sexta-feira, setembro 08, 2017

No setor de petróleo, a França joga com marketing e atua explorando as neo-colônias

O hipercapitalismo pelo mundo, em meio aos discursos fragmentados e pós-modernos, segue a cartilha muito próxima do período da colonização.

Assim, a França quer parecer moderna e preocupada com o meio ambiente. Por isso, no início de julho, o governo francês anunciou que 2040 quer acabar com a venda de carros movido a diesel e gasolina.

Nesta semana, a agência Reuters divulgou que a França informou que também planeja acabar com toda a exploração e produção de petróleo em seu território e domínios ultramarinos.

Parece modernidade, mas também cheira a marketing bem ao nível da turma do seu presidente Macron. Porque eliminar produção em terras francesas não quer dizer muita coisa. Ou melhor não quer dizer quase nada.

A França produz apenas 6 milhões de barris de petróleo por ano. Isso equivale a apenas 1% do seu atual consumo. Há ainda que lembrar que a petroleira Total tem ampliado os investimentos com ativo no Brasil, onde está inscrita para a próximo leilão de áreas da ANP.

A francesa Total é também parceira da Petrobras num total de 15 consórcios de exploração/produção de petróleo no Brasil, incluindo o ativo no megacampo de Libra, no Pré-sal, da Bacia de Santos e em ativos na Nigéria, Golfo do México, etc. 

Se não bastasse, entre executivos do setor é dado como quase certa, que a francesa Total será a empresa que ficará com a poderosa BR-Distribuidora que está entre, mais uma subsidiária e vários ativos da Petrobras, que estão sendo entregues de forma fatiada ao mercado das players globais.

Ao contrário da Petrobras que desmonta sua estrutura do poço ao posto, a Total é cada vez mais uma empresa integrada e que atua nos diferentes pontos desta forte cadeia produtiva.

Desta forma, no setor de petróleo, a França, assim como outras nações centrais, jogam com marketing e seguem atuando na exploração das neo-colônias.

Ao contrário do desejo de todos, ainda teremos pela frente de 3 a 4 décadas, em que o petróleo seguirá lubrificando o capitalismo global. O resto é o velho ditado do faça o que eu digo e não o que eu faço.

PS.: Atualizado às 11:20 de 10/09/2017: A Bloomberg informa que a China repete a decisão da França e do Reino Unido e também prepara cronograma para suspender venda de veículos movidos a combustível fóssil e estimular a produção de carros elétricos. O vice-ministro de indústria e informação tecnológica da China, Xin Guobin, porém, não prevê datas. Segundo a autoridade, a China está buscando cumprir o compromisso de limitar as emissões de carbono até 2030. Da mesma forma que a França, grandes corporações petroleiras chinesas se espalham pelo mundo em projetos de exploração de petróleo, incluindo o Brasil e as parcerias com a Petrobras em vários consórcios, incluindo o campo-gigante de Libra, nas reservas do Pré-sal. Com a redução do porte da Petrobras e a enorme venda de ativos e a abertura da exploração de nossas reservas petrolíferas pela ANP, o Brasil tende a ser um fornecedor primário da commodity para os países centrais, que passam a se dar o luxo de dizer que pretendem abolir sua exploração e produção de carros movidos a carbono, daqui a 3 décadas.

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