domingo, novembro 09, 2014

O preço dos combustíveis no Brasil e na Bélgica e outras questões correlatas

Observando mesmo que rapidamente, as falas sobre o reajuste dos combustíveis no Brasil (gasolina e diesel entre 3% e 5% - ou entre 6 a 9 centavos), embora, como sempre os distribuidores e postos de combustíveis, sempre se aproveitem deste primeiro momento sobre a falta de informação para praticar reajustes maiores que depois são adequados, de passagem aqui pela Bélgica, eu fui conferir a quanto anda o preço do diesel e da gasolina por aqui.

Veja na imagem ao lado um posto da petroleira francesa Total, aqui em Bruxelas. 

Preços de combustível num posto da
Total em Bruxelas, Bélgica
O preço da placa está em euro, portanto para ver os valores em reais teremos que multiplicá-lo por 3,2. O preço do diesel está em EU$ 1,372 que equivale a R$ 4,30. O preço da gasolina mais barata a EU$ 1,537 que equivale a R$ 4,91 e da gasolina mais cara EU$ 1,599 que equivale a R$ 5,11.

Pode-se dizer que a Bélgica não é produtora de petróleo e isto é verdade. Porém, a Bélgica possui um enorme parque de refino que atende outras regiões da Europa para além do seu mercado. Sabemos que o valor adicionado pelo beneficiamento é tão grande quanto o valor do óleo cru.

Assim, a comparação entre que mostra uma valor em torno de 45% maior do combustíveis ao consumidor aqui na Bélgica, em relação ao Brasil, mostra que a nossa realidade não é ruim.

Evidente que a comparação simples dos preços dos combustíveis em dois diferentes países é algo relativamente superficial, mas, vale observarmos o que eles podem indicar.

Por exemplo, comparado aos salários. O salário mínimo na Bélgica é o mesmo praticamente dos demais países do norte europeu, França, etc e está na faixa entre EU$ 1,2 e EU$ 1,3 mil. Vale lembrar que mesmo sendo bem maior que o nosso, ele é cada vez menos respeitado com o trabalho em tempo parcial (part-time) e o emprego de imigrantes.

A taxa de desemprego aqui é de 8,5%, bem menor que outros países europeus, mas, cerca de 60% maior que a nossa brasileira.

Em época pretérita, os gurus do neoliberalismo nas terras tupiniquins forjaram o termo "Belíndia" para dizer que tínhamos no Brasil uma Índia e uma Bélgica juntas. De forma indireta, insinuava que a europeia seria o nosso sonho e a indiana algo a ser desprezado.

O tempo passou, a conjuntura é outra. A Bélgica pelo que vejo aqui sete anos depois quando aqui estive é hoje pior. Mais desigual. Menos cuidada, mais pobres e uma direita cada vez mais fascista. A Índia como nós vem avançando, na educação, na cultura, cinema, informática.

Porém, voltando à questão do preço dos combustíveis obedece mundialmente a parâmetros não bem relacionados à poder de compra. Há muitas coisas por aqui com menor preço que no Brasil e outras maiores.

O preço do combustível obedece ao preço do petróleo no mercado internacional e ao custo do refino nos diferentes países. É sobre isto que comentei. As realidades das nações são distintas em diversos aspectos, como já sabemos, entre outras pelo transporte público mais eficiente e público na maioria destes lugares. Temos muito a avançar. Temos realidade distinta da Europa que não deve ser referência, mas, não se deve deixar de observar.

Quanto ao preço dos combustíveis em relação a todo o mundo temos um preço mediano. A nossa maior empresa necessita ser melhor remunerada para fazer os investimentos de extração do óleo do pré-sal e fazer depois de 3 décadas suas 4 refinarias. No meio disto há que se cuidar da inflação.

Este é o jogo que qualifiquei como ajustável às diversas questões.O preço do nosso combustível está na média no mundo. Assim, devemos observar que o controle e a regulação do Estado brasileiro parece ser um caminho interessante com pequenos ajustes para continuar enfrentando a crise internacional, com uma inflação, senão a desejada, sob controle, e com um nível de emprego de fazer inveja a muitos países.

Sigamos em frente!

8 comentários:

Teste de blog disse...

