sexta-feira, março 01, 2019

O total de ativos financeiros no mundo já supera R$ 1,4 quatrilhão (R$ 1.421.000.000.000,00)

Como eu tenho analisado e debatido aqui nesse espaço com alguma frequência, os ativos financeiros no Brasil e no mundo não param de crescer. E sempre acima da riqueza material da produção expressa pelo PIB das nações e global.

A expansão dos ativos financeiros é colossal. O blogueiro em sua pesquisa sobre a expansão do volume de patrimônio líquido dos fundos - que será objeto de uma publicação em breve -, levantou diversos dados sobre os ativos financeiros pelo mundo.

   Fonte: FSB, 2019.
Um desses documentos analisados foi do Financial Stability Board (FSB), instituição ligada ao sistema financeiro mundial e ao G-20.

Num dos relatórios do FSB, publicado no último dia 4 fev. 2019, é a oitava edição de um monitoramento anual sobre a "rede financeira de intermediação não bancária".

Entre várias outras informações e análises, um delas - e muito significativa - está reproduzida no gráfico ao lado e são referentes ao ano de 2017.

O patrimônio total de ativos financeiros no mundo administrados pelas gestoras atingiram em dezembro de 2017, US$ 382 trilhões, ou R$ 1,421 quatrilhão. Sim quatrilhão, mil vezes maior que trilhão. 1.421.000.000.000,00.

Um valor que é US$ 46 trilhões (13,7%) acima dos patrimônio do ano anterior, 2016, que foi de US$ 336 trilhões, ou R$ 1,243 trilhão. Trata-se de um valor que é cerca de 60% maior que o PIB global.

É muito dinheiro e reflete como cada vez mais o capitalismo contemporâneo, sob o domínio financeiro que captura grande parte da riqueza material vinculada à produção. Esse valor é uma violência em si.

Especialmente, após a crise de 2008-2009, estamos vivenciando, nessa última década, uma enorme concentração de capitais. Em boa parte esses capitais estão sob o domínio dos fundos financeiros, interligados ao sistema bancário mundial, aos fundos de pensão e às grandes companhias de seguro espalhadas pelo mundo. 

Tenho insistido na hipótese - que as pesquisas estão confirmando - sobre o enorme esgarçamento que está sendo promovido pelo sistema financeiro global, estabelecendo um novo padrão de acumulação que estão levando à crise da democracia ocidental e aos riscos de ruptura política.

O professor e pesquisador em economia Gerhard Hanappi da Universidade de Tecnologia de Viena, em artigo citado no site Outras Palavras afirma que o capitalismo ingressou numa fase desintegradora. 

O caos político - gerado pela baixa legitimidade e de representação - e os desastres ambientais estão  ampliando os riscos de grande conflito global, que a meu juízo se somam à maior desigualdade social e aos níveis de pobreza vinculados diretamente a o esgarçamento de ganhos do sistema financeiro global que levam a esse quatrilhão, nas mãos de cada vez menos pessoas. 

O radicalização do neoliberalismo, a retirada de diretos e o rompimento da ideia do estado de bem-estar-social estão gerando processos de ruptura nos regimes democráticos. 

Processos que levam ao surgimento de lideranças autoritárias (e fascistas) em vários lugares do mundo, inclusive o Brasil. Tudo isso tem reforçado a plutocracia e podem estar levando o capitalismo a esse processo de desintegração fruto da ganância desenfreada e dos lucros a qualquer preço.

No campo político as lideranças à direita não percebem o esgarçamento do sistema que ajudam a ampliar. Imaginam que na base da força dos exércitos se possa segurar a massa de pobres, miseráveis e imigrantes, excluídas do sistema. 

Essas lideranças inconsequentes e sem noção dos desdobramentos dos processos políticos e civilizacionais, não saberão e não terão como conter as consequências econômicas e sociais daí decorrentes. É certo que as questões não são apenas econômicas, são sociais, ambientais, culturais, etc., mas também não se pode deixar de entender mais profundamente essa dimensão. 

Ou rompemos esse processo ou os conflitos a nível global serão inevitáveis. As causas são conhecidas, mas elas podem ser interrompidas para evitar as graves consequências.

PS.: Atualizado às 23:56 e 01:02: Para alguns pequenos ajustes e acréscimos no texto.

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