segunda-feira, fevereiro 19, 2018

Produção global de petróleo offshore voltou a ser altamente atrativa. Ela hoje equivale a 25%, enquanto o xisto representa apenas 7%. E o Brasil segue entregando parte de sua joia da coroa


Mesmo diante da enorme expansão da produção do petróleo e gás de xisto (tight oil e shale gas), a atual produção em todo o mundo equivale a apenas 7% do fornecimento global de petróleo que hoje está em torno de 98 milhões de barris por dia.

Enquanto isto, a produção offshore hoje possui mais de 25% (um quarto) da atual produção mundial. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE) e a consultoria Rystad Energy. Em 2015, este percentual da produção offshore no mundo chegou a 29%.

As primeiras explorações de petróleo no mar ocorreram na última década do século XIX, nas costas marítimas da Califórnia na última década do século XIX (1897). Só depois em 1911, a exploração offshore caminhou para o Golfo do México nos EUA e para Lago de Maracaibo na Venezuela. [1] Porém, nestes mesmos locais, foi só entre as décadas de 30 e 50, que a produção de petróleo offshore ganhou estrutura com as empresas Shell, Exxon, Texaco e AGIP.

Produção de petróleo offshore no mundo entre 2005-2015.





















Em 2015, cinco países forneceram 43% da produção total de petróleo offshore: Arábia Saudita, Brasil, México, Noruega e Estados Unidos. A Arábia Saudita produzia 13% de toda a produção mundial offshore, enquanto o Brasil produzia quase 10%. [2]

Para a surpresa de muitos o maior produtor offshore de petróleo no mundo é a Arábia Saudita, embora, em águas rasas no Golfo da Arábia. (Veja mapa abaixo). Em águas profundas, o Brasil é disparado maior produtor mundial.

Mapa campos petróleo da Arábia Saudita [2]
É provável que até 2020, o Brasil com as novas unidades de produção que está para entrar em funcionamento este ano e ano que vem, o país já tenha superado a produção offshore da Arábia Saudita. 

Além destes países, produzem petróleo no ambiente offshore pelo mundo como a como Holanda, Reino Unido, Rússia, China, Angola, Nigéria, África do Sul, entre outros.

No boom de preços do barril de petróleo, entre 2007 a 2014 (em especial de 2010-2014, em quatro anos quando o barril de petróleo esteve, pela primeira vez na história de forma seguida com preço acima de U$ 100), os investimentos nos projetos offshore e de água profunda cresceram, como foi o caso das reservas do pré-sal no Brasil.

Em 2014, ainda na fase de boom dos preços do barril de petróleo, antes da inversão da fase do ciclo petroeconômico, os investimentos globais somente em projetos em ambiente offshore totalizavam US$ 335 bilhões.

Com o aumento do preço médio do barril de petróleo no mundo, a significativa redução de custos das empresas petrolíferas (estatais e privadas) que atuam no ambiente offshore, em 2018, há projetado investimentos globais de US$155 bilhões para ser aplicado em 40 novos projetos já aprovados. Quantidade de projeto que é bem superior aos 29 projetos de 2017 e apenas 14 no fatídico ano de 2016 para o setor.

Segundo vários analistas, a maioria dos novos projetos offshore são de menor porte e custos para uma produção média de 42 mil barris de petróleo por dia. Shell e a Statoil já anunciaram retomadas de projetos offshore, por conta desta nova realidade dos baixos custos obtidos no desenvolvimento dos projetos offshore, incluindo os de água profunda, que fez com que houvesse enorme redução do ponto de equilíbrio (break-even) nos mesmos.

Consultorias do setor respeitadas em todo o mundo como a WoodMac e a Rystad Energy preveem já em 2018, uma “feroz disputa” entre empresas estatais (NOC - National Oil Corporation) e as petroleiras privadas (IOC (International Oil Corporation) por oportunidades na exploração offshore, e de forma especial citam os recursos da reserva do pré-sal no Brasil, onde a economia e a redução dos custos de produção é referência para todo o mundo. [3]

É neste quadro que há que mais uma vez lamentar e repudiar o fato da Petrobras estar entregando a preço vil esta joia da coroa, como já aconteceu com o campo de Carcará no Pré-sal, entregue para a Statoil, entre outros.

A nível mundial hoje já se estima que esta economia de custos nos projetos offshore cada vez concorrem mais com os projetos de xisto dos EUA, a ponta das grandes players petrolíferas privadas considerarem que podem lucrar, hoje, mesmo com o barril de petróleo na faixa dos US$ 60 dólares, quanto elas lucravam até 2014, quando o barril do petróleo estava a US$ 100.

Isto era previsível e comentamos aqui no blog e em nossas pesquisas. Bastava compreender as consequências das duas diferentes fases do ciclo petroeconômico em suas diferentes dimensões.


Referências:
[1] MORAIS, José Mauro. Petróleo em águas profundas Uma história tecnológica da PETROBRAS na exploração e produção offshore. Ipea, 2013. Disponível em:  http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/livros/livro_petrobras_aguas_profundas.pdf

[2] Fonte: Oil & Gas 360. Offshore Oil Accounted For 30% Of Global Output In 2015Publicado pelo portal Oil Price em 26 out. 2016. Disponível em: https://oilprice.com/Energy/Crude-Oil/Offshore-Oil-Accounted-For-30-Of-Global-Output-In-2015.html

[3] PARASKOVA, Tsvetana. Offshore Oil Is Poised For Significant Growth. Fonte: OilPrice,com em 19 Fev. 2018. Disponível em: https://oilprice.com/Energy/Crude-Oil/Offshore-Oil-Is-Poised-For-Significant-Growth.html

Um comentário:

Anônimo disse...

O grande rombo destes golpistas está se perpetuando no país!