Muito interessante a matéria... gostaria de uma ajuda, não tenho a infelicidade de estar morando em país com taxas de desemprego mais alta do que no Brasil, no caso em questão a Bélgica, más não entendo o seguinte: Brasil com situação melhor, do seu ponto de vista, do que a Bélgica quanto ao desemprego, resultado gasolina barata (comparitivo apontado neste blog), Bélgica caso inverso. Agora por etapas: Se os recursos, taxa de desemprego, etc aqui do Brasil estivesem em vigor na Bélgica os valores seriam o mesmo praticados hj aqui? quanto vale o salário mínimo ai? preciso reservar boa parte do meu salário para educação ai, assim como tenho que fazer no Brasil? da mesma forma no campo da saúde? vc tem o mesmo sentimento de segurança que tenho aqui no Brasil? Se não houvesse tanto desvio de verbas aqui no Brasil teria necessidades de reajustes? estes bilhões que evaporaram serviriam pra que? realmente é uma situação muito delicada e revoltante... somem com bilhões, aparecem várias pessoas dizendo que precisa do aumento, mas ficam aqui indagações: SE não tivesse evaporado estes bilhões pra que serviriam? qual a aplicação? pra onde vão os lucros, são usados pra quê? qual a real finalidade de uma empresa deste porte? gerar o que, pra que e pra quem? ...

Anônimo disse...

Professor com todo respeito. Mas, querer comparar as realidades de Brasil,e, Bélgica, é um tanto quanto insensato, medíocre, vejamos:

Segundo a ONU, de acordo, com o ranking que mede o IDH, de 186 países no planeta, o Brasil, está na posição 86, com IDH de 0,73. Já a Bélgica, é o 18 º melhor colocado, com 0,87, de média do IDH. Logo a grande diferença entre Brasil e Bélgica, já começa por aí

Na Bélgica, praticamente inexiste analfabetos, ao contrário do Brasil, que possui uma legião de milhões de analfabetos funcionais, de brasileiros desqualificados, que torna sua mão de obra, barata, desvalorizada

Em termos populacional e de condições econômicas, no Brasil, somente de miseráveis, temos o equivalente a 5(cinco) Bélgicas), tomando-se por dados os dependentes do Bolsa Família.

A população da Bélgica, é de aproximadamente 11(onze) milhões de habitantes. Enquanto aqui, no Brasil, para cada 4(quatro) brasileiros, (1)um está na linha da pobreza extrema, ou, miséria, segundo dados do próprio governo, em razão dos mais de 15 milhões de famílias, que dependem do Bolsa família, que somados a seus dependentes, ultrapassam 50 milhões de pessoas, que vivem com menos de 100 por pessoa/mês. E ainda, não podem ser computados como desempregados.

Como querer comparar um país tão desigual, com tantos pobres, com uma Bélgica, desenvolvida, com qualidade de vida das melhores do planeta, com renda percapta, bem superior a nossa ?

E tem mais, com o advento das tecnologias da informação, não se precisa ir, à Europa, à Asia, à Oceania, para se conseguir dados, sobre país, A, ou B. E só pesquisar informações de fontes fidedignas, confiáveis, que obteremos, os dados que desejamos.

Manoel Ribeiro disse...

Roberto, analisando uma questão estrutural, devemos também estudar a relação transporte público Vs. Preço da gasolina entre os dois países. Aqui no Brasil sabemos que carro à diesel é coisa para abonados e a grande maioria abastece seus carros com gasolina sem subsídio; Subsídio esse que deveria incentivar o transporte público, que no final das contas não atende à população, que recorre ao automóvel para deslocamento casa-trabalho-casa.

Anônimo disse...

Para um comparação mais fidedigna, é necessário levar em consideração a carga tributária dos países.

Anônimo disse...

Seria mais interessante falar no IDH, onde a Bélgica está em 21º lugar e o Brasil em 79º, atrás da Venezuela, Uruguai, Argentina e Chile. Isso já diz tudo. Querer comparar preços de combustíveis dos países como justificativa do aumento pós-eleição é puro chororó, como vc. sempre diz.

Anônimo disse...

Quer dizer então que a gasolina no Brasil está barata? Que a Petrobras pode aumentar o seu preço mais ainda? Vamos ver até aonde a inflação vai parar.

Roberto Moraes disse...

Vamos devagar e por partes.

Sim, é interessante comparar também a carga tributária entre os países.

Se conferirmos aqui por uma tabulação publicada pela wikipedia, a Bélgica tem cerca de 46% de carga tributária o Brasil, 34,4%. Evidente que os serviços públicos nos dois países são distintos e passo ao ponto seguinte.

Sobre o outro comentário a respeito do IDH, sim é válido, até para pensar o que fizeram nestes 500 anos, ou se quiser neste último século ainda de segregação da maioria da população.

Sobre o último comentário, não há por parte do blog nenhuma defesa nesta linha de aumento, apenas a nota se refere que o reajuste deve ser calibrado, tanto para permitir a empresa avançar, quanto ficar num nível suportável e não aumentar a inflação e nem o desemprego.

Estes são bons debates.

Sds

Anônimo disse...

Quanto está o preço da gasolina na Espanha professor? E nos outros países, como a Alemanha?