quinta-feira, setembro 19, 2019

A geopolítica da reeletrificação e as transformações no território

Divulgação acadêmica. Artigo "A geopolítica da reeletrificação e as transformações no território" foi publicado no livro "La electricidad y la transformación da la vida urbana y social", editado pela Universidade de Barcelona/Geocrítica, junto ao CIDEHUS, em comitê formado também por pesquisadores da Universidade de Évora. 

O livro compêndio é resultado das participações e discussões que aconteceram no V Simpósio Internacional de la Historia la Electrificación, realizado entre os dias 6 e 11 de maio de 2019, em Évora, Portugal. 

A edição foi organizada pelos professores Horácio Capel e Miriam Zaar do Departamento de Geografia da Universidade de Barcelona. Aqui neste link pode ser acessado a apresentação, introdução, mais o índice dos 43 textos publicados, junto das considerações finais. 

O texto de minha autoria A geopolítica da reeletrificação e as transformações no território, capítulo 1 (p.16-36) pode ser acessado no link abaixo:
http://www.ub.edu/geocrit/Electricidad-y-transformacion-de-la-vida-urbana/RobertoPessanha.pdf

Além disso, disponibilizo abaixo uma espécie de resumo (introdução) do referido artigo, assunto que já comentei aqui no blog em algumas postagens. Junto fecho com uma das figuras do artigo. A figura 5 (p.24), um esquema gráfico sobre as "estratégias de reprodução no capitalismo contemporâneo a partir das frações".


A geopolítica da reeletrificação e as transformações no território 

Esta comunicação tem o objetivo de chamar a atenção para o processo de expansão da eletrificação no mundo a partir de um uso mais intenso da energia elétrica como parte dos renováveis desde sua geração até seu uso na produção industrial, utilização predial, nos serviços e área cultural. As energias renováveis consistem em fontes de energia geradas a partir de processos e recursos naturais continuamente reabastecidos em uma escala de tempo humana e incluem a energia solar, calor geotérmica, energia eólica, energia das marés, energia hídrica (água), além de várias formas de bioenergia (biomassa), sendo parte da geração elétrica também oriunda dos renováveis. De modo mais recente e gradualmente mais amplo, a eletrificação se amplia nos transportes, incluindo entre esses a frota mundial de veículos rodoviários, trens e caminhões, e, em um futuro mais à frente, também os navios e aviões. 

Com o objetivo de apresentar elementos para uma primeira análise sobre as possíveis mudanças na geopolítica da energia e de sua relação com a produção social do espaço, a pesquisa se funda na interpretação que o professor Elmar Altvater faz sobre a evolução do capitalismo lubrificado pelo petróleo em seu livro O fim do capitalismo como o conhecemos (2010), no conceito de frações e movimentos do capital sobre o espaço nas leituras de David Harvey (2013 e 2018), Allen Scott e Michael Storper (2018), e ainda nos processos de urbanização e globalização decorrentes dessas relações, nos estudos de Saskia Sassen (2005). 

A investigação, a fim de construir análises e interpretações, utiliza basicamente o exame documental, apropriando-se de estudos, relatórios e informações de várias fontes governamentais, institutos de pesquisas, universidades, sociedade civil, mídia e redes sociais. Consistindo de um processo já em curso no centro capitalista, a denominada reeletrificação necessita ser melhor conhecida no que se refere aos aspectos que envolvem as transformações decorrentes dessa migração energética sobre a organização do território e sobre a urbanização. Em virtude disso, o texto aborda a evolução histórica que resulta no conceito de reeletrificação, identificando-o com a migração energética, os efeitos sobre a geopolítica, a demanda de novos e intensivos capitais, o uso dos transportes e a interferência nos circuitos econômicos que produzem o espaço e o urbano. A geopolítica da reeletrificação e as transformações no território.

As conclusões, mesmo que parciais, apontam para uma profunda contradição entre a neoeletrificação e a vigente enorme exclusão da eletrificação em regiões específicas do mundo. A organização de novas e avançadas tecnologias de produção e uso de energia que tendem a transformar mais ainda os circuitos econômicos e as aglomerações urbanas em várias regiões do mundo convive, na atual conjuntura, simultaneamente com comunidades que, um século depois, ainda não têm acesso a esse serviço público considerado básico. Fato que vem reforçar a atualidade da interpretação sobre o desenvolvimento desigual e combinado no mundo. Além disso, observam-se similaridades do presente com o uso inicial da eletricidade na Europa e nas Américas (século XIX), tendo sido, apenas posteriormente, estendida de forma gradual às demais nações do mundo. As investigações identificam, além do mais, que a migração energética – com a “neoeletrificação” – já começou a produzir efeitos sobre a organização e o desenvolvimento dos circuitos econômicos, com importantes repercussões sobre as metrópoles e as cidades. 

PESSANHA, 2019, P.24. A geopolítica da reeletrificação e as transformações no território. 

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