quinta-feira, setembro 26, 2019

A atual disputa de exportações de soja para a China, entre EUA x Brasil, mostra a realidade sobre como funcionam os interesses comerciais aliado à geopolítica


A guerra comercial EUA x China embute questões que não trata exatamente de questionamentos sobre práticas comerciais chinesas, como se tenta passar para incautos, que não possuem elementos para compreender as estratégias da geoeconomia no mundo atual.

Os EUA de Trump, com seu “América First” (Primeiro a América), tem interesses mais simples, objetivos e fáceis de serem observados no campo das exportações agrícolas (agronegócio), onde os EUA disputam com o Brasil um imenso mercado mundial.

Exportação de soja no Porto Paranaguá, PR. Globo Rural
Vamos aos dados da Administração Geral das Alfândegas da China divulgados pela agência Reuters: agora, em agosto, os EUA exportou 1,68 milhão de toneladas de soja para a China, volume 84% acima do que havia sido exportado em julho último, e pasmem, seis vezes mais (265 mil toneladas) do que havia exportado em 2018.

Como todos sabem, o Brasil é ainda o maior exportador de soja do mundo, tendo os EUA em segundo lugar e a Argentina em terceiro. Porém, os EUA disputa muito de perto com o Brasil a condição de maior produtor mundial de soja.

Num primeiro momento da contenda comercial entre EUA e China, o Brasil levou alguma vantagem e ampliou a sua venda de soja aos chineses e chegou a exportar na safra 2017/2018, um total de 83,6 milhões de toneladas de soja em grão.

Agora, com as “compras amigáveis” que a China está fazendo dos EUA, como parte do acordo pós disputa, em troca de outras concessões com a venda de produtos chineses aos EUA, a previsão dos produtores brasileiros é que haja uma retração de suas exportações de soja.

A estimativa de queda é da ordem de 18,5%, podendo levar a uma redução das exportações brasileiras de soja que assim cairiam para 68,1 milhões, lembrando que há um ano elas chegaram a 83,6 milhões de toneladas.

Isso é geopolítica pura e na veia. Uso de pressões do estado americano a favor dos seus interesses comerciais. Não há nada de ideológico nessas ações estratégicas dos EUA.

Enquanto isso, a sabujice de Bolsonaro, Guedes e cia. Ltda., desse desgoverno, continua com a sabujice de pendurar ainda mais a dependência e a submissão aos interesses geopolíticos dos EUA.

De forma pueril, esse desgoverno - com os militares ali pendurados -, imaginam que bajulando os americanos, os EUA possam deixar algum espaço para o Brasil exercer alguma liderança regional, condição para uma espécie de “subimperialismo-dependente” que estes entreguistas bolsonarianos sonham.

O caso não difere muito do que se observa no setor de petróleo e gás, onde também o desgoverno aceitou desmontar toda uma cadeia produtiva integrada a um dos maiores mercados consumidores de derivados e combustíveis do mundo.

Assim esse desgoverno (dos ricos e para os ricos), está fatiando e esquartejando a Petrobras e entregando a preço vil, ao controle de players petrolíferas e fundos financeiros americanos que ficam assim como a nossa joia da coroa, incluindo boa parte da colossal reservas do pré-sal.

Sabujice pura que se repetiu na terça-feira no desastrado discurso do Bolsonaro na Assembleia da ONU em Nova York, EUA.

Ninguém respeita sabujos em lugar nenhum, nem em relações pessoais e familiares, muito menos nas relações globais entre estados-nação.

A nação brasileira precisa se reencontrar consigo mesmo para a retomada de um novo projeto de nação, sobre os escombros do que está sendo destruído.

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