sexta-feira, dezembro 27, 2019

A catequese contemporânea do deus dinheiro!

Virou moda falar em "educação financeira".

Aos incautos parece a alfabetização para chegar à riqueza como se essa pudesse prescindir do trabalho.

Os bancos, os fundos e as fintechs falam em educação financeira, como se existisse um saber possível de retirar alguém da pobreza, apenas por por ele.

Na verdade todos eles estão de olho em aumentar a captura de "rendas não bancarizadas" ou "não financeirizadas" através de papeis.

Os bancos e as gestoras de fundos estão levando a tal educação financeira para as zonas rurais, para as favelas das periferias urbanas, pequenas igrejas, etc. e agora até para povos e aldeias indígenas.

Engraçado é que reclamam que estes grupos são muitos comunitários e assim possuem dificuldades para compreender os princípios da educação financeira que querem passar, que é fundamentalmente individual, porque as pessoas - nas suas singularidades - tratam de forma distinta a relação com a riqueza e os meios de troca que é o dinheiro.

Daí se tem um exercício difícil para eles. Tirar as pessoas de suas tradições de pensar a vida mais coletivamente e não de forma individual e monetizada.

Tem-se aí uma espécie de catequese contemporânea do império do dinheiro e das finanças ampliando os ganhos e a acumulação dos capitalistas, dentro do sonho (pesadelo) de um crescimento guiado pelas finanças.

O império do capital busca estender e extrapolar as fronteiras das colônias e dos povos, a concepção mental que sustenta a abstração do valor do dinheiro como forma de manter sua hegemonia. Há limites para tudo isso!


PS.: Atualizado às 17:34: A catequese financeira visa também ao aumento do poder do império e de sua capacidade de controle quase totalizante no capitalismo contemporâneo que é hegemonicamente financeiro. Quem resiste a ele sofre o estado de exceção (Agamben).

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