e que a Petróleo Brasileiro mostre que é capaz de enfrentar a batalha.

Roberto Moraes disse...

Este argumento é frágil demais para defender que uma petroleira gastou, explorou e descobriu tamanha reserva venha agora, entregar, a preço vil, os seus ativos para aumentar a concorrência. Me desculpe, este argumento não faz nenhum sentido a não ser a defesa de um grande negócio para estas petroleiras.

Nenhuma destas players fazem isto no mundo. Esta visão que o bom é o que vem de fora, sem reconhecer a expertise da Petrobras que levou à descoberta desta maior fronteira de petróleo descoberta na última década (com seis dos dez maiores campos) reforçam os argumentos aqui apresentados.

Hoje, de posse destes ativos, entregues a preço vil - e na fase de colapso do ciclo de preços do barril de petróleo - todas estes players das IOCs( International Oil Corporation), elas apresentam mundo afora e para seus acionistas as conquistas aqui obtida por decisão de um governo golpista, sem gastar um centavo com os riscos exploratórios que foram bancados pela expertise em exploração offshore e águas ultra-profundas da Petrobras, quando, por aqui mesmo se dizia que a concepção geológica desta reserva, era apenas uma miragem.

Hoje, a Shell, Esso, Statoil e Total estão aí comemorando e divulgando mundo afora o acesso a estas reservas por bagatela de preço, entregando aos colonizados os espelhinhos, tal como fizeram os portugueses com os índios ao chegarem aqui em 1500.

Os mesmos que diziam isto antes, agora estão aí a apoiar e ganhar dinheiro em consultoria para entregar a preço vil estes ativos, sob o argumento de que o petróleo em breve perderá serventia. Um outro argumento fajuto e entreguista.

A matéria do site internacional OilPrice.com a que cito na matéria mostra claramente como o Brasil se transformou em cobiça por conta de geopolítica do petróleo, já pensando em termos de ciclo petro-econômico, tema que já esmiucei aqui em diversas postagens do blog para explicar o que ocorre em várias dimensões quando há inflexões de fases deste ciclo.

Se desejar ter acesso sobre este tema que mostra este processo é só colocar como palavra-chave "ciclo petro-econômico" e o nome do blog que as postagens ficam acessíveis.

Além disso, ainda para aprofundar com argumentos técnicos-econômicos, sobre as estratégias escolhidas pela Petrobras da atual diretorias, eu penso que vale ler o que escreveu o geólogo Luciano Seixas Chagas nesta entrevista ao portal especializado em notícias do setor, PetroNotícias no último dia 12 de março:

https://petronoticias.com.br/archives/109222


Sds.